Crises
do Império Soviético
No fim da Segunda Guerra Mundial a ocupação efetiva das tropas soviéticas, que se encontram entre os grandes vencedores, estendia-se a todo o Leste da Europa e à região dos Balcãs, detendo ainda o controlo político de países seus aliados, como a Polónia, a Hungria e a Bulgária.
A defesa de políticas de carácter popular e da reforma agrária, acompanhada por campanhas de propaganda e repressão concertadas, permitiu à União Soviética dominar diversos povos extremamente debilitados pelos anos da guerra e que se encontravam, nesta fase, profundamente esperançados em relação ao futuro.
Criou-se assim um bloco, territorialmente alargado, cujo regime político já tinha resistido à guerra civil, à morte de Lenine, ao pacto Germano-Soviético, à ocupação nazi, à Segunda Grande Guerra, e que sobreviveu ainda às perseguições estalinistas, à fome, ao terror, aos campos de concentração e às tentativas de autodeterminação dos povos nas suas zonas de influência.
O Bloco Soviético abrangia uma enorme extensão territorial - da qual estava no entanto excluída a Jugoslávia, que tinha cortado relações com Moscovo em 1948 - fechado ao resto da Europa e ao Ocidente, encontrando-se a Velha Europa e o Mundo divididos pela denominada "cortina de ferro".
À semelhança do Pacto do Atlântico Norte no Ocidente, a União Soviética celebrou, em 1955, o Pacto de Varsóvia, uma aliança militar com os seus estados satélites, pacto este que englobava determinadas posturas de carácter económico, que acabaram por beneficiar bastante a URSS e prejudicar gravemente os restantes países aderentes.
Estes estados satélites dispunham de regimes democráticos populares, que mais não eram que ditaduras de partido único, fechadas ao Ocidente, e sob a vigilância atenta do exército soviético que, de imediato e com extrema eficácia, reprimia toda e qualquer tentativa de liberalização ou autodeterminação. Foi o que se passou na Hungria em 1956, na Checoslováquia em 1968 - durante a chamada "primavera de Praga" - e na Polónia em 1981.
A União Soviética constituiu ainda uma larga rede de alianças na sua oposição ao capitalismo ocidental. No âmbito destas alianças, a URSS apoiou a Revolução Socialista Cubana em 1959, e a Revolução Islâmica no Irão, mantendo também relações de aliança com países de regime comunista no Oriente: caso da Coreia do Norte, Vietname, Camboja, Laos e China que, pela mão de Mao Tsé-Tung, se tornara comunista em 1949. A União Soviética mantinha ainda o seu plano de expansão do comunismo, principalmente nos países seus vizinhos, o que se comprova pela invasão do Afeganistão em 1979, bem como pelo alargamento das influências em África.
A URSS empenhou-se numa política de reforço militar, dedicando um terço do seu orçamento ao armamento, equiparando-se ao poderio bélico dos Estados Unidos, logo em 1949, com o fabrico da sua primeira bomba atómica, aproximando-se, nesta fase, do auge as tensões da Guerra Fria. O programa espacial é outra área em que a URSS se lançou em forte e direta competição com os Estados Unidos da América, processo que culminou em 1957 com o lançamento do Sputnik que leva a bordo Yuri Gagarine.
Por outro lado, nos restantes setores da economia e nas condições reais de vida, o Império Soviético foi entrando num profundo atraso e decadência. Apesar da produção industrial se poder equiparar a outros países da Europa, os bens de consumo continuavam a ser racionados, e a agricultura era deficitária apesar da variedade de recursos. Toda a engrenagem económica e comercial se encontrava profundamente limitada por um enorme centralismo. A informação não circulava e a informatização, que no mundo ocidental dava já importantes passos, era ainda incipiente.
Após a morte de Estaline, em 1953, e a subida ao poder de Nikita Krushchev, houve um desanuviamento interno, bem como um acalmar das relações com o Ocidente, no âmbito daquilo que era, nas palavras de Krushchev, uma "coexistência pacífica". Esta fase marcou uma importante viragem após a opressão e o terror que marcaram a liderança de Estaline.
Foi o próprio Krushchev que, em 1956, apresentou um relatório no XX Congresso do Partido Comunista, expondo os excessos do sistema policial, atitude que levou à libertação de muitos presos políticos e à reabilitação de diversas pessoas perseguidas anteriormente. Foi neste contexto, e após a chamada "Crise dos mísseis" de 1962, que se deu a visita do presidente Nixon a Moscovo em 1972, por ocasião de uma exposição que se realizava nessa cidade, e que colocava os moscovitas em contacto com o mundo ocidental. Foi também nesta ocasião que se falou pela primeira vez em "congelação" dos arsenais estratégicos.
Esta nova política de "coexistência pacífica" com o Ocidente foi uma prova difícil para a União Soviética, que tentou controlar a introdução de algumas novidades ocidentais com a sua adaptação ao mundo comunista, mantendo a imagem de decadência que sempre se difunde em relação ao capitalismo, e uma propaganda de sucesso - só boas notícias - em relação à "Mãe Rússia".
Apesar destas mudanças permaneceu na União Soviética uma política dirigista, de obediência às posturas do Partido, bem como se manteve a perseguição e o silenciar das oposições. A era Bresnev foi sobretudo marcada pela estagnação e pelo início do declínio.
Quando em 1985 M. Gorbachev assumiu a liderança (sucedendo a Brezhnev), a URSS contava já com 20 anos de estagnação económica, pobreza social e repressão cultural. Os anos seguintes foram marcados por uma forte tentativa de mudança, de melhoramento das relações com o Ocidente, de reformas políticas e económicas e introdução de algumas liberdades pessoais, num projeto amplo de abertura, que se veio a denominar de Perestroika - reestruturação social e política - ou Glasnost - abertura. Gorbachev apresentava um discurso franco e de algum modo crítico das realidades da União Soviética: "Os nossos foguetes podem encontrar o cometa Halley e chegar a Vénus, mas os nossos frigoríficos não trabalham", afirmou.
Esta "lufada de ar fresco" revelava-se numa dinâmica incontrolável, tanto no interior da União Soviética como nos seus países-satélites. Uma vez iniciado este processo as consequências foram enormes. No vasto conjunto da países sob a influência da União Soviética as agitações sucediam-se. Os estados da região dos Balcãs foram abalados por lutas pela autodeterminação e vários outros países - como o Casaquistão, a Arménia, e o Usbequistão - envolveram-se em profundos conflitos inter-étnicos.
Estas mudanças não foram pacíficas, tendo havido uma clara oposição das fações conservadoras do regime soviético, tanto no seu território como da parte dos seus aliados. Deu-se, em 1991, uma tentativa de golpe de Estado com o objetivo de impedir as reformas e fazer a URSS voltar ao status quo dos anos 70. Esta operação fracassou, sendo os jovens soldados os primeiros a desobedecer aos seus comandantes e recusando-se a atacar as pessoas que se manifestavam nas ruas. Apesar do insucesso o golpe arrastou Gorbachev na derrocada, surgindo um novo herói que materializou as pretensões da população. Boris Ieltsin assumiu em 1991, não a liderança da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas mas da Federação Russa, e, pela primeira vez em 70 anos, a bandeira russa foi desfraldada no Kremlin. Iniciou-se assim o longo e complexo processo de transição democrática, ainda em curso.
Por toda a União Soviética as pessoas destruíram os símbolos do comunismo. O atraso social, económico e cultural da URSS tornou-se visível aos olhos do mundo, mas, mais importante, tornou-se visível aos seus próprios olhos, em profundo contraste com as condições de vida dos países ocidentais. Aspirava-se à construção de uma sociedade moderna, exigindo para isso a liberdade necessária, e iniciaram-se os processos de autodeterminação de diversos povos que faziam parte da União Soviética. Alguns destes processos decorreram pacificamente, outros despoletaram graves conflitos perante a recusa por parte de Rússia de reconhecer a autonomia a determinados territórios. Foi o que se passou em 1994 com a Guerra da Tchetchénia.
Reunificação alemã (junta de novo)
Muro de Berlim (barreira física)
Iugoslávia (a treta)
O golpe
A visão dos golpistas
O
Fim do Socialismo?
Introdução
A
queda do muro de Berlim e a derrocada do ex-império soviético propiciaram um
terreno fértil para que surgisse a tese de F. Fukuyama sobre “O fim da
História”, da luta de classes e das contradição entre o mercado e o Estado.
Decorrida pouco mais de uma década, os vaticínios de Fukuyama e seus adeptos
não deixam de ser ridículos, sobretudo à luz dos permanentes confrontos
internos à imensa maioria das sociedades e as guerras travadas em todos os
continentes.
A
derrota dos socialistas franceses nas eleições de abril de 2002 e a ascensão da
extrema direita liderada por Le Pen têm provocado interrogações e
interpretações das mais diversas na mídia e nos meios acadêmicos e políticos,
afirmando alguns peremptoriamente “o fim do socialismo”.
Efetivamente,
o fenômeno Le Pen parece ser mais um elo na cadeia de expansão da extrema
direita – xenófoba, racista e ultra-nacionalista – sobretudo, no continente
europeu.
As
vitórias nas eleições francesas de Le Pen, de Silvio Berlusconi na Itália,
Jorge Haider na Áustria, Pia Kjaersgaard na Dinamarca e de Pim Fortuyn na
Holanda convidam para uma reflexão sobre a dinâmica dos movimentos políticos da
“esquerda” e suas perspectivas nesta “era de incertezas”.
Na
ânsia de prever e predizer o futuro, os arautos da derrota “irreversível” do
socialismo se baseiam em idéias genéricas para explicar casos específicos
enquanto ignoram as especificidades contextuais.
Uma
análise mais correta dos fatos nos remete à dinâmica das origens e das relações
históricas presentes na gênese do pensamento e dos movimentos socialistas.
Longe de ter esgotado seu papel na História, o socialismo ressurge como única
alternativa humanista face à irracionalidade, os desmandos e a alienação do
sistema capitalista.
Das
origens: do socialismo utópico ao científico e ao “real”
Dos
escombros da Revolução Francesa e da Restauração posterior ao Congresso de
Viena (1815) surgiram várias propostas e projetos visando a construção de
relações sociais mais dignas e eqüitativas. Os assim chamados socialistas
utópicos – Fourier, R. Owen e Saint Simon, seguidos pelo cooperativismo de
Proudhon refletiram os esforços de seus protagonistas em corrigir as
assimetrias sociais e as injustiças cometidas contra os trabalhadores e suas
famílias no sistema industrial emergente. Em 1848 saiu publicado o livro de F.
Engels sobre “A situação da classe operária na Inglaterra” e, no mesmo ano, o
Manifesto Comunista de K. Marx e F. Engels conclamou os proletários de todos os
países a unir seus esforços para romper as cadeias de exploração capitalista na
luta pela conquista dos Direitos Humanos. As derrotas fragorosas das revoluções
burguesas em 1848, na França, na Alemanha, na Áustria, Hungria, Polônia e
Rússia, não conseguiram conter as pressões de milhões de trabalhadores
arregimentados pelo processo de industrialização emergente.
Na
segunda metade do século XIX, a expansão do modo de produção industrial
estimulou a formação de sindicatos e, posteriormente, de partidos políticos dos
trabalhadores em todos os países europeus. Embora considerados base dos
partidos políticos socialistas, seus lideres julgaram a ação sindical
insuficiente para induzir transformações do sistema, uma discussão apaixonada e
prolongada que perpassou os movimentos em todo o continente europeu,
particularmente na Rússia Czarista e na Alemanha imperial.
“Reforma
ou revolução” foi o divisor de águas em todos os partidos socialistas e social
democratas, sendo os defensores mais articulados da primeira opção os teóricos
alemães K. Kautsky e Eduardo Bernstein e os Mensheviques, na Rússia. Os
revolucionários, minoritários nos partidos, contaram entre seus porta-vozes
mais brilhantes Lênin e Trotsky na Rússia e Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht
(ambos assassinados em 1919) na Alemanha. Sem rejeitar a luta contínua por
reformas sociais, por melhorias na situação dos trabalhadores e pela defesa das
instituições democráticas, os revolucionários se orientaram por seu objetivo último
– a conquista de poder político e a abolição do sistema de exploração
capitalista. A luta pela reforma social seria o meio, a revolução social – o
fim.
Sob
a liderança da social-democracia alemã e francesa foi fundada em 1889 a Segunda
Internacional Socialista (a Primeira tinha sido dissolvida em 1873, em
conseqüência das intermináveis disputas entre a facção anarquista liderada por
Bakunin e os grupos seguidores de Marx e Engels). Mas, apesar do crescimento
numérico contínuo dos partidos filiados e sua conquista de bancadas nos
respectivos parlamentos, a Segunda Internacional literalmente implodiu com a
eclosão da Primeira Guerra Mundial, quando os partidos socialistas votaram a
favor da guerra e conclamaram a classe trabalhadora a apoiar o esforço bélico
nacional. Em vez de unir-se contra o massacre que durou quatro anos ceifando
dezenas de milhões de vidas, os partidos, com a honrosa exceção de Jean Jaurés,
na França, Karl Liebknecht e Rosa Luxemburg, na Alemanha e os Bolsheviques na
Rússia entoaram discursos patrióticos em defesa dos respectivos monarcas e
pátrias.
Para
manter acesa a chama do internacionalismo, reuniram se sucessivamente em duas
aldeias suíças, Zimmerwald (1915) e Kienthal (1916) uma dezena de
representantes das correntes revolucionárias, elaborando um manifesto que
conclamava para o fim imediato das hostilidades e a instalação de governos
republicanos em todos os países. A eclosão da Revolução Russa (fevereiro e
outubro de 1917) e sua defesa vitoriosa contra as invasões de vários exércitos
que pretendiam restaurar a monarquia pareciam inclinar a balança a favor dos
movimentos revolucionários.
Mas,
as repressões sangrentas dos movimentos revolucionários na Hungria (1919) e na
Alemanha, bem como a derrota das tropas soviéticas frente ao exército polonês
do Marechal Pilsudski fizeram refluir a onda revolucionária e levaram ao
isolamento da União Soviética. Uma das conseqüências da hostilidade do mundo
capitalista e suas organizações internacionais foi a instalação da sede da
Terceira Internacional Comunista em Moscou e seu total controle pelo PCUS –
Partido Comunista da União Soviética e, posteriormente, pela KGB, a polícia
secreta de Stalin.
As
barbaridades cometidas por esta durante a Guerra Civil espanhola (1936-39)
contra militantes oposicionistas, particularmente os anarquistas e trotskistas
pelas tropas e a polícia sob controle dos stalinistas; suas denúncias e a
entrega de militantes comunistas opositores à Gestapo – a polícia secreta dos
nazistas e finalmente, a assinatura do Pacto de não-agressão entre os ministros
de Relações Exteriores da Alemanha (Ribbentrop) e da URSS (Molotov) em 1939
pareciam ter selado o destino da Terceira Internacional.
Eliminando
brutalmente os partidos e correntes oposicionistas, a “ditadura do proletariado”
passou à ditadura do partido, dirigido pelo Comitê Central que, por sua vez,
estava totalmente controlado pelo secretário geral o “camarada” Stalin.
O
dilema existencial causado aos militantes comunistas sobretudo na Alemanha e
Europa Central em conseqüência da aliança entre Hitler e Stalin, reforçou e
confirmou as criticas levantadas contra o Termidor – a decapitação da elite
revolucionária de 1917, levada aos tribunais, condenada e executada nos
famigerados processos de Moscou.
Na
mesma época, ocorreu o exílio forçado seguido de perseguição implacável do
líder da oposição Leon Trotsky (autor de “A Revolução Traída”) até o México,
onde foi assassinado a mando de Stalin, em 1940. A invasão da ex-URSS pelas
nazistas em 1940 e sua aliança com as democracias ocidentais (EUA e
Grã-Bretanha) na guerra contra as potências do eixo, Alemanha, Itália e Japão,
abafaram as críticas e restrições contra o regime de terror e seu partido,
enquanto os PCs da França e Itália, alcançaram grande votação nos anos pós-guerra.
A
reconstrução da Europa pelo Plano Marshall e a eclosão da Guerra Fria iniciaram
um processo de perda de prestígio e de votos dos PCs e criaram condições para o
ressurgimento dos partidos social democráticas e socialistas como
representantes dos trabalhadores, nos países da Europa Ocidental, na luta por
uma distribuição mais eqüitativa do produto dos “milagres econômicos”.
O
ponto culminante desta tendência foi a ascensão ao governo de W.Brandt seguido
da H.Schmidt na Alemanha, de F. Mitterand na França, de M. D’Alema e R.Prodi na
Itália; governos social-democráticos nos países escandinavos, na Bélgica e
Holanda e, por último, a reconquista do poder das mãos da conservadora M.
Thatcher pelos trabalhistas de T. Blair.
A
partir dos anos 90, com a queda do socialismo "real" no leste
europeu, novamente ofereceu-se uma chance aos partidos social democratas para
que cumprissem o papel histórico de apresentar uma alternativa viável aos
desmandos e a irracionalidade do sistema capitalista em sua versão neoliberal.
Acreditando
na possibilidade de desenvolvimento econômico nos parâmetros da dinâmica do
capital financeiro, mesmo para os países de desenvolvimento "tardio"
ou o chamado "terceiro mundo", os dirigentes dos partidos social
democratas aliaram-se aos partidos de "centro direita" para assumir o
governo. Para justificar suas políticas
de compromissos e de abandono das reivindicações dos trabalhadores ao aderir ao
receituário neoliberal do FMI, foi elaborada uma esdrúxula teoria sobre a
"Terceira Via" a partir de idéias seminais de Anthony Giddens,
acadêmico e guru de Tony Blair, esposada pelos principais chefes de Estado
europeus, reunidos num encontro, em 1999, em Florença, Itália. e ao qual
compareceram também os presidentes B. Clinton dos EUA e F.H. Cardoso do Brasil.
A reunião que devia oficializar a doutrina da Terceira Via, na realidade foi o
início de sua decadência, com a perda sucessiva de votos, cadeiras no
Parlamento e inclusive de governos, na Áustria, no Portugal, na Itália e, mais
recentemente, na França de Lionel Jospin. O eleitorado, tradicionalmente de
"esquerda" que dava apoio e votos aos partidos social democratas,
expressou seu descontentamento e descrédito e afastou-se das lideranças
tradicionais, abstendo-se de votar e
abrindo espaço para o avanço dos partidos da "direita", os
conservadores xenófobos, racistas e ultra-nacionalistas.
O
cenário emergente no final do século vinte criou desafios econômicos, sociais e
políticos para os quais a social
democracia, mesmo vestida de seu manto de Terceira Via, não estava preparada e
capacitada de responder. Com a recessão profunda que se abateu sobre a economia
norte americana cujos efeitos se propagaram como em círculos concêntricos
através de todo o sistema mundial, inúmeros países "emergentes"
praticamente afundaram em suas dívidas e contradições sociais internas.
O colapso da Argentina em 2001 parece assinalar que o sistema financeiro
internacional estaria nos limites de poder "salvar" economias
falidas, endividadas e corruptas (México, Tailândia, Indonésia, Rússia, Brasil,
Turquia, Equador, Filipinas e outras). Mas, ao caos econômico segue inevitavelmente
o social e político, profusamente demonstrado pelas manifestações de massas de
revoltados, cidadãos empobrecidos e marginalizados.
Do
outro lado da "cortina de ferro", a derrocada do sistema stalinista
na ex-URSS e nos países satelites resultou de imediato numa deterioração
violenta das condições de vida da maioria das populações, repentinamente
expostas às turbulências do mercado, sem a proteção paternalista ( educação,
saúde, habitação, emprego) do Estado.
Na
década dos noventa, quarenta países estavam sendo dirigidos por governos social
democratas ou por alianças domindadas pela "esquerda". Entretanto,
revelaram se impotentes para induzir mudanças sociais e econômicas face à
pressão avassaladora da globalização econômica e militar e, devido aos compromissos
assumidos com os representantes do capital nacional e internacional.
As
lideranças políticas dos partidos social democratas inclusive o nosso PSDB
ficaram presas na armadilha que elas próprias construíram. Tendo pregado e
defendido durante anos que não haveria futuro fora do sistema neoliberal,
assumiram plenamente a responsabilidade pelas políticas econômicas, financeiras
e trabalhistas decorrentes, contribuindo para o agravamento da marginalização e
exclusão de milhões de pessoas em conseqüência do aumento da “divida social”,
enquanto nas questões de política externa aderiram à doutrina da globalização
"inevitável", aliando-se incondicionalmente à superpotência
hegemônica.
Socialismo
no século XXI
As
políticas neoliberais e suas desastrosas conseqüências em termos da
deterioração da qualidade de vida dos trabalhadores e da maioria da população
estão na raiz do distanciamento das massas de seus partidos tradicionais e dos
governos com os quais estes colaboraram, ou apoiaram. Para os grupos mais
politizados, os partidos social democratas e socialistas perderam o poder mobilizador, incapazes que
foram para evocar uma visão alternativa da sociedade. Outra parte das vozes e
votos discordantes foi para a "direita" (vide o avanço de Le Pen, J.
Haider e outros) que , pregando também contra a globalização, acolheram os
votos dos pobres marginalizados, da baixa classe média e dos desempregados que
se sentiram abandonados pelos partidos de esquerda tradicionais.
Votos
de protesto apoiando os candidatos da oposição não significam necessariamente
uma tomada de posição consciente, uma adesão a uma plataforma ideológica e
política alternativa. Parece, contudo, cada vez mais nitidamente que, para os
partidos tradicionais da esquerda, o objetivo de construir uma sociedade alternativa
mais justa foi substituído pela necessidade de manter a organização burocrática
e os privilégios decorrentes de seu funcionamento e das alianças celebradas com
os antigos adversários. A participação nas instituições da ordem burguesa
capitalista abriu as portas para a cooptação das organizações sindicais e
políticas e de seus dirigentes. Assim, os partidos socialistas e social
democratas não apenas legitimaram as políticas do sistema capitalista, mas
passaram também a defende-las nos fóruns nacionais e internacionais.
Sendo
assim, persiste o impasse histórico de "reforma ou revolução".
Tanto
os social democratas reformistas quanto os revolucionários replicaram em suas
organizações e nas práticas políticas os padrões de conduta e de liderança autoritários,
baseados em raciocínios cartesianos lineares e unilaterais com suas
interpretações deterministas da História. Uma proposta alternativa abrangeria
inevitavelmente desde uma visão do mundo diferente ("o mundo não é uma
mercadoria"..) até novas formas de organização e mobilização social. A
nova visão, ao rejeitar a globalização imposta "de cima para baixo",
propõe a integração a ser realizada pelas populações, "de baixo para
cima". Em vez de um punhado de executivos, empresários, tecnocratas e seus
intelectuais orgânicos, serão as organizações populares e democráticas,
baseadas na participação e o engajamento de todos, que conduzirão o processo de
transformação social, econômica e política. Essa empreitada e as tarefas dela
conseqüentes não podem ser atribuição de uma minoria "iluminada". A
conquista dos Direitos Humanos, a plena vigência do Estado de Direito e da
justiça social exigem ações coletivas nas quais os atores sociais se tornem
agentes ativos e conscientes do processo histórico e gestores de seu destino.
Aos
céticos e cínicos que desdenhem de uma análise crítica do contexto histórico,
sob a alegação da inviabilidade e inutilidade de "utopias", deve se
lembrar o que seria o mundo se não houvesse, em todas as gerações, indivíduos
capazes e corajosos de pensar as alternativas, posteriormente transformadas em
realidade. Baseando nos na premissa "toda a realidade é construção
social" inferimos que aquilo que foi construído por seres humanos, por
eles pode ser desconstruído e reconstruído.
Afinal,
a História do capitalismo data de alguns séculos apenas, em que foram travadas
inúmeras guerras, com dezenas de milhões de pessoas exterminadas e inestimáveis
recursos naturais devastados.Impelido por uma dinâmica perversa de concentração
e polarização em todas as esferas da vida social, o sistema não parece dispor
de saídas para romper o círculo vicioso. Portanto, seria ilógico e injusto
rejeitar o socialismo, invocando o fracasso da única experiência de sua
implantação, em condições históricas extremamente adversas.
Mas,
diferentemente do embate entre capital e trabalho nos séculos XIX e XX que
polarizou os conflitos sociais e políticos, o socialismo em nosso século será
construído pelas alianças e redes entre movimentos e organizações sociais, em
nível local, nacional e internacional. Suas lutas transcendem as questões
salariais para enfrentar os problemas da exclusão social, do desemprego, da
destruição de pequenas empresas da precarização das relações de trabalho, da
biodiversidade e da devastação ambiental, das reformas agrária e urbana e,
sobretudo, da defesa intransigente dos Direitos Humanos em todas suas
dimensões.
Para
corresponder ao anseio generalizado por uma cidadania plena, de direitos e
responsabilidades, o socialismo do século XXI será democrático, aberto à
participação de todos e visceralmente comprometido com a liberdade individual e
a justiça social.
Voltamos,
portanto, a afirmar "um outro mundo é possível!”
EXERCÍCIOS PARA ESTUDAREM!!!
1. (Cesgranrio) A URSS transformou-se, após 1945, numa das
potências mundiais, tanto no campo econômico como técnico. Um dos melhores
exemplos dessa transformação é o:
a) desenvolvimento da política espacial, representada pela
1ª viagem em torno da Terra por Gagarin.
b) desenvolvimento da indústria cinematográfica e das
teorias em torno da fusão nuclear.
c) desenvolvimento da indústria automobilística e o
incremento do sistema industrial privado.
d) crescimento do mercado interno, com o desenvolvimento de
novas técnicas de cultivo agrícola e aumento de salários.
e) crescimento da produção agrícola em função do fim da
intervenção do Estado no setor e de técnicas administrativas americanas.
2. (Cesgranrio) No início da década de 60, o arsenal nuclear
à disposição das grandes potências era suficiente para destruir a humanidade,
caso fosse utilizado em uma situação de confronto. Ao assumir o governo, o
Presidente Kennedy (1961-63) defendeu a substituição da política externa
norte-americana de confronto por uma de entendimento com a URSS, cujo objetivo
era o desarmamento gradual das duas superpotências. Esse programa do governo Kennedy foi
conhecido como:
a) Doutrina Drago.
b) Doutrina Monroe.
c) Corolário Roosevelt
d) Nova Fronteira.
e) Política de Boa Vizinhança.
3. (Cesgranrio) Ao final da Segunda Guerra Mundial, a
ruptura do acordo que unira os aliados vitoriosos gerou um ordenamento político
internacional baseado na bipolaridade. Nesse contexto, crises políticas e
tensões sociais desencadearam um processo de construção do socialismo em
diversos países. Assinale a opção que apresenta uma afirmativa correta sobre a
construção do socialismo no mundo do pós-guerra:
a) Na Iugoslávia (1944-45), o regime comunista implantado
pelo Marechal Tito submeteu-se à hegemonia política e econômica soviética, o
que acarretou sua expulsão do movimento dos países não alinhados.
b) Na Tchecoslováquia (1946), o socialismo reformista,
baseado na descentralização e liberalização do sistema frente ao modelo
stalinista, retomado na política de Brejnev, foi interrompido pela repressão
russa, encerrando a "Primavera de Praga".
c) Na China (1949), a revolução comunista derrubou o regime
imperial e expulsou os invasores japoneses da Manchúria, reunindo os
nacionalistas, os "senhores da guerra" e os comunistas maoístas em um
governo de coalizão que instituiu uma república popular no país.
d) Na Coréia (1950-53), a intervenção militar
norte-americana impediu o avanço das forças revolucionárias comunistas que
ocupavam o norte do país, reunificando as duas Coréias sob a tutela do Conselho
de Segurança da ONU.
e) Em Cuba (1959), a vitória dos revolucionários castristas
foi favorecida pela promulgação da Emenda Platt no Senado americano, que
regularizou o envio de armamentos aos guerrilheiros contrários à ditadura de
Fulgêncio Batista.
4. (Cesgranrio) O fim da Guerra Fria, expresso na extinção
da União Soviética, em 1991, acarretou um novo equilíbrio e o ordenamento das
relações internacionais, que se caracteriza por um (a):
a) enfraquecimento dos movimentos nacionalistas regionais e
das tendências de globalização na Europa ocidental.
b) declínio da liderança política internacional das
superpotências em virtude da transferência do controle de seus arsenais
nucleares para a Assembléia Geral da ONU.
c) revitalização das alianças militares
estratégico-defensivas, conforme os pactos políticos da Europa central e do
leste.
d) formação de megablocos político-econômicos que
favoreceram a internacionalização dos fluxos de capitais, tais como a da
Comunidade Européia e a do Nafta.
e) decadência econômica dos países da bacia do Pacífico que
haviam mantido uma posição de neutralidade durante a Guerra Fria, tais como
Cingapura e Malásia.
5. (Cesgranrio) Após a Segunda Guerra Mundial, consolidou-se
uma ordem político-econômica internacional que expressou o(a):
a) conflito político e ideológico entre a União Soviética e
os Estados Unidos.
b) supremacia política e militar da Europa Ocidental.
c) subordinação neocolonial dos países árabes e da América
Latina.
d) liderança política mundial da China Comunista através de
sua participação na ONU.
e) hegemonia econômica mundial das ex-nações imperialistas,
tais como a Inglaterra e a França.
6. (Faap) Após a Segunda Guerra Mundial, a URSS estruturou
um plano de cooperação política com os países do bloco oriental, criado, em
1947:
a) o Comecom
b) o Kominform
c) o Pacto de Varsóvia
d) o Plano Marshall
e) a Otan
7. (Fatec) "É lógico que os EUA devem fazer o que lhes
for possível para ajudar a promover o retorno ao poder econômico normal no
mundo, sem o que não pode haver estabilidade política nem garantia de
paz."
(Plano
Marshall 5. VI. 1947)
Esse plano
a) assegurava a penetração de capitais norte-americanos no continente europeu,
sobretudo em sua parte oriental.
b) garantia, aos norte-americanos, o retorno a uma política
isolacionista, voltada unicamente para os seus interesses internos.
c) pretendia deter as ameaças soviéticas sobre os países do
Oriente Médio, cuja produção de petróleo era vital para as economias
ocidentais.
d) era um instrumento decisivo na luta contra o avanço do
comunismo na Europa arrasada pelo pós-guerra.
e) representava uma tomada da tradicional política da
"boa vizinhança" dos EUA em relação à América Latina.
8. (Fgv) Em junho de 1947, o governo dos EUA passou a
implementar um projeto de reconstrução da Europa denominado Plano Marshall.
Qual dos tópicos a seguir NÃO é uma causa desse plano:
a) o temor trazido pela criação do Mercado Comum Europeu
(MCE);
b) o deslocamento do controle do capitalismo da Europa para
os EUA e sua crescente influência sobre os países europeus;
c) a necessidade que a Europa tinha de reunir recursos para
pagar o seu principal credor, os EUA, que lhe forneceram desde alimentos até
materiais bélicos durante a II Guerra Mundial;
d) a necessidade de se reconstruírem as cidades e de
recuperarem a indústria e a agropecuária européia, devastadas durante a II
Grande Guerra;
e) o interesse que os Estados Unidos tinham em fortalecer a
ordem capitalista na Europa Ocidental e, assim, impedir a expansão do
socialismo no continente.
9. Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até
o fim da União Soviética, não foram um período homogêneo único na história do
mundo. (...) dividem-se em duas metades, tendo como divisor de águas o início
da década de 70. Apesar disso, a história deste período foi reunida sob um
padrão único pela situação internacional peculiar que o dominou até a queda da
URSS.
(HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos. São Paulo: Cia das
Letras,1996)
O período citado no texto e conhecido por “Guerra Fria” pode
ser definido como aquele momento histórico em que houve
a) corrida armamentista entre as potências imperialistas
européias ocasionando a Primeira Guerra Mundial.
b) domínio dos países socialistas do Sul do globo pelos
países capitalistas do Norte.
c) choque ideológico entre a Alemanha Nazista / União
Soviética Stalinista, durante os anos 30.
d) disputa pela supremacia da economia mundial entre o
Ocidente e as potências orientais, como a China e o Japão.
e) constante confronto das duas superpotências que emergiram
da Segunda Guerra Mundial.
10. (Mackenzie)
I- "A OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte,
vai começar sua expansão para o Leste Europeu até junho de 1997.
A afirmação foi feita à Folha (...) pelo secretário-geral da
entidade (...) e se refere à data na qual ele pretende que seja feito o convite
oficial a novos membros para a Aliança Militar (...)
Os 'parceiros' (...) sairão da Parceria para a Paz, acordo
militar entre 27 países da OTAN, Leste Europeu e Ásia, lançado em 1994. A
Polônia é favorita."
("Folha de São Paulo")
II- "Mais de 900 militares americanos (...) foram
mantidos como prisioneiros na Coréia do Norte, após o fim da Guerra da Coréia
(...) muitos dos prisioneiros foram submetidos a experiências com drogas e
depois executados.
As experiências, para determinar a ação das drogas em
interrogatórios, foram conduzidas por agentes Tchecoslovácos e
Soviéticos."
("O Estado de São Paulo")
III- "O Vaticano não comentou ontem, alegações de que o
Papa João Paulo II e o governo dos E.U.A. (CIA), trabalhavam juntos em segredo
na década de 80, para apressar o fim do comunismo na Polônia.
A aliança informal entre os E.U.A. e o Vaticano inclui corte
de verbas do Governo Norte-Americano para programas de controle de natalidade
no país e o silêncio do Papa quanto à instalação de mísseis na Europa
Ocidental."
("Folha de São Paulo")
Dentre os textos anteriores, relacionam-se com a Guerra
Fria:
a) somente I.
b) somente I e II.
c) I, II e III.
d) somente II e III.
e) somente I e III.
11. (Puccamp) "...inspirado por razões humanitárias e
pela vontade de defender uma certa concepção de vida ameaçada pelo comunismo,
constitui também o meio mais eficaz de alargar e consolidar a influência
norte-americana no mundo, um dos maiores instrumentos de sua expansão (...) tem
por conseqüência imediata consolidar os dois blocos e aprofundar o abismo que
separava o mundo comunista e o Ocidente..."
"...as partes estão de acordo em que um ataque armado
contra uma ou mais delas na Europa ou na América do Norte deve ser considerado
uma agressão contra todas; e, conseqüentemente, concordam que, se tal agressão
ocorrer, cada uma delas (...) auxiliará a parte ou as partes assim agredidas
(...)"
Os textos identificam, respectivamente,
a) a Doutrina Monroe e a Organização da Nações Unidas (ONU).
b) o Plano Marshall e a organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN).
c) o Pacto de Varsóvia e a Comunidade Econômica Européia
(CEE).
d) o Pacto do Rio de Janeiro e o Conselho de Assistência
Econômica Mútua (COMECON).
e) a Conferência do Cairo e a Organização dos Estados
Americanos (OEA).
12. (Puccamp) "A bipolarização do mundo, após a Segunda
Guerra Mundial, apesar de ter se constituído na principal referência para as
relações internacionais, não chegou a garantir um verdadeiro equilíbrio
mundial. Nesse contexto consolidou-se a hegemonia internacional
norte-americana". A esse respeito
pode-se afirmar que na presidência de
a) Truman (1945 - 52), encerrou-se a política macarthista, o
que possibilitou o fim da Guerra da Coréia e sua conseqüente unificação sob um
protetorado norte-americano.
b) Eisenhower (1952 - 60), completou-se o sistema de
segurança norte-americano, com a formação de diversos pactos militares contra
os comunistas.
c) Kennedy (1960 - 63), desenvolvendo a "Aliança para o
Progresso" encerrou-se a política de confronto com o mundo comunista,
permitindo a retirada americana do conflito vietnamita.
d) Johnson (1963 - 68), a discussão da Doutrina Monroe
consolidou-se as alianças políticas com os movimentos nacionalistas e o fim das
intervenções militares na América Latina.
e) Nixon (1968 - 1974), a aproximação com os países
comunistas foi dificultada pela negação da União Soviética em assinar o Tratado
de Limitação de Armas Estratégicas, Salt-1.
13. (Puccamp) "A construção de uma nova ordem mundial,
após a Segunda Guerra Mundial, contou com a participação da União Soviética,
cuja importância estendeu-se até sua desintegração em 1991".
Sobre o período mencionado no texto, pode-se afirmar
corretamente que
a) o desaparecimento de Joseph Stálin (1953), acompanhado da
ascensão de Malenkov, conduziu a um recrudescimento da Guerra Fria, instigando
a participação soviética em disputas por áreas como a Letônia e o Vietnã.
b) o Governo de Kruschev (1955-64) correspondeu a uma época
de críticas às práticas políticas do Stalinismo e à negação, por parte da URSS,
da inevitabilidade da Guerra com os países capitalistas do Ocidente.
c) a ruptura das relações entre os Partidos Comunistas da
URSS e da China (1959) consagrou a liderança política internacional russa
submetendo a China a seus interesses e autoridades.
d) a chegada de Brejnev ao poder favoreceu o estouro de um movimento
de reformas liberalizantes, que reestruturam o Estado Soviético extinguindo a
censura interna e abrindo o país aos estrangeiros.
e) a administração de Andropov (1982-84) provocou um
endurecimento do regime com a volta das perseguições políticas, prisões em
massa e a revitalização das forças armadas russas.
14. (Puccamp) "... foi um período em que a guerra era
improvável, mas a paz era impossível. A paz era impossível porque não havia
maneira de conciliar os interesses de capitalistas e comunistas. Um sistema só
poderia sobreviver à custa da destruição total do outro. E a guerra era
improvável porque os dois blocos tinham acumulado tamanho poder de destruição,
que se acontecesse um conflito generalizado seria, com certeza, o
último..."
O texto descreve uma problemática que, na história recente
da humanidade,
a) identifica as tensões internacionais durante a Revolução
Russa.
b) ilustra as relações americano-soviéticas durante a Guerra
Fria.
c) caracteriza o panorama mundial durante a Guerra do Golfo
Pérsico.
d) revela o perigo da corrida armamentista durante a
Revolução Chinesa.
e) explica os movimentos pacifistas no Leste Europeu durante
a Guerra do Vietnã.
15. (Uel) As mudanças no panorama internacional
representadas pela vitória socialista de Mao-Tsé-tung na China, pela eclosão da
Guerra da Coréia e pelas crescentes dificuldades no relacionamento com a URSS,
repercutiram na forma de tratamento dispensada pelos Estados Unidos ao Japão. Este, de "inimigo vencido", passou
a
a) atuar como o mais forte aliado da URSS naquela região.
b) ser a principal base de operações norte-americanas na
Ásia.
c) competir com as forças econômicas alemãs e inglesas.
d) buscar o seu nível econômico de antes da Primeira Guerra
Mundial.
e) menosprezar o "consenso" - política de
participação de pessoal, que visa à integração do trabalhador no esquema da
empresa capitalista.
16. (Ufes) Em agosto de 1961, na "Conferência Econômica
e Social de Punta Del Este", o presidente John Kennedy apresentou aos
países latino-americanos o projeto da "Aliança para o Progresso", o
qual previa, em linhas gerais, o aperfeiçoamento e fortalecimento das
instituições democráticas, mediante a autodeterminação dos povos, a aceleração
do desenvolvimento econômico e social dos países latino-americanos, a
erradicação do analfabetismo e a garantia aos trabalhadores de uma justa
remuneração e adequadas condições de trabalho.
Situando a "Aliança para o Progresso" no contexto das relações
internacionais vigentes no Pós-Guerra, constatamos que sua criação se deveu ao
desejo do governo norte-americano de
a) bloquear a acentuada evasão de capitais
latino-americanos, resultante da importação maciça de bens de consumo japoneses
e das altas taxas de juros pagas aos países integrantes do "Pacto de
Varsóvia" por conta dos empréstimos contraídos na década de 50.
b) conter o avanço dos movimentos revolucionários na América
Latina, reafirmando assim a liderança exercida pelos EUA sobre o Continente,
numa conjuntura de acirramento da Guerra Fria por conta da Revolução Cubana.
c) desviar, para a América Latina, parte dos investimentos
previstos no "Plano Global de Descolonização Afro-Asiática", em
virtude das revoluções socialistas de Angola e Moçambique, que tornaram a
posição norte-americana na África insustentável.
d) impedir que a República Federal Alemã, país de orientação
socialista, firmasse acordos com a finalidade de transplantar tecnologia
nuclear para o Terceiro Mundo, a exemplo do que havia ocorrido no Brasil sob o
governo JK.
e) reabilitar os acordos diplomáticos entre os EUA e os
demais países latino-americanos, que haviam sido rompidos quando da invasão de
Honduras e do Equador pelas tropas norte-americanas, fortalecendo assim a OEA.
17. (Ufmg) Sobre a geopolítica na conjuntura imediatamente
pós Segunda Guerra, pode-se afirmar que
a) as áreas que não se envolveram, diretamente, no conflito
conseguiram alcançar um amplo desenvolvimento econômico baseado em uma política
de exportação.
b) as diversas formas de dominação colonial e de exploração
que caracterizavam, historicamente, as relações entre o centro e a periferia
foram mantidas.
c) os países aliados estabeleceram uma política de
arrasamento dos países vencidos inviabilizando o crescimento mundial durante
décadas.
d) os países vencidos se agruparam formando o bloco dos
não-alinhados viabilizando, assim, sua recuperação uma vez que não foram
levados em consideração pelos vencedores.
18. (Unirio) Assinale a opção que apresenta corretamente um
evento que NÃO se relaciona com o processo de Distensão e Multipolaridade
ocorrido nas relações internacionais a partir do início da década de 1970:
a) Entrada da China Comunista na ONU.
b) Assinatura dos tratados de limitação de armas
estratégicas entre a União Soviética e os Estados Unidos.
c) Retirada das tropas norte-americanas do Vietnã.
d) Criação da Comunidade dos Estados Independentes.
e) Adoção da Política externa de "Coexistência
Pacífica", coordenada por Henry Kissinger.
19. (Enem) Em dezembro de 1998, um dos assuntos mais
veiculados nos jornais era o que tratava da moeda única européia. Leia a
notícia destacada a seguir.
O nascimento do Euro, a moeda única a ser adotada por onze
países europeus a partir de 1 de janeiro, é possivelmente a mais importante
realização deste continente nos últimos dez anos que assistiu à derrubada do
Muro de Berlim, à reunificação das Alemanha, à libertação dos países da Cortina
de Ferro e ao fim da União Soviética. Enquanto todos esses eventos têm a ver
com a desmontagem de estruturas do passado, o Euro é uma ousada aposta no
futuro e uma prova da vitalidade da sociedade européia. A "Euroland",
região abrangida por Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França,
Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal, tem um PIB (Produto Interno
Bruto) equivalente a quase 80% do americano, 289 milhões de consumidores e
responde por cerca de 20% do comércio internacional. Com este cacife, o Euro
vai disputar com o dólar a condição de moeda hegemônica.
(Gazeta Mercantil, 30/12/1998)
A matéria refere-se 'a " desmontagem das estruturas do
passado" que pode ser entendida
como
a) o fim da Guerra Fria, período de inquietação mundial que
dividiu o mundo em dois blocos ideológicos opostos.
b) a inserção de alguns países do Leste Europeu em
organismos supranacionais, com o intuito de exercer o controle ideológico no
mundo.
c) a crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia
levando à polarização ideológica da antiga URSS.
d) a confrontação dos modelos socialistas e capitalista para
deter o processo de unificação das duas Alemanhas.
e) a prosperidade as economias capitalistas e socialistas,
com o conseqüente fim da Guerra Fria entre EUA e a URSS.
20. (Fatec) A reconstrução econômica do Japão, acelerada
após 1950, é explicada principalmente:
a) pelos progressos da agricultura, dirigida
prioritariamente para a produção de matérias primas.
b) pela maciça aplicação de capitais na produção e pela
mão-de-obra numerosa e barata.
c) pela facilidade de comércio com os países asiáticos
graças à construção de numerosa frota.
d) pela abundância de riquezas minerais.
e) pela existência de mercado consumidor interno.
GABARITO:
1.A
2.D
3.B
4.D
5.A
6.B
7.D
8.A
9.E
10.D
11.B
12.B
13.B
14.B
15.B
16.B
17.B
18.D
19.A
20.B
MAIS!!!
1 - As
reformas políticas e econômicas iniciadas por Mikhail Gorbatchov, em
fins da década de 1980, na União Soviética, se fizeram acompanhar de
muitas transformações nos países do Leste europeu, aprofundando a crise
do socialismo na região. Sobre essas mudanças, estão corretas as
seguintes afirmações, com EXCEÇÃO de uma. Qual?
a) As lideranças que assumiram, na Polônia, a partir de 1989, a condução do processo de reforma política já vinham fazendo firme oposição ao governo socialista desde o início dos anos 80, quando estiveram representadas pela articulação entre a Igreja Católica e o sindicato Solidariedade.
b) À frente da reorganização política da Checoslováquia, as antigas lideranças do movimento civil de 1968 não conseguiram impedir a ação de movimentos separatistas.
c) Os movimentos nacionalistas e populares, de inspiração liberal, levaram os Partidos Comunistas, na Hungria e na Iugoslávia, ao colapso, lançando esses países numa guerra civil prolongada, em que o extermínio étnico e religioso foi intenso.
d) Fechando-se, desde o fim da guerra, aos contatos regulares com os países europeus e governada a partir de uma concepção ortodoxa de socialismo, a Albânia foi o último país da região a passar pelas transformações que marcaram o período.
e) A emigração para a Alemanha Ocidental e a consequente abertura das fronteiras representou, na Alemanha Oriental, um fator importante para o colapso da autoridade do governo comunista.
a) As lideranças que assumiram, na Polônia, a partir de 1989, a condução do processo de reforma política já vinham fazendo firme oposição ao governo socialista desde o início dos anos 80, quando estiveram representadas pela articulação entre a Igreja Católica e o sindicato Solidariedade.
b) À frente da reorganização política da Checoslováquia, as antigas lideranças do movimento civil de 1968 não conseguiram impedir a ação de movimentos separatistas.
c) Os movimentos nacionalistas e populares, de inspiração liberal, levaram os Partidos Comunistas, na Hungria e na Iugoslávia, ao colapso, lançando esses países numa guerra civil prolongada, em que o extermínio étnico e religioso foi intenso.
d) Fechando-se, desde o fim da guerra, aos contatos regulares com os países europeus e governada a partir de uma concepção ortodoxa de socialismo, a Albânia foi o último país da região a passar pelas transformações que marcaram o período.
e) A emigração para a Alemanha Ocidental e a consequente abertura das fronteiras representou, na Alemanha Oriental, um fator importante para o colapso da autoridade do governo comunista.
2 - A Reunificação alemã converteu-se em um processo de adequação das distintas realidades dos dois países para que a Alemanha se convertesse em um único Estado, com o oferecimento dos mesmos direitos a todos. Frente a essa situação, aponte a alternativa que expõe corretamente um fato histórico sobre esse processo:
a) Os governantes alemães orientais opuseram-se à adoção do marco alemão ocidental, utilizando sua moeda até meados da década de 1990.
b) O Muro de Berlim caiu apenas em partes, sendo que foi utilizado como forma de controle do deslocamento dos habitantes entre as áreas ocidental e oriental ainda durante cinco anos após a reunificação.
c) Uma das principais dificuldades da reunificação alemã foi alcançar um equilíbrio econômico e social entre as duas partes do país, principalmente no oferecimento aos orientais dos mesmos benefícios sociais que gozavam os ocidentais.
d) A capital da Alemanha passou a ser a cidade de Munique, já que Berlim não poderia ser utilizada em virtude das lembranças da divisão existente na cidade.
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