segunda-feira, 19 de setembro de 2016

9º A e B - Ditadura Militar No Brasil (1964 - 1985) 3º Bimestre (2016)

DITADURA MILITAR NO BRASIL

GOLPE OU REVOLUÇÃO DE 1964?


PRELÚDIO  COM UM BELO RAP!

Para conhecer Carlos Marighella


vídeo aula para melhor compreensão
 

 ONTEM NA DITADURA


HOJE NA DEMOCRACIA

ONTEM NA DITADURA

 HOJE NA DEMOCRACIA

  ONTEM NA DITADURA

HOJE NA DEMOCRACIA

CRIATIVIDADE DO PROTESTO


E AÍ? A DITADURA ACABOU, OU TROCAMOS POR OUTRA (democracia representativa)?

RELATO DOLOROSO AQUI e AQUI

DITADURA NO BRASIL

Introdução 

Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o período da política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime militar.


O golpe militar de 1964

A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes, organização populares e trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação das classes conservadoras como, por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge da Guerra Fria.

Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mesmo preocupação nos EUA, que junto com as classes conservadoras brasileiras, temiam um golpe comunista.

Os partidos de oposição, como a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango de estar planejando um golpe de esquerda e de ser o responsável pela carestia e pelo desabastecimento que o Brasil enfrentava.

No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um grande comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde defende as Reformas de Base. Neste plano, Jango prometia mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do país.

Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores organizam uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo.

O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai. Os militares tomam o poder. Em 9 de abril, é decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-1). Este, cassa mandatos políticos de opositores ao regime militar e tira a estabilidade de funcionários públicos.


GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967) 

Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Congresso Nacional presidente da República em 15 de abril de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender a democracia, porém ao começar seu governo, assume uma posição autoritária. 

Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de dissolver os partidos políticos. Vários parlamentares federais e estaduais tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados e os sindicatos receberam intervenção do governo militar.

Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estavam autorizados o funcionamento de dois partidos: Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada, o segundo representava os militares.

O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova Constituição para o país. Aprovada neste mesmo ano, a Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o regime militar e suas formas de atuação.


GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969)

Em 1967, assume a presidência o general Arthur da Costa e Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. Seu governo é marcado por protestos e manifestações sociais. A oposição ao regime militar cresce no país. A UNE (União Nacional dos Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil. 

Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários paralisam fábricas em protesto ao regime militar. 

A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada por jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e sequestram embaixadores para obterem fundos para o movimento de oposição armada.

No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o Ato Institucional Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do governo militar, pois aposentou juízes, cassou mandatos, acabou com as garantias do habeas-corpus e aumentou a repressão militar e policial.


GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/8/1969-30/10/1969)

Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta militar formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exército), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e Melo (Aeronáutica). 

Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN sequestram o embaixador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilheiros exigem a libertação de 15 presos políticos, exigência conseguida com sucesso. Porém, em 18 de setembro, o governo decreta a Lei de Segurança Nacional. Esta lei decretava o exílio e a pena de morte em casos de "guerra psicológica adversa, ou revolucionária, ou subversiva".

No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi morto pelas forças de repressão em São Paulo.


GOVERNO MÉDICI (1969-1974)

Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o general Emílio Garrastazu Médici. Seu governo é considerado o mais duro e repressivo do período, conhecido como " anos de chumbo ". A repressão à luta armada cresce e uma severa política de censura é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e outras formas de expressão artística são censuradas. Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores são investigados, presos, torturados ou exilados do país. O DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de Operações de Defesa Interna ) atua como centro de investigação e repressão do governo militar.

Ganha força no campo a guerrilha rural, principalmente no Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente reprimida pelas forças militares.


O Milagre Econômico

Na área econômica o país crescia rapidamente. Este período que vai de 1969 a 1973 ficou conhecido com a época do Milagre Econômico. O PIB brasileiro crescia a uma taxa de quase 12% ao ano, enquanto a inflação beirava os 18%. Com investimentos internos e empréstimos do exterior, o país avançou e estruturou uma base de infra-estrutura. Todos estes investimentos geraram milhões de empregos pelo país. Algumas obras, consideradas faraônicas, foram executadas, como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio-Niteroi.

Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssimo e a conta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos estrangeiros geraram uma dívida externa elevada para os padrões econômicos do Brasil.


GOVERNO GEISEL (1974-1979)

Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Geisel que começa um lento processo de transição rumo à democracia. Seu governo coincide com o fim do milagre econômico e com a insatisfação popular em altas taxas. A crise do petróleo e a recessão mundial interferem na economia brasileira, no momento em que os créditos e empréstimos internacionais diminuem.

Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e segura. A oposição política começa a ganhar espaço. Nas eleições de 1974, o MDB conquista 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos Deputados e ganha a prefeitura da maioria das grandes cidades.

Os militares de linha dura, não contentes com os caminhos do governo Geisel, começam a promover ataques clandestinos aos membros da esquerda. Em 1975, o jornalista Vladimir Herzog á assassinado nas dependências do DOI-Codi em São Paulo. Em janeiro de 1976, o operário Manuel Fiel Filho aparece morto em situação semelhante.

Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas-corpus e abre caminho para a volta da democracia no Brasil.


GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985) 

A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a acelerar o processo de redemocratização. O general João Baptista Figueiredo decreta a Lei da Anistia, concedendo o direito de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e demais brasileiros exilados e condenados por crimes políticos. Os militares de linha dura continuam com a repressão clandestina. Cartas-bomba são colocadas em órgãos da imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil). No dia 30 de Abril de 1981, uma bomba explode durante um show no centro de convenções do Rio Centro. O atentado fora provavelmente promovido por militares de linha dura, embora até hoje nada tenha sido provado.

Em 1979, o governo aprova lei que restabelece o pluripartidarismo no país. Os partidos voltam a funcionar dentro da normalidade. A ARENA muda o nome e passa a ser PDS, enquanto o MDB passa a ser PMDB. Outros partidos são criados, como: Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT).


A Redemocratização e a Campanha pelas Diretas Já

Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta vários problemas. A inflação é alta e a recessão também. Enquanto isso a oposição ganha terreno com o surgimento de novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos.

Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol e milhões de brasileiros participam do movimento das Diretas Já. O movimento era favorável à aprovação da Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições diretas para presidente naquele ano. Para a decepção do povo, a emenda não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.

No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral escolheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com Paulo Maluf, como novo presidente da República. Ele fazia parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição formado pelo PMDB e pela Frente Liberal.

Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica doente antes de assumir e acaba falecendo. Assume o vice-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova constituição para o Brasil. A Constituição de 1988 apagou os rastros da ditadura militar e estabeleceu princípios democráticos no país.

OU


OS SAUDOSISTAS DA DITADURA (PILANTRAS)

INDICAÇÃO FILME (O QUE É ISSO COMPANHEIRO?)

Conheça outra Carlos que lutou contra a Ditadura, Carlos Lamarca

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O ESQUEMA DA PROPAGANDA!! 

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MAIS:

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EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO:


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sábado, 17 de setembro de 2016

8º A e B - O Período Regencial - 3º Bimestre (2016)

UM VÍDEO PARA COMEÇAR:

Boa vídeo aula

As regências. Como o sucessor de D. Pedro I tinha apenas 5 anos de idade, a Carta de 1824 previa a eleição de uma regência formada por três membros eleitos pela Assembléia Geral, composta pelo Senado e pela Câmara dos Deputados. Mas, no dia 7 de abril, os parlamentares estavam de férias. Por isso, os deputados e senadores que se encontravam no Rio de Janeiro elegeram uma regência provisória.


Avanço Liberal Conservador

Foram os seguintes os governos regenciais:
a) Regência Trina Provisória (abril-julho de 1831)
• Nicolau de Campos Vergueiro, José Joaquim de Campos (marquês de Caravelas) e brigadeiro Francisco de Lima e Silva.

b) Regência Trina Permanente (1831-1834)
• Brigadeiro Francisco de Lima e Silva, os deputados José da Costa Carvalho e João Bráulio Muniz.
• A figura de maior destaque nesse período foi o padre Feijó, ministro da Justiça.
• Em 1834, com a modificação da Constituição pelo Ato Adicional, a regência trina foi transformada em una, devendo ser eleita pelo voto direto. Foi eleito Feijó como regente uno.

c) Regência de Feijó (1835-1837)
• Feijó não completou o mandato, renunciando em 1837, assumindo em seu lugar Araújo Lima.

d) Regência de Araújo Lima (1837-1840)
• Tem fim com o Golpe da Maioridade.

As duas fases do período regencial. De 1831 a 1837, ainda sob o efeito da vitória contra a autocracia do imperador deposto, foram tomadas várias medidas liberais, caracterizando-se essa fase como do “avanço liberal”.

Porém, em 1833 eclodiu a Cabanagem, uma vasta rebelião popular no Pará, à qual se seguirão outras, com a mesma gravidade: a Guerra dos Farrapos ou Farroupilha no Rio Grande do Sul, a Revolta dos Escravos Malês e a Sabinada, ambas na Bahia, e, por fim, a Balaiada, no Maranhão.

A eclosão dessas revoltas e a permanência do clima de agitação em todo o país iriam fortalecer o ideal conservador e centralista que, a partir de 1837, tomaria conta do país. Passou-se, assim, para a fase do “regresso conservador”.

Recomposição das agrupamentos políticos. Logo no início da regência, ocorreu um reagrupamento político que deu origem a três correntes:
  1. Os moderados ou chimangos, integrados pelos membros do “partido brasileiro”; os moderados eram favoráveis às reformas e tinham em vista duas coisas: o federalismo e o fim da vitaliciedade do Senado;
  2. Os restauradores ou caramurus, constituídos, em sua maioria, pelos antigos integrantes do "partido português", mas agora reforçado com a adesão de membros do "partido brasileiro", como foi o caso de José Bonifácio; os restauradores eram assim chamados por serem partidários do retorno de D. Pedro I ao trono;
  3. Os exaltados, farroupilhas ou jurujubas, como serão conhecidos os que denominamos liberais radicais durante o Primeiro Reinado; além do federalismo e do fim da vitaliciedade do Senado, defendiam a democratização da sociedade.
O Avanço Liberal
Continuidade das agitações – A queda de D. Pedro I (7/4/1831) não trouxe, de imediato, a tranqüilidade para a nação, que continuou mergulhada num clima de agitação revolucionária. Nas praças e nos jornais, discursos e artigos violentos e ofensivos semeavam a confusão, aumentando a incerteza quanto ao futuro do país. No fim do mês de abril, entre os dias 27 e 3U, explodiram novos conflitos lhos entre brasileiros e portugueses.

A insegurança reinante fez com que muitos comerciantes portugueses abandonassem o Rio de Janeiro, enquanto os comerciantes brasileiros suspenderam os seus negócios. Com a paralisia econômica, começaram as demissões de empregados, que contribuíram para tornar a situação mais explosiva.

Os moderados (antigo "partido brasileiro") que formavam o agrupamento mais poderoso e que haviam sido diretamente beneficiados com a queda do imperador, tinham perdido o controle da situação. Por isso, tomaram a iniciativa de estabelecer uma aliança temporária tanto com os exaltados quanto com os ultra­conservadores que formarão o grupo dos restauradores.

O instrumento dessa aliança foi a Sociedade Defensora da Liberdade e da Independência Nacional, fundada em 28 de abril de 1831, no Rio de Janeiro, por Antônio Borges da Fonseca, um jornalista pertencente à ala dos exaltados. Apesar de fundada por um exaltado, a Sociedade Defensora foi controlada pelos moderados, e no seu quadro dirigente havia representantes dos três grupos.

Assim, foram eleitos para o Conselho Deliberativo, ao qual caberia dirigir a Sociedade Defensora, José Bonifácio - futuro líder dos caramurus - e representantes dos moderados e dos exaltados.

Já no mês de junho, a Sociedade Defensora começou a ser organizada em nível nacional e muito rapidamente se espalhou do Maranhão ao Rio Grande do Sul, mantendo internamente intensa correspondência para troca de informações. Como concessão aos exaltados, a regência provisória nomeou uma comissão para tratar da reforma constitucional; mas, ao mesmo tempo, escolheu presidentes das províncias, reformou o exército nomeando oficiais e altas patentes, excluindo tanto os exaltados como os caramurus desse processo.

A crise de julho de 1831. O clima de agitação que vinha desde abril culminou, nos dias 12 e 13 de julho de 1831, com a sublevação, no Rio de Janeiro, do 26° batalhão de infantaria, apoiado, em seguida, pelo Corpo de Polícia. Aderiram à revolta os grupos populares ligados aos exaltados interessados numa reforma profunda da sociedade. Os revoltosos apresentaram as suas exigências: reforma democrática da Constituição; deportação de alguns senadores, militares e funcionários públicos nascidos em Portugal; suspensão da emigração portuguesa por dez anos; e exoneração do ministro da Justiça.

O ministro da Justiça era o padre Diogo Antônio Feijó, um líder moderado, empossado nesse cargo no dia 6 de julho de 1831. Assumiu o cargo somente depois da assinatura de um documento que lhe dava total autonomia para reprimir as agitações e outros poderes. Na prática, tornou-se o homem farte da regência.

Na crise de julho mencionada, Feijó agiu com determinação, requisitando forças de Mi­nas e São Paulo para enfrentar os revoltosos. Mas não foi necessário. Bastou as autoridades negarem o atendimento das exigências para que as tropas rebeladas se recolhessem e o movimento fracassasse.

Contudo, havia ficado bastante claro que o governo regencial não poderia confiar nas tropas regulares. Partindo dessa constatação, foi criada a Guarda Nacional,

A Guarda Nacional: foi criada pela lei de 18 de agosto de 1831, subordinada ao Ministério da Justiça, ao mesmo tempo que se extinguiam as ordenanças e milícias subordinadas ao Ministério da Guerra. A Guarda Nacional era uma fona paramilitar, composta por cidadãos com renda anual superior a 2()0 mil-réis, nas grandes cidades, e 100 mil­réis nas demais regiões. Organizada por distrito, seus comandantes e oficiais locais eram es­colhidos por eleição direta e secreta. Foi assim que o governo dos moderados equipou-se com uma fona repressiva fiel e eficiente. Como instrumento de poder da aristocracia rural, sua eficiência foi testada com sucesso em 18,31 e 1832, no Rio de Janeiro e em Pernambuco, contra as rebeliões populares.

A rigor, depois do fracasso das revoltas de 12 e 13 de julho de 1831 (crise de julho), os moderados eram donos da situação e se afasta­ram tanto dos exaltados quanto dos Andradas, com os quais haviam se aliado temporariamente. A partir desse momento, julho de 1831, começava a se falar abertamente na volta de D. Pedro I, e esse foi o verdadeiro ponto de parti­da para a formação dos restauradores.

A definição dos agrupamentos políticos. Conforme vimos, os moderados formaram em maio de 1831 uma comissão para reformar a Constituição. Pois bem, essa comissão terminou os seus trabalhos e o projeto elaborado foi aprovado na Câmara das Deputados em 13 de outubro de 1831. Os principais pontos do projeto aprovado eram: monarquia federativa, Se­nado eleito e temporário fim do Conselho de Estado, criação das Assembléias Legislativas Provinciais.

O projeto foi enviado para o Senado, mas este adiou a discussão e aprovação para o ano seguinte de 1832.

Temendo a não-aprovação do projeto no Senado, os moderados adotaram a tese dos exaltados, estabelecendo que os deputados a serem eleitos em 1833 teriam poderes constituintes para a reforma da Constituição, da qual não participaria o Senado.

Como reação a essa tese organizou-se no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1832, a Sociedade Conservadora da Constituição Jurada do Império do Brasil, que, conforme o próprio nome indica, reunia aqueles que eram contrários a qualquer mudança na Constituição outorgada por D. Pedra I em 1824. Em torno da Sociedade Conservadora organizaram-se os restauradores ou caramurus, tendo como líder José Bonifácio, tutor do príncipe herdeiro. Os exaltados, por sua vez, organizaram-se em torno das Sociedades Federais. A primeira Sociedade Federal havia sido fundada na Bahia em outubro de 1831. No mês de dezembro do mesmo ano, elas apareceram também em São Paulo e no Rio de Janeiro.

As forças políticas estavam agora claramente divididas e organizadas em moderados (Sociedade Defensora), restauradores (Sociedade Conservadora) e exaltados (Sociedades Federais).

A tentativa de golpe dos moderadas e a demissão de Feijó. No dia 17 de abril de 1832 ocorreu um levante que dizia ter por objetivo a restauração de D. Pedro I. Dele participaram vários criados do Paço (palácio imperial), liderados por um mercenário intitulado barão de Bulow. Os moderados estavam convencidos de que o levante fora patrocinado por José Bonifácio, embora não dispusessem de provas.

Apesar de ter sido facilmente sufocado, esse ataque ao governo fez com que Feijó - que já era inimigo de longa data de José Bonifácio - declarasse abertamente a luta contra os Andradas. Seu objetivo era destituir José Bonifácio da tutoria de D. Pedro de Alcântara, futuro D. Pedro II. Para os modera­dos essa era uma questão vital, pois a continuação de José Bonifácio na tutoria representava uma real ameaça de restauração. Esse temor foi expresso por Honório Hermeto Carneiro Leão, nos seguintes termos: "Se Pedro I tornar a governar o Brasil é de crer que erija cadafalsos e que trate de livrar­se de todos os que fizeram oposição à administração passada”.

Contudo, na prática, os restauradores não pareciam estar seriamente empenhados em trazer D. Pedro I de volta ao trono, nem os moderados pareciam acreditar de fato nessa possibilidade. Na realidade, a questão resumia­se a um enfrentamento para medir fonas. O problema concreto era, pois, o de afastar José Bonifácio da tutoria e o de desafiar o Senado realizando as reformas constitucionais sem sua participação.

Nesse sentido, foi proposto na Câmara dos Deputados, no dia 3o de junho de 1832, o afastamento de José Bonifácio da tutoria, em razão de seu suposto apoio ao levante restaurador de 17 de abril de 1832. A Câmara aprovou a medi­da. Mas, em 26 de julho, a proposta aprovada pela Câmara foi derrotada pela diferença de apenas um voto no Senado.

Tomando conhecimento desse resultado, o ministério se demitiu nesse mesmo dia 26 de julho, apesar de os ministros continuarem em suas funções, teoricamente à espera de seus substitutos.

Enquanto isso, os moderados liderados por Feijó começaram a tramar um golpe para alijar os restauradores do poder. O golpe seria desfechado no dia 30 de julho, na Câmara dos Deputados. O plano era o seguinte: o ministério demissionário seria acompanhado pela renúncia dos regentes; a Guarda Nacional, fiel a Feijó, manifestaria apoio aos moderados contra os restauradores e, finalmente, a Câmara dos Deputados diante desses fatos deveria anunciar a sua conversão em Assembléia Nacional e realizar a reforma constitucional pretendida pelos moderados.

O plano de fato foi encaminhado, mas na Câmara os deputados moderados se mostraram sem convicção para completar o golpe e ainda foram traídos por Honório Hermeto Carneiro Leão, que fez um discurso contra as propostas golpistas apresentadas. Resultado: a Câmara acabou aprovando o pedido para que os regentes reconsiderassem a sua demissão e recompusessem o ministério. Quanto a Feijó, o principal articulador e interessado no golpe, voltou para São Paulo, nutrindo um sentimento de desprezo pelos correligionários.

As reformas. O golpe dos moderados fracassou, mas as reformas defendidas por eles foram implementadas sem grandes resistências. E foram as seguintes as reformas que caracterizaram o avanço liberal:
  1. Através de um acordo com os restauradores, aprovou-se a lei de 12 de outubro de 1832, que deu aos deputados a serem eleitos em 1833, para a legislatura de 1834­-1837, poderes constituintes para reformar a Carta de 1824.
  2. Em 29 de novembro de 1832 foi aprovado O Código de Processo Criminal, que deu a mais ampla autonomia judiciária aos municípios. Através desse novo código, o poder municipal concentrou-se nas mãos dos juízes de paz, eleitos pela população local, que, além dos poderes judiciários, tinha ainda o poder de polícia. Mas esses juízes foram facilmente controlados ou neutralizados pelos grandes proprietários locais, que detinham os poderes de fato, com seus bandos armados, e não eram punidos por seus crimes.
  3. Os deputados eleitos em 1833, com poderes constituintes, nomearam uma comissão integrada por três membros para realizar as reformas constitucionais, entre os quais Bernardo Pereira de Vasconcelos. As modificações constitucionais foram vota­das em 12 de agosto de 1834: os Conselhos de Províncias, que tinham caráter apenas consultivo, cederam lugar às Assembléias Legislativas, com amplos poderes, podendo legislar sobre matéria civil e militar, instrução pública, política e econômica dos municípios; o Conselho de Estado, principal órgão de assessoria do imperador, foi abolido; a Regência Trina foi transformada em Una, e eleita pelo voto direto; a cidade do Rio de Janeiro tornou-se um município neutro, separado da Província Fluminense, que tinha como capital a cidade de Niterói.
O conjunto dessas modificações recebeu o nome de Ato Adicional à Constituição Política do Império ou, simplesmente, Ato Adicional.

A vitaliciedade do Senado foi preservada, o que significou uma concessão aos restauradores. Da mesma forma, a autonomia provincial atendeu, em parte, aos anseios dos exaltados, embora viesse a beneficiar, de fato, os potentados locais.

A destituição de Bonifácio da tutoria e o fim das restauradores. O ano de 1833 pareceu promissor aos restauradores e estes agiram abertamente. No Rio de Janeiro correu um abaixo-assinado para pedir a adesão de D. Pedro I à Sociedade Conservadora, que, em agosto de 1833, foi rebatizada de Sociedade Militar. Mas, em dezembro desse mesmo ano, eles sofreram uma dura derrota. Um retrato afixado na fachada da sede da Sociedade Militar, que parecia ser o de D. Pedro I, deu origem a uma revolta popular, com apedrejamento da sede e das casas dos restaura­dores. Esse foi o pretexto utilizado pela regência para destituir José Bonifácio da tutoria e mantê-lo em regime de prisão domiciliar, pelo decreto de 14 de dezembro de 1833. Com a morte de D. Pedro I em 24 de setembro de 1834, o movimento restaurador perdeu final­mente a sua razão de ser e desapareceu.

Novo reagrupamento político: progressistas e regressistas. Desde o fracasso do golpe de julho de 1832, liderado por Feijó, ficara claro que os moderados já não formavam um bloco coeso e único. Com a aprovação do Ato Adicional em 1834, a divisão se consumou. Os que eram a favor do Ato Adicional começaram a ser chamados de progressistas, e os que eram contra passaram a ser conheci­dos como regressistas. Estes últimos aproximaram-se dos antigos restauradores e defendiam o centralismo, enquanto os primeiros eram favoráveis à descentralização propiciada pelo Ato Adicional.

Esse novo reagrupamento dos setores dominantes foi motivado pela crescente intranquilidade trazida pelas agitações e rebeliões populares. Muitos dos moderados que haviam defendido as medidas liberais, que afinal se concretizaram, tomaram consciência do perigo que representava aos seus interesses o enfraquecimento do poder central em época de crise como a que estavam vivendo. E o centralismo começou a ser visto com simpatia por alguns moderados, pois a morte de D. Pedro I e o fim do movimento restaurador haviam afastado definitivamente a ameaça de retorno do absolutismo. Enquanto isso, as explosões populares estavam mostrando que o perigo real a ser enfrentado era a possibilidade da revolução. O "regresso" conservador surgia assim como uma posição claramente contrarrevolucionária e começou a ganhar fona a partir de 1834.

A Regência Una: a eleição (1835). Na eleição da regência, em 7 de abril de 1835, concorreram dois candidatos: Diogo Antônio Feijó, ex-ministro da Justiça, e o pernambucano Antônio Francisco de Paula Holanda Cavalcanti. Este último era um rico senhor de engenho de Pernambuco e obteve o apoio de Honório Hermeto Carneiro Leão, antigo moderado e agora líder regressista, e de muitos ex-caramurus. Evaristo da Veiga, líder progressista, apoiou Feijó, que desfrutava de grande prestígio em Minas e na Província Fluminense.

Feijó venceu a eleição com 2 828 votos contra 2 251 dados a Holanda Cavalcanti. A vitória de Feijó representou a vitória dos progressistas. Mas, nas eleições legislativas do ano seguinte, venceram os regressistas.

A regência de Feijó (1835-1837). Feijó tomou posse em 12 de outubro de 1835, num momento em que graves agitações sacudiam o país. A Cabanagem eclodiu no Pará e a revolta se expandira; no Rio Grande do Sul a Farroupilha assumiu sérias proporções e na Bahia uma audaciosa rebelião dos escravos malês teve grande repercussão no país.

Em 1836, Feijó dizia o seguinte num discurso: "Nossas instituições vacilam, o cidadão vive receoso, assustado; o governo consome o tempo em vãs recomendações. Seja ele responsabilizado pelos abusos e omissões: dai­lhe, porém, leis adaptadas às necessidades públicas; dai-lhe forças, com que possa fazer efetiva a vontade nacional. O vulcão da anarquia ameaça devorar o Império: aplicai a tempo o remédio”.

Em resposta a esse discurso, um deputado, Rodrigues Torres, referiu-se à necessidade de interpretar o Ato Adicional no sentido de restringir a descentralização e coibir as liberdades democráticas. A Câmara dos Deputados, eleita em 1836, em sua maioria apoiava esse ponto de vista e colocou-se em oposição a Feijó, dando origem efetivamente a um agrupamento regressista.

Feijó ignorou o Parlamento e não percebeu que, com a formação da ala regressista, estava nascendo um agrupamento político muito poderoso que expressava, diretamente, o ponto de vista da elite dominante do país. Ao tocar o governo sem levar em conta esse fato, Feijó foi se isolando e, portanto, se enfraquecendo politicamente. Além disso, cometeu a imprudência de entrar em conflito com a Igreja, sustentando posições favoráveis ao fim do celibato clerical e interferindo em suas questões internas.

Diante da oposição crescente e dos insucessos na repressão às revoltas do Pará e do Rio Grande do Sul, Feijó finalmente se demitiu em 19 de setembro de 1837. A regência foi assumida interinamente por Araújo Lima, um ministro de Feijó.

O Regresso Conservador (1837-1840)

A regência de Araújo Lima (1837-1840). Com a escolha de Araújo Lima como regente interino, um novo gabinete foi formado, com membros saídos da facção majoritária do Par­lamento. Como a facção majoritária era de regressistas, Araújo Lima inverteu a tendência progressista representada por Feijó. O novo gabinete foi designado como Ministério das Capacidades, pelos próprios regressistas, e trazia uma grande surpresa: a presença de Bernardo Pereira de Vasconcelos, que até então era considerado um dos principais líderes moderados.

Vasconcelos havia sido, nos últimos anos do Primeiro Reinado, um dos mais respeita­dos chefes da oposição liberal a D. Pedro I. E foi esse o motivo por que foi intensamente criticado ao aceitar e assumir o ministério como membro da equipe regressista. Mas ele próprio se encarregou de defender-se das acusações, com palavras exemplares e esclarecedoras: “Fui liberal; então a liberdade era nova no país, estava nas aspirações de todos, mas não nas leis; o poder era tudo: fui liberal. Hoje, porém, é diverso o aspecto da sociedade: os princípios democráticos tudo ganharam, e muito comprometeram; a sociedade, que então corria risco pelo poder, corre risco pela desorganização e pela anarquia. Como então quis, quero hoje serví-la, quero salvá-la; por isso sou regressista. Não sou trânsfuga, não abandonei a causa que defendo, no dia de seus perigos, de sua fraqueza; deixo-a no dia em que tão seguro é o seu triunfo que até o excesso a compromete. Quem sabe se, como hoje defendo o país contra a desorganização, depois de havê-lo defendido contra o despotismo e as comissões militares, não terei algum dia de dar outra vez a minha voz ao apoio e à defesa da liberdade?... Os perigos da sociedade variam; o vento das tempestades nem sempre é o mesmo; como há de o político, cego e imutável, servir a seu país?”.

Em outro discurso, ele foi ainda mais claro: “(...) eu quis parar o carro revolucionário, atirei-me diante dele; sofri, e tenho sofrido, porque quem se atira diante do carro revolucionário de ordinário sempre sofre...”

Assim, nos dias turbulentos da Regência, Vasconcelos sintetizou o ponto de vista regressista. Para a elite política dominante, o liberalismo resumia-se ã luta contra o "despotismo" de D. Pedro I. Uma vez vencido esse obstáculo, era preciso "parar o carro revolucionário", evitando a todo custo a democracia, que então era identificada à anarquia.

Nas eleições de 1836, as graves agitações em vários pontos do Brasil contribuíram para a eleição de uma maioria de regressistas para a Câmara dos Deputados. Essa tendência conservadora, contra-revolucionária e antidemocrática começava a se firmar no país.

Em 1838, nas eleições para a escolha do novo regente, foi eleito o próprio Araújo Lima.

A harmonia entre Legislativo e Executivo, ambos agora regressistas, favoreceu a coesão da aristocracia r. rural, que pôde, então, enfrentar com firmeza as várias rebeliões que incendiavam o país.

RESUMASSO:

Introdução
O Período Regencial é uma época da História do Brasil entre os anos de 1831 e 1840. Quando o imperador D. Pedro I abdicou do poder em 1831, seu filho e herdeiro do trono D. Pedro de Alcântara tinha apenas 5 anos de idade. A Constituição brasileira do período determinava, neste caso, que o país deveria ser governado por regentes, até o herdeiro atingir a maioridade (18 anos).

Regentes que governaram o Brasil no período:

- Regência Trina Provisória (1831): regentes Lima e Silva, Senador Vergueiro e Marquês de Caravelas.

- Regência Trina Permanente (1831 a 1835): teve como regentes José da Costa Carvalho, João Bráulio Moniz e Francisco de Lima e Silva.

- Regência Una de Feijó (1835 a 1837): teve como regente Diogo Antônio Feijó.

- Regência Interina de Araújo Lima (1371): teve como regente Pedro de Araújo Lima.

- Regência Una de Araújo Lima (1838 a 1840): teve como regente Pedro de Araújo Lima.

Um período tumultuado

O Brasil passou por uma grave crise política e diversas revoltas durante o período regencial.

Crise politica

A crise política deveu-se, principalmente, a disputa pelo controle do governo entre diversos grupos políticos: Restauradores (defendiam a volta de D. Pedro I ao poder); Moderados (voto só para os ricos e continuação da Monarquia) e Exaltados (queriam reformas para melhorar a vida dos mais necessitados e voto para todas as pessoas).

Revoltas

As revoltas ocorrem basicamente por dois motivos: más condições de vida de grande parte da população (mais pobres) e vontade das elites locais em aumentar seu poder e serem atendidas pelo governo.

Principais revoltas do período:

- Cabanagem (1835 a 1840) – motivada pelas péssimas condições de vida em que vivia a grande maioria dos moradores da província do Grão-Pará.

- Balaiada (1838 – 1841) – ocorreu na província do Maranhão. A causa principal foi a exploração da população mais pobre por parte dos grandes produtores rurais.

- Sabinada (1837-1838) – ocorreu na província da Bahia. Motivada pela insatisfação de militares e camadas médias e ricas da população com o governo regencial.

- Guerra dos Farrapos (1835 – 1845) – ocorreu no Rio Grande do Sul. Os revoltosos (farroupilhas) queriam mais liberdade para as províncias e reformas econômicas.

Bom vídeo!!

Golpe da Maioridade e fim do Período Regencial

Os políticos brasileiros e grande parte da população acreditavam que a grave crise que o país enfrentava era fruto, principalmente, da falta de um imperador forte e com poderes para enfrentar a situação.

Em 23 de julho de 1840, com apoio do Partido Liberal, foi antecipada pelo Senado Federal a maioridade de D. Pedro II (antes de completar 14 anos) e declarado o fim das regências. Esse episódio ficou conhecido como o Golpe da Maioridade. Foi uma forma encontrada pelos políticos brasileiros de dar poder e autoridade ao jovem imperador para que as revoltas pudessem ser debeladas e a ordem restaurada no Brasil.

Período regencial. O reinado de D. Pedro II teve início com um período regencial, que durou até 1840, quando foi proclamada a maioridade do imperador, que contava cerca de quinze anos. Durante as regências, ocorreram intensas lutas políticas em várias partes do país, quase sempre provocadas pelos choques entre os interesses regionais e a concentração do poder no Sudeste (Rio de Janeiro). A mais importante foi a guerra dos farrapos ou revolução farroupilha, movimento republicano e separatista ocorrido no Rio Grande do Sul, em 1835, e que só terminou em 1845. Além dessa, ocorreram revoltas na Bahia (Sabinada), no Maranhão (Balaiada) e no Pará (Cabanagem).


EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO:


ESTUDEM!!!!

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

GABARITOS LISTAS EXERCÍCIOS SIMULADO E PROVA 8º A e B - 9º A e B

LISTA 8º A e B:


  1. B
  2. D
  3. A
  4. A
  5. C
  6. A
  7. C
  8. B
  9. B
  10. A
  11. B
  12. B
  13. A
  14. D
  15. B
  16. E
  17. E
  18. B
  19. D
  20. D
  21. B
  22. B

LISTA 9º A e B:

  1. C
  2. B
  3. C
  4. E
  5. B
  6. B
  7. A
  8. E
  9. C
  10. D
  11. D
  12. B
  13. B
  14. B
  15. B
  16. B
  17. C
  18. B
  19. E
  20. A
  21. B
  22. C
BONS ESTUDOS!!

terça-feira, 13 de setembro de 2016

9º A e B - Oriente Médio - 3º Bimestre (2016)

Vídeo introdutório

Muito bom, indico o canal, os caras são extremamente acadêmicos (com várias fontes)

ORIGEM DO CONFLITO NA PALESTINA

Os conflitos entre Israel e Palestina nasceram em tempos remotos, pois se enraízam nos ancestrais confrontos entre árabes e israelenses. Mas os embates entre estes povos, que detêm a mesma origem étnica, recrudesceram no final do século XIX, quando o povo judeu, cansado do exílio, passou a expressar o desejo de retornar para sua antiga pátria, então habitada em grande parte pelos palestinos, embora sob o domínio dos otomanos. O ideal judaico de retorno á terra natal de seus antepassados é conhecido como Sionismo, vigente desde 1897, estimulado pela Declaração de Balfour, iniciativa britânica, que dá aos judeus aquilo que até então eles não tinham, direitos políticos próprios de um povo. Neste momento, vários colonos judeus começaram a partir na direção da terra prometida.

Com a queda do Império Otomano, a Inglaterra transforma a região em colônia britânica, instituindo um protetorado - apoio dado por uma nação a outra menos poderosa - na região pleiteada tanto por palestinos quanto por israelenses, o qual se estendeu de 1918 até 1939. Depois do início da Segunda Guerra Mundial, com a perseguição do Nazismo aos judeus, os problemas se agravaram, pois mais que nunca eles desejavam retornar à Palestina, há muito tempo consagrada como um território árabe.

O principal confronto entre palestinos e israelitas se dá em torno da soberania e do poder sobre terras que envolvem complexas e antigas questões históricas, religiosas e culturais. Tanto árabes quanto judeus reivindicam a posse de territórios nos quais se encontram seus monumentos mais sagrados. A ONU ofereceu aos dois lados a possibilidade de dividir a região entre palestinos e israelenses; estes deteriam 55% da área, 60% composta pelo deserto do Neguev. A Palestina resistiu e se recusou a aceitar a presença de um povo não árabe neste território.

Com a saída dos ingleses das terras ocupadas, a situação se complicou, pois os judeus anunciaram a criação do Estado de Israel. Egito, Jordânia, Líbano, Síria e Iraque se mobilizaram e deflagraram intenso ataque contra os israelenses, em busca de terras. Assim, o Egito conquista a Faixa de Gaza, enquanto a Jordânia obtém a área composta pela Cisjordânia e por Jerusalém Oriental. Como conseqüência desta disputa, os palestinos são desprovidos de qualquer espaço nesta região.

A OLP – Organização para Libertação da Palestina –, organização política e armada, voltada para a luta pela criação de um Estado Palestino livre, é criada em 1964. Logo depois, em 1967, os egípcios passam a impedir a passagem de navios israelenses e começam a ameaçar as fronteiras de Israel localizadas na península do Sinai, enquanto Jordânia e Síria posicionam seus soldados igualmente nas regiões fronteiriças israelenses. Antes de ser atacado, o povo israelita dá início à Guerra dos Seis Dias, da qual sai vitorioso, conquistando partes da Faixa de Gaza, do Monte Sinai, das Colinas de Golã, da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental. Em 1982, obedecendo a um acordo com o Egito, assinado em 1979, os israelenses deixam o Sinai.

Em 1973, outra guerra se instaura entre Egito e Síria, à frente de outros países árabes, e Israel, oYom Kippur, assim denominada por ter se iniciado justamente nas comemorações deste feriado, um dos mais importantes dos judeus, com um ataque surpresa dos adversários. Este embate provoca no Ocidente uma grande crise econômica, pois os árabes boicotam o envio de petróleo para os países que apoiam Israel, mas apesar de tudo os israelenses saem vitoriosos, com acordos estabelecidos em Camp David, território norte-americano. O Egito é o primeiro povo árabe a assinar um tratado de paz com Israel, sob os governos do egípcio Anuar Sadat e do primeiro ministro israelense Menahen Begin. Em conseqüência deste ato, o país é expulso da Liga Árabe.

Mas a paz não dura muito. Em 1982 Israel ataca o Líbano, com o suposto objetivo de cessar as investidas terroristas que seriam empreendidas pela OLP a partir de bases localizadas neste país. Cinco anos depois ocorre a primeira Intifada – sublevação popular assinalada pela utilização de armas rudimentares, como paus e pedras, atirados contra os judeus; mas ela não se resumia só a essas investidas, englobava também vários atentados sérios contra os israelenses. Finalmente, em 1988, o Conselho Palestino rejeita a Intifada e aceita a Partilha proposta pela ONU.

No ano de 1993, através do Acordo de Paz de Oslo, criou-se a Autoridade Palestina, liderada pelo célebre Yasser Arafat. Os palestinos, porém, continuaram descumprindo as cláusulas do tratado por eles firmado, pois a questão principal, referente a Jerusalém, se mantém em aberto, enquanto os israelenses, mesmo dispostos a abandonar várias partes dos territórios ocupados em Gaza e na Cisjordânia, preservam neles alguns assentamentos judaicos. Por outro lado, não cessam os atentados palestinos.

Uma nova Intifada é organizada a partir de 2000. Um ano depois Ariel Sharon é elevado ao cargo de primeiro-ministro de Israel, invade novamente terras palestinas e começa a edificar uma cerca na Cisjordânia para evitar novos atentados de homens-bombas. Em 2004 morre Yasser Arafat, substituído então por Mahmud Abbas, ao mesmo tempo em que israelenses recuam e eliminam encraves judaicos nos territórios ocupados. O terror, porém, continua a agir. Em 2006 ocorre um novo retrocesso com a ascensão do Hamas, grupo de fundamentalistas que se recusa a aceitar o Estado de Israel, ao Parlamento Palestino. Qualquer tentativa de negociação da paz se torna inviável.

As chances do nascimento de um Estado Palestino eram crescentes, mas com a eleição do Hamas, não reconhecido pela comunidade internacional, tudo se complica e as possibilidades de paz se reduzem. Neste momento, por conta de confrontos internos entre os palestinos, eles perdem a maior oportunidade de garantir a soberania sobre o território reivindicado, pois há uma nova escalada do terror. Em 2006 também ocorre o afastamento de Ariel Sharon, atingido por um derrame cerebral que o deixa em coma. Ele é então substituído temporariamente por Ehud Olmert, logo depois consolidado no poder pela vitória de seu partido nas eleições.

Atualmente, a maior parte dos palestinos e israelenses concordam que a Cisjordânia e a faixa de Gaza devem constituir o Estado Palestino; e o Hamas e o Fatah uniram-se para a instauração de um governo de coalizão, à custa de muito sangue palestino derramado, mas esse passo ainda não foi suficiente para instalar a Palestina de volta nas mesas de negociação.


ORIENTE MÉDIO E GUERRA FRIA

A Guerra Fria envolveu também uma das áreas mais fascinantes e estratégicas do planeta: o Oriente Médio. Habitada desde tempos imemoriais, a região destaca-se por três razões. Do ponto de vista econômico, é a mais rica em reservas de petróleo. Do ponto de vista geopolítico, serve de passagem entre Ásia e Europa. E no aspecto cultural, é o berço das três principais religiões monoteístas: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Com todas essas características, o Oriente Médio tornou-se um dos centros nevrálgicos da Guerra Fria. O interesse pela região já era visível nos anos 40, quando as principais potências mundiais negociaram a criação do Estado de Israel, em 1948.

Haviam muitos interesses geopolíticos em jogo no Oriente Médio. A União Soviética, de um lado, e os Estados Unidos, de outro lado, acreditavam que Israel poderia se tornar um importante parceiro político na região. Os palestinos e os países árabes vizinhos, no entanto, nunca aceitaram a criação de Israel. A primeira guerra árabe-israelense, vencida por Israel em 1949, teve como conseqüência o fim do Estado árabe-palestino. Foi dividido entre Israel, Jordânia e Egito.

Nas décadas seguintes, outras três guerras modificariam o panorama geopolítico do Oriente Médio. Por trás de cada conflito estava um jogo de alianças internacionais que evidenciava o interesse das superpotências na região. Somente em 1993, quando Israel e a OLP assinaram um acordo de paz, é que se acendeu uma pequena luz de esperança na região.

Outra parte do Oriente Médio, no entanto, havia um elemento complicador: em 1979, o Irã converteu-se ao islamismo xiita, com pretensões de levar o mundo na direção da fé muçulmana. Uma situação que fugia à lógica da Guerra Fria. O aiatolá Khomeini tratava Estados Unidos e União Soviética como o Grande Satã, como inimigos que deveriam ser combatidos em nome do Islã.

Aiatolá Khomeini contra as potências

A revolução iraniana era um fato novo no cenário internacional no fim dos anos 70. Até hoje, terminada a Guerra Fria, o Islã continua sendo um grande enigma contemporâneo.

A Guerra Fria, na verdade, permeou os principais fatos políticos no mundo inteiro, desde o término da Segunda Guerra até o final dos anos 80. O complexo jogo das superpotências envolveu todos os continentes, inclusive a África.


OS ACORDOS DE PAZ NA PALESTINA

Israel e os palestinos concordaram nesta terça-feira com um plano mediado pelo Egito para acabar com o conflito na Faixa de Gaza, depois de 50 dias de combates nos quais mais de 2.100 palestinos, a maioria civis, 64 soldados israelenses e cinco civis morreram.

A seguir estão os parâmetros gerais do acordo, que negociadores israelenses e palestinos têm trabalhado por meio de conversas indiretas na capital egípcia, Cairo, nas últimas semanas.

Como parte do acordo, os dois lados concordaram em tratar de questões mais complexas que os dividem via negociações também indiretas daqui a um mês. Entre esses temas estão a libertação de prisioneiros palestinos e as demandas de Gaza por um porto marítimo, por exemplo.


MEDIDAS IMEDIATAS

- O Hamas e outros grupos militantes em Gaza concordaram em suspender todos os foguetes e bombas de morteiros contra Israel.

- Israel vai suspender todas as ações militares, incluindo ataques aéreos e operações terrestres.

- Israel concordou em abrir mais de suas fronteiras com Gaza para permitir o fluxo mais fácil de mercadorias, incluindo equipamento de ajuda humanitária e de reconstrução, ao enclave costeiro.

- Em um acordo separado, bilateral, o Egito vai concordar em abrir a sua fronteira de 14 quilômetros com Gaza, em Rafah.

- A Autoridade Palestina, liderada pelo presidente Mahmoud Abbas, deverá assumir a responsabilidade de administrar as fronteiras de Gaza no lugar do Hamas. Israel e Egito esperam que isso evite a entrada de armas, munições e qualquer produto de "dupla utilização" em Gaza.

- A Autoridade Palestina vai coordenar o esforço de reconstrução em Gaza com doadores internacionais, incluindo a União Europeia.

- Israel deverá diminuir a área de segurança no interior da fronteira de Gaza, reduzindo para 100 metros, ante 300 metros, se a trégua for mantida. A mudança vai permitir aos palestinos mais acesso a terras agrícolas perto da fronteira.

- Israel vai estender o limite de pesca ao longo da costa de Gaza para seis milhas, ante as atuais três milhas, com a possibilidade de alargar o espaço gradualmente se a trégua persistir. Em última análise, os palestinos querem voltar ao limite internacional pleno de 12 milhas.


IMPASSES DE LONGO PRAZO A SEREM DISCUTIDOS

- O Hamas quer que Israel liberte centenas de prisioneiros palestinos detidos na Cisjordânia após o sequestro e assassinato de três seminaristas judeus, em junho, um ataque que levou à guerra. O Hamas inicialmente negou envolvimento nas mortes, mas um alto funcionário do movimento na Turquia admitiu na semana passada a autoria do ataque.

- O presidente Abbas, que lidera o partido Fatah, quer liberdade para prisioneiros palestinos presos há um longo tempo cujo processo de libertação foi abandonado após o fracasso das negociações de paz entre Israel e a Autoridade Palestina.

- Israel quer que o Hamas e outros grupos militantes em Gaza entreguem todos os restos mortais e objetos pessoais de soldados israelenses mortos durante a guerra.

- O Hamas quer a construção de um porto marítimo em Gaza que permita o transporte de pessoas e bens para dentro e fora do enclave. Israel rejeita os planos há tempos, mas é possível que um progresso possa ser feito em relação ao tema se houver garantia de segurança absoluta.

- O Hamas quer o descongelamento de fundos para permitir o pagamento de 40 mil policiais, funcionários do governo e outro pessoal administrativo que estão em grande parte sem salários desde o ano passado.

- Os palestinos também querem a reconstrução do aeroporto de Gaza. O Aeroporto Internacional Yasser Arafat foi inaugurado em 1998, mas foi fechado em 2000 depois de ter sido bombardeado por Israel.



A REVOLUÇÃO ISLÂMICA E OS CONFLITOS NO GOLFO PÉRSICO

A Revolução Iraniana – Um ano depois das primeiras passeatas contra o regime do xá Mohammed Reza Pahlevi, que governou o país com mão de ferro durante 37 anos, era toda a população de Teerã que, como num único movimento, se sublevava para tomar o poder pelas armas. O fato é que bastaram onze dias da presença do aiatolá Khomeini em Teerã, após um exílio de quinze anos, para que a insurreição iraniana ganhasse os contornos definitivos de uma revolução. Mais ainda: um verdadeiro assalto popular ao poder, algo que os cientistas políticos já não mais esperavam ver neste final de século. Como é natural nos momentos de grande convulsão política, abria-se então, para o Irã e seus 35 milhões de habitantes, um horizonte de incertezas.

Mas não apenas para o Irã, pois o dramático desfecho da crise lançavam indagações que se projetam muito além das fronteiras da antiga Pérsia. A “república islâmica” instalada no Irã representou uma guinada na vida do país: as indústrias e bancos foram estatizados, e as tradições muçulmanas, revividas. A influência ocidental foi duramente combatida. O novo governo reescreveu a constituição e adotou o sistema presidencialista, mas Khomeini continuou no comando dos rumos do país. As prisões e execuções de dissidentes e “infiéis” eram constantes. Foi nesse contexto em que militantes radicais iranianos tomaram a embaixada dos Estados Unidos em Teerã e fizeram 52 pessoas reféns.

O governo americano exigiu a libertação deles, mas Khomeini resistiu a ameaças, sanções e boicotes econômicos, quebra de relações diplomáticas e até a ofensiva militar que tentou resgatar os americanos, em abril de 1980. O desafio ao Ocidente terminou depois de 444 dias – e a libertação dos reféns só veio com o cumprimento de quase todas as exigências do aiatolá. Khomeini ainda conduziu o país em outro conflito internacional, desta vez contra o vizinho Iraque de Saddam Hussein. Iniciada em setembro de 1980, a guerra Irã-Iraque – motivada por um ataque dos iraquianos e marcada por batalhas na fronteira e no golfo Pérsico – arruinou os dois países. As Forças Armadas e a indústria petrolífera iranianas ficaram arrasadas e entre 500 mil e 1 milhão de pessoas morreram. Em julho de 1988, Khomeini aceitou um cessar-fogo proposto pela ONU, encerrando a guerra. A reconstrução do país ainda estava começando quando, em 1989, o aiatolá Khomeini, líder e mentor da revolução islâmica iraniana, morreu. Seu sucessor foi o então presidente Khamenei. Com a nova liderança, o Irã tentou melhorar as relações com o ocidente e reduzir a influência das facções fundamentalistas e revolucionárias. Todos os esforços foram perdidos quando Saddam Hussein invadiu o Kuwait e detonou a Guerra do Golfo, em 1991.

Como o Irã ajudou as tropas iraquianas e condenou o ataque americano, tornou-se alvo de sanções econômicas dos EUA que, em 1995, suspendeu suas relações comerciais com o país, acusado de apoiar o terrorismo. Dois anos depois, o Irã começou a viver uma nova revolução. Com a eleição do presidente Mohammed Khatami, um clérigo muçulmano moderado e liberal – e sem o apoio do aiatolá Khamenei –, o país esboçou uma reabertura e retomou os laços comerciais com parte do ocidente, especialmente na Europa (os EUA continuaram classificando o país de nação terrorista). Em 1999, duas décadas depois da revolução derrubou a monarquia e abriu as portas para a criação da República Islâmica do Irã, os jovens iranianos voltaram às ruas – desta vez protestando contra a ditadura dos aiatolás. O regime dos aiatolás foi pego de surpresa, e suas tropas de choque reforçadas pelos fanáticos das milícias religiosas só conseguiram controlar a situação depois de seis dias de tumultos. O movimento revelou com clareza todo o descontentamento de parte da população, sobretudo os mais jovens, influenciados pela cultura ocidental, com o regime teocrático islâmico. Khatami faturou as eleições de 2001 com 77% dos votos.

A história do Iraque

A antiga Mesopotâmia abriga várias civilizações a partir de 3000 a.C.: os sumérios, os acádios, os babilônios e os assírios. Conquistada por persas, gregos e romanos, torna-se o centro do Império Árabe nos séculos VIII e IX. Os árabes fundam Bagdá em 762 e introduzem a religião islâmica. Seguem-se as invasões dos mongóis e turcos e um período de decadência.Iraque moderno nasce em 1920, após a I Guerra Mundial, quando o Império Turco-Otomano é desmembrado. Uma decisão da Liga das Nações põe o novo país sob a tutela do Reino Unido, que instala no trono, em 1921, um monarca árabe da dinastia hachemita, Faisal Hussein. Em 1932, o Iraque é admitido na Liga das Nações como Estado independente, mas os britânicos controlam seu governo e obtêm, com isso, direitos exclusivos de exploração do petróleo.Tropas britânicas intervêm em 1941, durante a II Guerra Mundial, para reprimir uma tentativa de golpe pró-nazista.

Em 1948, o país participa da primeira guerra árabe-israelense. Dez anos depois, a monarquia iraquiana é derrubada por um golpe militar liderado pelo general ‘Abd al-Karim Qasim, que instala um regime nacionalista. O novo governo é instável e enfrenta várias tentativas de golpe, lideradas principalmente pelo Partido Socialista Árabe Baath (renascimento, em árabe), que defende a união de todos os árabes numa única nação. Em 1961 é aprovada uma lei que limita os direitos das empresas petrolíferas estrangeiras. Qasim é derrubado e fuzilado em 1963, num golpe militar com participação do Baath, que se torna partido único em 1968. Em 1972, o petróleo é nacionalizado. Uma rebelião da minoria curda no norte do país é reprimida, deixando milhares de mortos entre 1974 e 1975. O vice-presidente, Saddam Hussein, amplia sua influência nos anos 70, até assumir a Presidência, em 1979, por meio de um golpe. Em 1980, o Iraque invade o Irã, iniciando uma guerra que dura até 1988.

O país recebe o apoio de potências ocidentais, como EUA, Israel e de regimes árabes conservadores, entre eles Arábia Saudita e Egito, temerosos de que a Revolução Islâmica iraniana se expandisse a outras nações do Oriente Médio e às repúblicas soviéticas da Ásia Central. O conflito mata 300 mil iraquianos e 400 mil iranianos, devastando os dois países.Em junho de 1981, a aviação israelense destrói o reator nuclear de Osirak, alegando que ele seria usado para a fabricação de armas atômicas. Guerrilheiros separatistas curdos atacam os militares iraquianos a partir de 1985. Três anos depois, as Forças Armadas do Iraque usam armas químicas – proibidas por convenção internacional – contra a aldeia curda de Halabja, matando 5 mil civis.O Iraque provoca um conflito internacional ao invao Kwait, em agosto de 1990. Saddam Hussein responsabiliza o país vizinho pela baixa no preço do petróleo ao vender mais do que a cota estipulada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). A ONU condena o ataque contra o Kwait. Saddam Hussein anexa o Kwait como sua 19ª província. Fracassam as tentativas de solução diplomática e, em 16/1/1991, forças coligadas de cerca de 30 nações, lideradas pelos EUA, iniciam os bombardeios contra o Iraque, na Operação Tempestade no Deserto. Em 28 de fevereiro é assinado o cessar-fogo. Hussein, mesmo enfrentando revoltas e embargos econômicos, permanece no poder.

A complicada composição étnica Iraquiana

O Iraque é uma república composta por três grupos majoritários, sendo que o idioma de 80% deles é o árabe. A população se divide entre sunitas (25%), nas áreas superiores do Tigre e do Eufrates, da fronteira Síria até Bagdá (capital iraquiana), xiitas (50%), ao sul de Bagdá, e curdos, muçulmanos sunitas (20%), que habitam as montanhas do Nordeste do país, existindo ainda importantes comunidades nas maiores cidades do país. Persas, turcomanos, judeus e cristãos formam o restante da população e sua lealdade comunitária excede amplamente a identificação com o Estado nacional. Sunitas e xiitas são grupos islâmicos distintos (do mesmo modo que há cristãos católicos, ortodoxos, evangélicos etc). Os sunitas defendem que as comunidades e estados islâmicos sejam comandados por um crente (isto é, por alguém da própria religião islâmica) e sustentam que o Suna, livro sobre os ditos e atos de Maomé, juntamente com o Alcorão (onde está a palavra de alá) são as fontes da verdade religiosa; já os xiitas defendem que só um descedente do Profeta Maomé pode comandar as comunidades islâmicas, acatando apenas o Alcorão como fonte de ensinamento. Xiitas e sunitas, por sua vez, se dividem em várias facções.Já o terceiro povo que compõem o Iraque, os curdos, são um povo não-arabe muçulmano (na maioria sunitas) que vivem disperso em vários países como Irã, Iraque, Turquia, Siria, Armênia e Azerbaijão. Etnicamente distintos das populações destes países, falam o farsi, um idioma próximo do persa se concentram, na maioria na Turquia. São no Oriente Médio em torno de 26 milhões de pessoas que sonham em criar para si um país, o Curdistão, projeto que alarma aqueles países citados, especialmente a Turquia. Os curdos são o mais numeroso “povo sem pátria do mundo”.

Na Turquia o movimento pela independeência e a repressão são maiores. Os curdos têm mais de 8 mil anos de história, convertendo-se ao islamisno na fase de expansão desta religião no século VII. Viveram um bom período de sua história só no Império Turco Otomano, que ruiu com a I Guerra Mundial (1914-18). Em 1920, o tratado de Sèvres propôs um Estado curdo, que não se efetivou.Submetidos ao regime arbitrário de Saddam Hussein, os curdos colaboraram com o Irã na guerra deste contra o Iraque (1980-88). Em represália, Saddam com a omissão das potências ocidentais (inclusive dos então aliados EUA) matou mais de 5 mil curdos, num ataque com armas químicas.Na guerra do Golfo de 1992, os curdos se rebelaram, estimulados pelos EUA, que depois se omitiram (temendo que a luta curda pudesse levar à criação do Curdistão) e só intervieram quando centenas de milhares de refugiados curdos se amontoaram nas fronteiras com Turquia e Irã, numa grave crise humanitária.A partir daí, os curdos iraquianos passaram a receber proteção dos EUA numa zona de exclusão militar contra Saddam. Apoiaram a queda do ditador em 2003, mas foram pressionados para adiar o sonho de independência em troca de uma maior autonomia. Os curdos aceitaram e então mantendo boas relações com os norte-americanos. Por enquanto.

O conflito entre EUA e Iraque

Em março de 2003, EUA e Inglaterra invadiram o Iraque na intenção de derrubar o presidente-ditador Saddam Hussein. O Iraque era acusado pelo presidente norte-americano George Bush de patrocinar o terrorismo internacional, tendo inclusive vínculos com o grupo Al-Qaeda e com Osama Bin Laden e de ter armas de destruição em massa – químicas, biológicas e nucleares – capazes de atingir aliados e alvos dos EUA. Hussein seria, assim, um “perigo para a humanidade”. Em menos de um mês a maquina de guerra anglo-americana obteve o êxito esperado. Saddam foi obrigado a deixar o poder e seus principais auxiliares acabaram fugindo, quando não presos ou mortos. O próprio ditador acabou capturado pelos EUA, devendo em breve ser julgado por seus “crimes”, o que deverá ocorrer no próprio Iraque, tendo como juízes seus inimigos. Um julgamento internacional seria constrangedor para as potências ocidentais. Afinal, elas num passado não muito distante apoiavam Saddam e este poderiam revelar fatos embaraçosos sobre EUA, Inglaterra, França, Alemanha, Rússia etc. Mas se foi fácil invadir o Iraque, sair está sendo complicado. Quase todo dia os EUA e seus aliados sofrem ataques por parte de uma incômoda resistência, que se intensificou em meados de abril de 2004.

A imagem internacional americana cada dia está mais chamuscada, pois além do fato da invasão não ter contado com o apoio da ONU e maioria dos países (portanto, contrariando todos os princípios do direito internacional), não foram encontradas as tais armas de destruição em massa de Saddam. Descobriu-se, ao invés, uma rede de mentiras, espionagem e falsificação de documentos oficiais sobre o Iraque, de modo a apresentá-lo como um perigo maior do que de fato era. Para alguns analistas, um aumento do bloqueio econômico e um maior apoio à oposição levariam os próprios iraquianos a derrubarem o ditador.Acontece que isso não garantiria os interesses americanos na região (ou seja o controle das jazidas de petróleo), visto haver vários contratos do Iraque com França, Alemanha e Rússia (que, não por coincidência, foram contra a guerra). Assim, Bush e o Pentágono acharam por bem invao país na “marra”. Derrubaram Saddam, mas criaram um imenso vácuo de poder. Não há grupo iraquiano confiável aos EUA com condições de hegemonizar o poder local. Tenta-se implantar um modelo de democracia ocidental num país sem tradição democrática e com outra cultura e valores, que não apresenta uma classe média forte (fundamental para que qualquer regime democrático funcione) e que vê os americanos como invasores.Como se não bastasse isso a Al Qaeda de Osana Bin Laden (inimigo de Saddam e que o acusava de ter se vendido ao Ocidente) dirigiu-se ao Iraque para continuar sua “guerra santa” contra os infiéis e expulsá-los das terras sagradas do Islã. Boa parte das ações armadas contra os ianques nos Iraque é promovida pela Al Qaeda. Segundo consta, o grande articulado da Al Qaeda no Iraque é o líder jordaniano Abu Musab al Zarqawi , que já assumiu a autoria de vários ataques contra tropas americanas e a decapitação de reféns estrangeiros. Mas há ainda um outro complicador: as divisões étnicas e ódios mútuos entre os povos iraquianos. O Iraque na verdade é uma ficção: não há uma nação iraquiana. O que existe são vários povos que se detestam mutuamente, sobretudo xiitas, sunitas e curdos que, por sua vez, se dividem em várias facções.Curiosamente, desde abril, sunitas e xiitas de 2004, organizados em várias milícias armadas, intensificaram suas ações contra os invasores. Vários americanos e iraquianos foram mortos, chegando os EUA e aliados a perderem mesmo o controle sobre certas cidades do país. Os grupo de resistência passaram a seqüestrar soldados e trabalhadores estrangeiros (os quais trabalham na reconstrução iraquiana), ameaçando-os de morte, quando não os decapitando na exigência de que os inimigos deixem o Iraque. Um dos maiores focos de resistência aos EUA está em Fallujano (no coração do chamado triângulo sunita, centro do país), uma cidade em que a maioria da população é formada por muçulmanos sunitas e na qual quatro americanos foram brutalmente mortos e queimados, chocando o mundo. Ao mesmo tempo, milícias xiitas ligadas ao líder radical e popular Moqtada al Sadr rebelam-se no sul iraquiano.

Os americanos determinaram a prisão de al Sadr (que condena a presença estrangeira no Iraque), o que aumentou ainda mais a fúria da população.Sadr é um jovem líder, de cerca de 30 anos, mas cuja filiação impõe respeito: ele é filho de Muhammad Sadiq Sadr, líder xiita assassinado pelo regime de Saddam Hussein, em 1999, e cujo nome rebatizou a Cidade Sadr, bairro de Bagdá antes chamado de Cidade Saddam. Seu grupo armado, o Exército Mehdi, passou a ser perseguido pelas tropas americanas. O próprio Sadr se refugiou na mesquita de Najaf, o local mais sagrado para a comunidade muçulmana xiita. Para complicar, há indícios de que grupos sunitas e xiitas, antigos desafetos, então se unindo contra os norte-americanos.

É um cenário complicado para Bush, que contava em pacificar o país após “transferir” o poder aos iraquianos em 28 de junho de 2004. O poder foi transferido da administração civil provisória instalada pelos americanos para um governo iraquiano interino. A administração civil liderada por Paul Bremer deixou de existir, e ele voltou para os Estados Unidos. Formalmente, a ocupação do Iraque terminou. Mas as forças comandadas pelos Estados Unidos permanecerão no Iraque em números semelhantes aos de antes da entrega de poder. O primeiro-ministro do Iraque é o xiita Iyad Allaw, líder do Acordo Nacional Iraquiano, um grupo formado por exilados do país – muitos deles ex-membros do partido Baath, de Saddam Hussein, que fugiram do país (como o próprio Allaw). Nascido em 1945, em uma destacada família muçulmana xiita de mercadores, Allawi se formou em neurologia. Ele é visto como sendo uma pessoa com ligações históricas com os EUA, particularmente com a CIA (Central de Inteligência Americana). Com a recente intensificação da onda de ataques no Iraque, o próprio Allawi chegou a ser ameaçado de morte. O novo governo iraquiano terá poderes limitados e não vai ser soberano no sentido mais rigoroso da palavra. Ele não vai poder, por exemplo, criar ou fazer quaisquer mudanças nas leis básicas do país, respondendo por temas do dia-a-dia do Iraque. O governo terá controle sobre o dinheiro arrecadado com a venda de petróleo, mas o Orçamento deste ano já foi definido e por isso sua influência será limitada. Uma Embaixada dos Estados Unidos de grande porte vai deter a maior parte do controle sobre o fluxo de ajuda americana. O novo governo enfrenta um dilema. Ele depende da presença das tropas estrangeiras para garantir a segurança no país e a manutenção de serviços básicos, mas a presença de forças no país pode manter ou ampliar a onda de ataques violentos.


O TERRORISMO E O FUNDAMENTALISMO ISLÂMICO

A Revolução Iraniana – Um ano depois das primeiras passeatas contra o regime do xá Mohammed Reza Pahlevi, que governou o país com mão de ferro durante 37 anos, era toda a população de Teerã que, como num único movimento, se sublevava para tomar o poder pelas armas. O fato é que bastaram onze dias da presença do aiatolá Khomeini em Teerã, após um exílio de quinze anos, para que a insurreição iraniana ganhasse os contornos definitivos de uma revolução. Mais ainda: um verdadeiro assalto popular ao poder, algo que os cientistas políticos já não mais esperavam ver neste final de século. Como é natural nos momentos de grande convulsão política, abria-se então, para o Irã e seus 35 milhões de habitantes, um horizonte de incertezas.

Mas não apenas para o Irã, pois o dramático desfecho da crise lançavam indagações que se projetam muito além das fronteiras da antiga Pérsia. A “república islâmica” instalada no Irã representou uma guinada na vida do país: as indústrias e bancos foram estatizados, e as tradições muçulmanas, revividas. A influência ocidental foi duramente combatida. O novo governo reescreveu a constituição e adotou o sistema presidencialista, mas Khomeini continuou no comando dos rumos do país. As prisões e execuções de dissidentes e “infiéis” eram constantes. Foi nesse contexto em que militantes radicais iranianos tomaram a embaixada dos Estados Unidos em Teerã e fizeram 52 pessoas reféns.

O governo americano exigiu a libertação deles, mas Khomeini resistiu a ameaças, sanções e boicotes econômicos, quebra de relações diplomáticas e até a ofensiva militar que tentou resgatar os americanos, em abril de 1980. O desafio ao Ocidente terminou depois de 444 dias – e a libertação dos reféns só veio com o cumprimento de quase todas as exigências do aiatolá. Khomeini ainda conduziu o país em outro conflito internacional, desta vez contra o vizinho Iraque de Saddam Hussein. Iniciada em setembro de 1980, a guerra Irã-Iraque – motivada por um ataque dos iraquianos e marcada por batalhas na fronteira e no golfo Pérsico – arruinou os dois países. As Forças Armadas e a indústria petrolífera iranianas ficaram arrasadas e entre 500 mil e 1 milhão de pessoas morreram. Em julho de 1988, Khomeini aceitou um cessar-fogo proposto pela ONU, encerrando a guerra. A reconstrução do país ainda estava começando quando, em 1989, o aiatolá Khomeini, líder e mentor da revolução islâmica iraniana, morreu. Seu sucessor foi o então presidente Khamenei. Com a nova liderança, o Irã tentou melhorar as relações com o ocidente e reduzir a influência das facções fundamentalistas e revolucionárias. Todos os esforços foram perdidos quando Saddam Hussein invadiu o Kuwait e detonou a Guerra do Golfo, em 1991.

Como o Irã ajudou as tropas iraquianas e condenou o ataque americano, tornou-se alvo de sanções econômicas dos EUA que, em 1995, suspendeu suas relações comerciais com o país, acusado de apoiar o terrorismo. Dois anos depois, o Irã começou a viver uma nova revolução. Com a eleição do presidente Mohammed Khatami, um clérigo muçulmano moderado e liberal – e sem o apoio do aiatolá Khamenei –, o país esboçou uma reabertura e retomou os laços comerciais com parte do ocidente, especialmente na Europa (os EUA continuaram classificando o país de nação terrorista). Em 1999, duas décadas depois da revolução derrubou a monarquia e abriu as portas para a criação da República Islâmica do Irã, os jovens iranianos voltaram às ruas – desta vez protestando contra a ditadura dos aiatolás. O regime dos aiatolás foi pego de surpresa, e suas tropas de choque reforçadas pelos fanáticos das milícias religiosas só conseguiram controlar a situação depois de seis dias de tumultos. O movimento revelou com clareza todo o descontentamento de parte da população, sobretudo os mais jovens, influenciados pela cultura ocidental, com o regime teocrático islâmico. Khatami faturou as eleições de 2001 com 77% dos votos.

A história do Iraque

A antiga Mesopotâmia abriga várias civilizações a partir de 3000 a.C.: os sumérios, os acádios, os babilônios e os assírios. Conquistada por persas, gregos e romanos, torna-se o centro do Império Árabe nos séculos VIII e IX. Os árabes fundam Bagdá em 762 e introduzem a religião islâmica. Seguem-se as invasões dos mongóis e turcos e um período de decadência.Iraque moderno nasce em 1920, após a I Guerra Mundial, quando o Império Turco-Otomano é desmembrado. Uma decisão da Liga das Nações põe o novo país sob a tutela do Reino Unido, que instala no trono, em 1921, um monarca árabe da dinastia hachemita, Faisal Hussein. Em 1932, o Iraque é admitido na Liga das Nações como Estado independente, mas os britânicos controlam seu governo e obtêm, com isso, direitos exclusivos de exploração do petróleo.Tropas britânicas intervêm em 1941, durante a II Guerra Mundial, para reprimir uma tentativa de golpe pró-nazista.

Em 1948, o país participa da primeira guerra árabe-israelense. Dez anos depois, a monarquia iraquiana é derrubada por um golpe militar liderado pelo general ‘Abd al-Karim Qasim, que instala um regime nacionalista. O novo governo é instável e enfrenta várias tentativas de golpe, lideradas principalmente pelo Partido Socialista Árabe Baath (renascimento, em árabe), que defende a união de todos os árabes numa única nação. Em 1961 é aprovada uma lei que limita os direitos das empresas petrolíferas estrangeiras. Qasim é derrubado e fuzilado em 1963, num golpe militar com participação do Baath, que se torna partido único em 1968. Em 1972, o petróleo é nacionalizado. Uma rebelião da minoria curda no norte do país é reprimida, deixando milhares de mortos entre 1974 e 1975. O vice-presidente, Saddam Hussein, amplia sua influência nos anos 70, até assumir a Presidência, em 1979, por meio de um golpe. Em 1980, o Iraque invade o Irã, iniciando uma guerra que dura até 1988.

O país recebe o apoio de potências ocidentais, como EUA, Israel e de regimes árabes conservadores, entre eles Arábia Saudita e Egito, temerosos de que a Revolução Islâmica iraniana se expandisse a outras nações do Oriente Médio e às repúblicas soviéticas da Ásia Central. O conflito mata 300 mil iraquianos e 400 mil iranianos, devastando os dois países.Em junho de 1981, a aviação israelense destrói o reator nuclear de Osirak, alegando que ele seria usado para a fabricação de armas atômicas. Guerrilheiros separatistas curdos atacam os militares iraquianos a partir de 1985. Três anos depois, as Forças Armadas do Iraque usam armas químicas – proibidas por convenção internacional – contra a aldeia curda de Halabja, matando 5 mil civis.O Iraque provoca um conflito internacional ao invao Kwait, em agosto de 1990. Saddam Hussein responsabiliza o país vizinho pela baixa no preço do petróleo ao vender mais do que a cota estipulada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). A ONU condena o ataque contra o Kwait. Saddam Hussein anexa o Kwait como sua 19ª província. Fracassam as tentativas de solução diplomática e, em 16/1/1991, forças coligadas de cerca de 30 nações, lideradas pelos EUA, iniciam os bombardeios contra o Iraque, na Operação Tempestade no Deserto. Em 28 de fevereiro é assinado o cessar-fogo. Hussein, mesmo enfrentando revoltas e embargos econômicos, permanece no poder.

A complicada composição étnica Iraquiana

O Iraque é uma república composta por três grupos majoritários, sendo que o idioma de 80% deles é o árabe. A população se divide entre sunitas (25%), nas áreas superiores do Tigre e do Eufrates, da fronteira Síria até Bagdá (capital iraquiana), xiitas (50%), ao sul de Bagdá, e curdos, muçulmanos sunitas (20%), que habitam as montanhas do Nordeste do país, existindo ainda importantes comunidades nas maiores cidades do país. Persas, turcomanos, judeus e cristãos formam o restante da população e sua lealdade comunitária excede amplamente a identificação com o Estado nacional. Sunitas e xiitas são grupos islâmicos distintos (do mesmo modo que há cristãos católicos, ortodoxos, evangélicos etc). Os sunitas defendem que as comunidades e estados islâmicos sejam comandados por um crente (isto é, por alguém da própria religião islâmica) e sustentam que o Suna, livro sobre os ditos e atos de Maomé, juntamente com o Alcorão (onde está a palavra de alá) são as fontes da verdade religiosa; já os xiitas defendem que só um descendente do Profeta Maomé pode comandar as comunidades islâmicas, acatando apenas o Alcorão como fonte de ensinamento. Xiitas e sunitas, por sua vez, se dividem em várias facções.Já o terceiro povo que compõem o Iraque, os curdos, são um povo não-arabe muçulmano (na maioria sunitas) que vivem disperso em vários países como Irã, Iraque, Turquia, Siria, Armênia e Azerbaijão. Etnicamente distintos das populações destes países, falam o farsi, um idioma próximo do persa se concentram, na maioria na Turquia. São no Oriente Médio em torno de 26 milhões de pessoas que sonham em criar para si um país, o Curdistão, projeto que alarma aqueles países citados, especialmente a Turquia. Os curdos são o mais numeroso “povo sem pátria do mundo”.

Na Turquia o movimento pela independência e a repressão são maiores. Os curdos têm mais de 8 mil anos de história, convertendo-se ao islamismo na fase de expansão desta religião no século VII. Viveram um bom período de sua história só no Império Turco Otomano, que ruiu com a I Guerra Mundial (1914-18). Em 1920, o tratado de Sèvres propôs um Estado curdo, que não se efetivou.Submetidos ao regime arbitrário de Saddam Hussein, os curdos colaboraram com o Irã na guerra deste contra o Iraque (1980-88). Em represália, Saddam com a omissão das potências ocidentais (inclusive dos então aliados EUA) matou mais de 5 mil curdos, num ataque com armas químicas.Na guerra do Golfo de 1992, os curdos se rebelaram, estimulados pelos EUA, que depois se omitiram (temendo que a luta curda pudesse levar à criação do Curdistão) e só intervieram quando centenas de milhares de refugiados curdos se amontoaram nas fronteiras com Turquia e Irã, numa grave crise humanitária.A partir daí, os curdos iraquianos passaram a receber proteção dos EUA numa zona de exclusão militar contra Saddam. Apoiaram a queda do ditador em 2003, mas foram pressionados para adiar o sonho de independência em troca de uma maior autonomia. Os curdos aceitaram e então mantendo boas relações com os norte-americanos. Por enquanto.

O conflito entre EUA e Iraque

Em março de 2003, EUA e Inglaterra invadiram o Iraque na intenção de derrubar o presidente-ditador Saddam Hussein. O Iraque era acusado pelo presidente norte-americano George Bush de patrocinar o terrorismo internacional, tendo inclusive vínculos com o grupo Al-Qaeda e com Osama Bin Laden e de ter armas de destruição em massa – químicas, biológicas e nucleares – capazes de atingir aliados e alvos dos EUA. Hussein seria, assim, um “perigo para a humanidade”. Em menos de um mês a maquina de guerra anglo-americana obteve o êxito esperado. Saddam foi obrigado a deixar o poder e seus principais auxiliares acabaram fugindo, quando não presos ou mortos. O próprio ditador acabou capturado pelos EUA, devendo em breve ser julgado por seus “crimes”, o que deverá ocorrer no próprio Iraque, tendo como juízes seus inimigos. Um julgamento internacional seria constrangedor para as potências ocidentais. Afinal, elas num passado não muito distante apoiavam Saddam e este poderiam revelar fatos embaraçosos sobre EUA, Inglaterra, França, Alemanha, Rússia etc. Mas se foi fácil invao Iraque, sair está sendo complicado. Quase todo dia os EUA e seus aliados sofrem ataques por parte de uma incômoda resistência, que se intensificou em meados de abril de 2004.

A imagem internacional americana cada dia está mais chamuscada, pois além do fato da invasão não ter contado com o apoio da ONU e maioria dos países (portanto, contrariando todos os princípios do direito internacional), não foram encontradas as tais armas de destruição em massa de Saddam. Descobriu-se, ao invés, uma rede de mentiras, espionagem e falsificação de documentos oficiais sobre o Iraque, de modo a apresentá-lo como um perigo maior do que de fato era. Para alguns analistas, um aumento do bloqueio econômico e um maior apoio à oposição levariam os próprios iraquianos a derrubarem o ditador.Acontece que isso não garantiria os interesses americanos na região (ou seja o controle das jazidas de petróleo), visto haver vários contratos do Iraque com França, Alemanha e Rússia (que, não por coincidência, foram contra a guerra). Assim, Bush e o Pentágono acharam por bem invao país na “marra”. Derrubaram Saddam, mas criaram um imenso vácuo de poder. Não há grupo iraquiano confiável aos EUA com condições de hegemonizar o poder local. Tenta-se implantar um modelo de democracia ocidental num país sem tradição democrática e com outra cultura e valores, que não apresenta uma classe média forte (fundamental para que qualquer regime democrático funcione) e que vê os americanos como invasores.Como se não bastasse isso a Al Qaeda de Osana Bin Laden (inimigo de Saddam e que o acusava de ter se vendido ao Ocidente) dirigiu-se ao Iraque para continuar sua “guerra santa” contra os infiéis e expulsá-los das terras sagradas do Islã. Boa parte das ações armadas contra os ianques nos Iraque é promovida pela Al Qaeda. Segundo consta, o grande articulado da Al Qaeda no Iraque é o líder jordaniano Abu Musab al Zarqawi , que já assumiu a autoria de vários ataques contra tropas americanas e a decapitação de reféns estrangeiros. Mas há ainda um outro complicador: as divisões étnicas e ódios mútuos entre os povos iraquianos. O Iraque na verdade é uma ficção: não há uma nação iraquiana. O que existe são vários povos que se detestam mutuamente, sobretudo xiitas, sunitas e curdos que, por sua vez, se dividem em várias facções.Curiosamente, desde abril, sunitas e xiitas de 2004, organizados em várias milícias armadas, intensificaram suas ações contra os invasores. Vários americanos e iraquianos foram mortos, chegando os EUA e aliados a perderem mesmo o controle sobre certas cidades do país. Os grupo de resistência passaram a seqüestrar soldados e trabalhadores estrangeiros (os quais trabalham na reconstrução iraquiana), ameaçando-os de morte, quando não os decapitando na exigência de que os inimigos deixem o Iraque. Um dos maiores focos de resistência aos EUA está em Fallujano (no coração do chamado triângulo sunita, centro do país), uma cidade em que a maioria da população é formada por muçulmanos sunitas e na qual quatro americanos foram brutalmente mortos e queimados, chocando o mundo. Ao mesmo tempo, milícias xiitas ligadas ao líder radical e popular Moqtada al Sadr rebelam-se no sul iraquiano.

Os americanos determinaram a prisão de al Sadr (que condena a presença estrangeira no Iraque), o que aumentou ainda mais a fúria da população.Sadr é um jovem líder, de cerca de 30 anos, mas cuja filiação impõe respeito: ele é filho de Muhammad Sadiq Sadr, líder xiita assassinado pelo regime de Saddam Hussein, em 1999, e cujo nome rebatizou a Cidade Sadr, bairro de Bagdá antes chamado de Cidade Saddam. Seu grupo armado, o Exército Mehdi, passou a ser perseguido pelas tropas americanas. O próprio Sadr se refugiou na mesquita de Najaf, o local mais sagrado para a comunidade muçulmana xiita. Para complicar, há indícios de que grupos sunitas e xiitas, antigos desafetos, então se unindo contra os norte-americanos.

É um cenário complicado para Bush, que contava em pacificar o país após “transferir” o poder aos iraquianos em 28 de junho de 2004. O poder foi transferido da administração civil provisória instalada pelos americanos para um governo iraquiano interino. A administração civil liderada por Paul Bremer deixou de existir, e ele voltou para os Estados Unidos. Formalmente, a ocupação do Iraque terminou. Mas as forças comandadas pelos Estados Unidos permanecerão no Iraque em números semelhantes aos de antes da entrega de poder. O primeiro-ministro do Iraque é o xiita Iyad Allaw, líder do Acordo Nacional Iraquiano, um grupo formado por exilados do país – muitos deles ex-membros do partido Baath, de Saddam Hussein, que fugiram do país (como o próprio Allaw). Nascido em 1945, em uma destacada família muçulmana xiita de mercadores, Allawi se formou em neurologia. Ele é visto como sendo uma pessoa com ligações históricas com os EUA, particularmente com a CIA (Central de Inteligência Americana). Com a recente intensificação da onda de ataques no Iraque, o próprio Allawi chegou a ser ameaçado de morte. O novo governo iraquiano terá poderes limitados e não vai ser soberano no sentido mais rigoroso da palavra. Ele não vai poder, por exemplo, criar ou fazer quaisquer mudanças nas leis básicas do país, respondendo por temas do dia-a-dia do Iraque. O governo terá controle sobre o dinheiro arrecadado com a venda de petróleo, mas o Orçamento deste ano já foi definido e por isso sua influência será limitada. Uma Embaixada dos Estados Unidos de grande porte vai deter a maior parte do controle sobre o fluxo de ajuda americana. O novo governo enfrenta um dilema. Ele depende da presença das tropas estrangeiras para garantir a segurança no país e a manutenção de serviços básicos, mas a presença de forças no país pode manter ou ampliar a onda de ataques violentos.

Filmes indicados:

Clique na imagem para o link do filme (eu não consegui assistir pelo site)

Esse é muuuuuuuito bom, um clássico!!! 
(colocar a legenda para traduzir de espanhole para português, tradução é meio confusa)

Esse é fantástico!

Esse é brilhante!!

Indústria do Petróleo e sua artimanhas!!

Um pouco de teoria da conspiração, ou não!!



EXERCÍCIOS:

1 - A economia do Oriente Médio sofre influência direta do clima, solo e topografia do terreno. Quais as principais atividades econômicas na região

2 - A região que compreende o Oriente Médio está localizada na porção oeste do continente asiático, conhecida como Ásia ocidental. Quais os países que compõem o Oriente Médio?

3 - (VUNESP) As noções de islamismo, pensamento ocidental e cultura indiana, remetem para a categoria de:
a) raças;
b) nacionalidades;
c) civilizações;
d) etnias;
e) religiões.

4 - (VEST - RIO) A Guerra do Líbano, o conflito Irã/Iraque, a questão Palestina, a Guerra do Golfo são alguns dos conflitos que marcam ou marcaram o Oriente Médio. Das alternativas abaixo, aquela que corretamente explica essa situação conflituosa é:

a) a disputa de terras favoráveis ao cultivo, como as encontradas na planície da Mesopotâmia, numa área desértica.
b) os grandes lucros provenientes do petróleo que não beneficiam a maioria da população nos países árabes.
c) o aumento, de forma rápida, do preço do barril de petróleo nos países membros da OPEP.
d) a criação do Estado de Israel, sob a tutela britânica, numa região de ricas reservas de petróleo.
e) o emaranhado de culturas, religiões e interesses estrangeiros numa área localizada a meio caminho entre a Ásia, Europa e África.

5 - (Fuvest-SP) A chamada Ásia Ocidental constitui importante área de encontro de três continentes: a Ásia, a África e a Europa. É marcada, principalmente, pela instabilidade dos limites políticos, diversidade étnica da população e multiplicação das crenças religiosas. Três grandes religiões têm sua “Cidade Santa” na Ásia Ocidental. São elas:

a) Fetichismo, islamismo e judaísmo.
b) Budismo, hinduísmo e maometismo.
c) Judaísmo, cristianismo e islamismo.
d) Cristianismo, bramanismo e islamismo.
e) Budismo, judaísmo e islamismo.

6 - Apresente as características do clima do Oriente Médio.


GABARITO

1 - O petróleo é o principal produto responsável pela economia dos países do Oriente Médio. Nessa região está localizada a maior concentração mundial dessa fonte energética (aproximadamente 65% de todo o petróleo mundial). Essa grande quantidade de petróleo, aliada a fatores econômicos e políticos, criou as condições para a formação, em 1960, de um dos mais importantes cartéis do mundo atual, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

Outra atividade econômica importante no Oriente Médio é a agropecuária. Por ser realizada dominantemente de forma tradicional, com uso de pouca tecnologia e mecanização, essa atividade incorpora cerca de 40% da população economicamente ativa. O predomínio de climas áridos e semiáridos na região é bastante prejudicial para o desenvolvimento dessa atividade econômica.

A atividade industrial no Oriente Médio apresenta pouca expressividade. Nos países petrolíferos, há a existência de refinarias e petroquímicas. Outras indústrias se relacionam aos setores mais tradicionais, como o têxtil e o alimentício.

O turismo é outra atividade que vem apresentando importância para alguns países do Oriente Médio, a exemplo de Israel e Turquia (que recebem cerca de 2,5 milhões de turistas por ano).

2 - Os países que integram a região do Oriente Médio são: Arábia Saudita, Bahrain, Catar, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Irã, Iraque, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Omã, Síria, Turquia. 

3 - a) Falso – a categoria raças está relacionada primordialmente a cor de uma população. É importante ressaltar que esse termo está em desuso, sendo utilizado, em seu lugar, composição étnica.

b) Falso – nacionalidades não envolvem necessariamente as noções de islamismo, pensamento ocidental e cultura.

c) Verdadeiro - A civilização é composta por relações sociais em diferentes estágios, compreendendo aspectos religiosos, ideológicos, culturais, entre outros. 

d) Falso – Etnias não envolvem os conceitos religiosos e tipos de pensamentos.

e) Falso – Apenas o islamismo se refere a um fator religioso.

Portanto a alternativa correta é a letra C.

4 - a) Falso – Essa área não apresenta características favoráveis às atividades primárias. Os conflitos citados acima não foram desencadeados por motivos de apropriação de áreas para cultivo.

b) Falso - A questão da Palestina não envolve questões petrolíferas, havendo disputas territoriais com o estado de Israel, principalmente, pela ocupação da cidade de Jerusalém.

c) Falso - Os conflitos no Oriente Médio não têm como principal agente motivador o aumento do preço do barril de petróleo nos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

d) Falso - A criação do Estado de Israel desencadeou uma série de conflitos no Oriente Médio, no entanto, a área destinada à sua construção não apresenta grandes reservas de petróleo.

e) Verdadeiro – O Oriente Médio apresenta uma diversidade cultural imensa, o que muitas vezes gera conflitos armados. A criação de Israel nessa região agravou ainda mais esse processo. Além da localização do Oriente Médio ser, do ponto de vista geopolítico, extremamente estratégico, pois faz fronteira com a Europa e a África.

Portanto,a alternativa correta é a letra E.
5 - a) Falso – O fetichismo não é caracterizado como religião.

b) Falso – O Budismo e hinduísmo são religiões de origem indiana, não considerando a cidade de Jerusalém como “Cidade Santa”.

c) Verdadeiro - A cidade de Jerusalém é considerada por essas três religiões a “Cidade Santa”. Para os Judeus, o Muro das Lamentações, parte do Segundo Templo, é o local mais sagrado de todos. Acima dele está o Domo da Rocha, o terceiro local mais importante no islamismo, de onde Maomé subiu aos céus. A poucos quarteirões dali, a Igreja do Santo Sepulcro assinala o local tradicional da crucificação, do enterro e da ressurreição de Jesus.

d) Falso – o bramanismo é uma religião de origem indiana, não tendo Jerusalém como “Cidade Santa”.

e) Falso – O Budismo não considera a cidade de Jerusalém como “Cidade Santa”.

Portanto,a alternativa correta é a letra C.

6 - O clima do Oriente Médio é árido e semiárido. Somente em pequenas faixas de terra, na porção litorânea, é possível encontrar climas um pouco mais úmidos, área onde há presença de formações vegetais arbustivas. Nas áreas de maior altitude, nos topos dos planaltos e nas montanhas, é possível observar forte influência do clima temperado e a presença de uma rala vegetação de campos e pradarias.