quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Construção do Estado Árabe

PARTE 1


 PARTE 2

A civilização árabe ou islâmica surgiu no Oriente Médio, numa península desértica situada entre a Ásia e a África. É área de aproximadamente um milhão de quilômetros quadrados, com centenas de milhares recobertos por um enorme deserto, pontilhados por alguns oásis e por uma cadeia montanhosa, a oeste. Somente uma estreita faixa no litoral sul da península possui terras aproveitáveis para a agricultura.

Até o século VI, os árabes viviam em tribos, sem que houvesse um Estado centralizado. No interior da península havia tribos nômades de beduínos, que viviam basicamente do pastoreio e do comercio. Às vezes entravam em luta pela posse de um oásis ou pela liderança de uma rota comercial. Também era comum o ataque a caravanas que levavam artigos do Oriente para serem comercializados no Mar mediterrâneo ou no Mar Vermelho.

Apesar de dispersos num grande território os árabes edificaram algumas cidades, entre as quais as mais importantes localizavam-se a oeste, na parte montanhosa da Península Arábica. Eram elas: latribe, Taife e Meca, todas na confluência das rotas das caravanas que atingiram o Mar Vermelho. A cidade de Meca era, sem dúvida, a mais destacada, pois, como centro religioso de todos os árabes, ali se reuniam milhares de crentes, o que tornava seu comércio ainda mais intenso.

Embora fossem politeístas e adorassem diversas divindades, os ídolos de todas as tribos estavam reunidas num templo, chamado Caaba, situado no centro de Meca. A construção, que existe até hoje, assemelha-se a um cubo e, assim como a administração da cidade, ficava sob os cuidados da tribo dos coraixitas.

Maomé, o Profeta

Maomé, que iria causar enormes transformações em seu povo e no mundo, nasceu por volta de 570, na poderosa tribo dos coraixitas.

Tendo sido por muito tempo guia de caravanas, Maomé percorreu o Egito, a Palestina e a Pérsia, conhecendo novas religiões, como o judaísmo e o cristianismo. A grande transformação de sua vida teve lugar quando, já bem estabelecido economicamente, divulgou que tivera uma visão do anjo Gabriel - entidade da religião cristã - em que este lhe revelara a existência de um deus único. A palavra deus, em árabe, se diz Alá.

Começou então a pregar o islamismo, ou seja, a submissão total a Alá, com a conseqüente eliminação de todos os outros ídolos. Os crentes na nova religião eram chamados muçulmanos ou maometanos.

A revelação feita a maomé e todas as suas pregações estão reunidas no Corão, o livro sagrado dos muçulmanos e primeiro texto escrito em árabe. Além da submissão total a Alá, o Corão registra as seguintes regras fundamentais para os muçulmanos: orar cinco vezes por dia com o rosto voltado para Meca; jejuar regularmente; dar esmolas; peregrinar ao menos uma vez na vida para Meca. Com os ensinamentos de Maomé se instalaram também outras regras de comportamento individual e social, como a proibição de consumir carne de porco, de praticar jogos de azar e de reproduzir a figura humana, além da defesa da autoridade do pai na família e da permissão da poligamia masculina.

Os habitantes de Meca, temerosos de perder o comércio as caravanas de fiéis que se dirigiam à Caaba, passaram a perseguir Maomé, e a maioria da população árabe da cidade não aderiu ao seu monoteísmo. Maomé foi obrigado, então, a fugir para latribe, que passou a chamar-se Medina, nome que significa a "cidade do profeta". Essa fuga, que ocorreu em 622, é chamada de héregia e indica o início do calendário muçulmano, tendo, para esse povo, o mesmo significado que o nascimento de Cristo tem para os cristãos.

Gradualmente, o número de crentes em Alá foi aumentando e, apoiado nessa força, Maomé começou a pregar a Guerra Santa, ou seja, a expansão do islamismo, através da força, a todos os povos "infiéis". O grande estímulo era dado pela crença de que os guerreiros de Alá seriam recompensados com o paraíso, caso meressem em luta, ou com a partilha do saque das cidades consquistadas, caso sobrevivessem. A Guerra Santa serviu para unificar as tribos árabes e tornou-se um dos principais fatores e permitir a expansão posterior do islamismo.

A Expansão Muçulmana

Após a morte, Maomé foi substituído pelo califas - os "sucessores do profeta" - que eram chefes religiosos e políticos. Com os califas iniciou-se a expansão da civilização muçulmana, motivada principalmente pela necessidade de terra férteis que o aumento populacional da Península Arábica após a unificação das tribos exigia.

Os guerreiros islâmicos, impulsionados pela crença no paraíso após a morte e pelas recompensas terrenas, avançaram rapidamente, aproveitando-se dafraqueza de seus vizinhos persas e bizantinos. Caracterizando-se, em geral, pelo respeito aos costumes dos povos vencidos, os muçulmanos dominaram toda a Península Arábica. Expandindo-se para leste, alcançaram a Índia e, estendendo-se em direção ao Mar Mediterrâneo, conquistaram o norte da África e parte da Península Ibérica.

Apesar do avanço muçulmano na Europa ter sido freado na Batalha de Poitiers, em 732, pelo franco Carlos Martel, os árabes ainda conseguiran consquistar as ilhas Baleares, a Sicília, a Córsega e a Sardenha. A extensão dos domínios muçulmanos pelo Mediterrâneo prejudicou o comércio da Europa Ocidental com o Oriente. Este foi um dos fatores que contribuíram para o isolamento dos reinos bárbaros cristãos que voltaram mais ainda para uma economia agrícola e rural, o que contribuiu para a formação do feudalismo.

A tolerância dos muçulmanos para com os povos conquistados permitiu-lhes atingir grande progresso econômico e cultural, pois, utilizando elementos próprios e de outras culturas, desenvolveram conhecimentos e técnicas valiosas até hoje. Foi o caso do uso da bússola e da fabricação do papel e da pólvora, aprendidos com os chineses e introduzidos no Ocidente. Em virtude da enorme extensão de seu império, os árabes defundiram o cultivo de produtos agrícolas, como a cana-se-açucar, o algodão, o arroz, a laranja e o limão. No campo das ciências desenvolveram a Matemática, com muitas contribuições à Álgebra, Geometria, Trigonometria e Astronomia. Os algarismos que usamos atualmente são uma herança indiana transformada e transmitida aos ocidentais pelos árabes, daí serem chamados arábicos. Até mesmo a palavra algarismo deriva da lingua árabe. A Medicina que desenvolveram baseou-se nos conhecimentos dos gregos.

Séculos mais tarde, os turcos, originários da Ásia Central e seguidores dos islamismo, conquistaram grande parte dos domínios muçulmanos. Eles formaram no século XIV o Império Turco, que englobou esses domínios e acabou, depois de várias tentativas, conquistando o Império Bizantino, com a tomada de Constantinopla em 1453.
ESTUDEM!!!!!

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

9º C - A queda do socialismo real


 

Crises do Império Soviético

No fim da Segunda Guerra Mundial a ocupação efetiva das tropas soviéticas, que se encontram entre os grandes vencedores, estendia-se a todo o Leste da Europa e à região dos Balcãs, detendo ainda o controlo político de países seus aliados, como a Polónia, a Hungria e a Bulgária.
A defesa de políticas de carácter popular e da reforma agrária, acompanhada por campanhas de propaganda e repressão concertadas, permitiu à União Soviética dominar diversos povos extremamente debilitados pelos anos da guerra e que se encontravam, nesta fase, profundamente esperançados em relação ao futuro.
Criou-se assim um bloco, territorialmente alargado, cujo regime político já tinha resistido à guerra civil, à morte de Lenine, ao pacto Germano-Soviético, à ocupação nazi, à Segunda Grande Guerra, e que sobreviveu ainda às perseguições estalinistas, à fome, ao terror, aos campos de concentração e às tentativas de autodeterminação dos povos nas suas zonas de influência.
O Bloco Soviético abrangia uma enorme extensão territorial - da qual estava no entanto excluída a Jugoslávia, que tinha cortado relações com Moscovo em 1948 - fechado ao resto da Europa e ao Ocidente, encontrando-se a Velha Europa e o Mundo divididos pela denominada "cortina de ferro".
À semelhança do Pacto do Atlântico Norte no Ocidente, a União Soviética celebrou, em 1955, o Pacto de Varsóvia, uma aliança militar com os seus estados satélites, pacto este que englobava determinadas posturas de carácter económico, que acabaram por beneficiar bastante a URSS e prejudicar gravemente os restantes países aderentes.
Estes estados satélites dispunham de regimes democráticos populares, que mais não eram que ditaduras de partido único, fechadas ao Ocidente, e sob a vigilância atenta do exército soviético que, de imediato e com extrema eficácia, reprimia toda e qualquer tentativa de liberalização ou autodeterminação. Foi o que se passou na Hungria em 1956, na Checoslováquia em 1968 - durante a chamada "primavera de Praga" - e na Polónia em 1981.
A União Soviética constituiu ainda uma larga rede de alianças na sua oposição ao capitalismo ocidental. No âmbito destas alianças, a URSS apoiou a Revolução Socialista Cubana em 1959, e a Revolução Islâmica no Irão, mantendo também relações de aliança com países de regime comunista no Oriente: caso da Coreia do Norte, Vietname, Camboja, Laos e China que, pela mão de Mao Tsé-Tung, se tornara comunista em 1949. A União Soviética mantinha ainda o seu plano de expansão do comunismo, principalmente nos países seus vizinhos, o que se comprova pela invasão do Afeganistão em 1979, bem como pelo alargamento das influências em África.
A URSS empenhou-se numa política de reforço militar, dedicando um terço do seu orçamento ao armamento, equiparando-se ao poderio bélico dos Estados Unidos, logo em 1949, com o fabrico da sua primeira bomba atómica, aproximando-se, nesta fase, do auge as tensões da Guerra Fria. O programa espacial é outra área em que a URSS se lançou em forte e direta competição com os Estados Unidos da América, processo que culminou em 1957 com o lançamento do Sputnik que leva a bordo Yuri Gagarine.
Por outro lado, nos restantes setores da economia e nas condições reais de vida, o Império Soviético foi entrando num profundo atraso e decadência. Apesar da produção industrial se poder equiparar a outros países da Europa, os bens de consumo continuavam a ser racionados, e a agricultura era deficitária apesar da variedade de recursos. Toda a engrenagem económica e comercial se encontrava profundamente limitada por um enorme centralismo. A informação não circulava e a informatização, que no mundo ocidental dava já importantes passos, era ainda incipiente.
Após a morte de Estaline, em 1953, e a subida ao poder de Nikita Krushchev, houve um desanuviamento interno, bem como um acalmar das relações com o Ocidente, no âmbito daquilo que era, nas palavras de Krushchev, uma "coexistência pacífica". Esta fase marcou uma importante viragem após a opressão e o terror que marcaram a liderança de Estaline.
Foi o próprio Krushchev que, em 1956, apresentou um relatório no XX Congresso do Partido Comunista, expondo os excessos do sistema policial, atitude que levou à libertação de muitos presos políticos e à reabilitação de diversas pessoas perseguidas anteriormente. Foi neste contexto, e após a chamada "Crise dos mísseis" de 1962, que se deu a visita do presidente Nixon a Moscovo em 1972, por ocasião de uma exposição que se realizava nessa cidade, e que colocava os moscovitas em contacto com o mundo ocidental. Foi também nesta ocasião que se falou pela primeira vez em "congelação" dos arsenais estratégicos.
Esta nova política de "coexistência pacífica" com o Ocidente foi uma prova difícil para a União Soviética, que tentou controlar a introdução de algumas novidades ocidentais com a sua adaptação ao mundo comunista, mantendo a imagem de decadência que sempre se difunde em relação ao capitalismo, e uma propaganda de sucesso - só boas notícias - em relação à "Mãe Rússia".
Apesar destas mudanças permaneceu na União Soviética uma política dirigista, de obediência às posturas do Partido, bem como se manteve a perseguição e o silenciar das oposições. A era Bresnev foi sobretudo marcada pela estagnação e pelo início do declínio.
Quando em 1985 M. Gorbachev assumiu a liderança (sucedendo a Brezhnev), a URSS contava já com 20 anos de estagnação económica, pobreza social e repressão cultural. Os anos seguintes foram marcados por uma forte tentativa de mudança, de melhoramento das relações com o Ocidente, de reformas políticas e económicas e introdução de algumas liberdades pessoais, num projeto amplo de abertura, que se veio a denominar de Perestroika - reestruturação social e política - ou Glasnost - abertura. Gorbachev apresentava um discurso franco e de algum modo crítico das realidades da União Soviética: "Os nossos foguetes podem encontrar o cometa Halley e chegar a Vénus, mas os nossos frigoríficos não trabalham", afirmou.
Esta "lufada de ar fresco" revelava-se numa dinâmica incontrolável, tanto no interior da União Soviética como nos seus países-satélites. Uma vez iniciado este processo as consequências foram enormes. No vasto conjunto da países sob a influência da União Soviética as agitações sucediam-se. Os estados da região dos Balcãs foram abalados por lutas pela autodeterminação e vários outros países - como o Casaquistão, a Arménia, e o Usbequistão - envolveram-se em profundos conflitos inter-étnicos.
Estas mudanças não foram pacíficas, tendo havido uma clara oposição das fações conservadoras do regime soviético, tanto no seu território como da parte dos seus aliados. Deu-se, em 1991, uma tentativa de golpe de Estado com o objetivo de impedir as reformas e fazer a URSS voltar ao status quo dos anos 70. Esta operação fracassou, sendo os jovens soldados os primeiros a desobedecer aos seus comandantes e recusando-se a atacar as pessoas que se manifestavam nas ruas. Apesar do insucesso o golpe arrastou Gorbachev na derrocada, surgindo um novo herói que materializou as pretensões da população. Boris Ieltsin assumiu em 1991, não a liderança da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas mas da Federação Russa, e, pela primeira vez em 70 anos, a bandeira russa foi desfraldada no Kremlin. Iniciou-se assim o longo e complexo processo de transição democrática, ainda em curso.
Por toda a União Soviética as pessoas destruíram os símbolos do comunismo. O atraso social, económico e cultural da URSS tornou-se visível aos olhos do mundo, mas, mais importante, tornou-se visível aos seus próprios olhos, em profundo contraste com as condições de vida dos países ocidentais. Aspirava-se à construção de uma sociedade moderna, exigindo para isso a liberdade necessária, e iniciaram-se os processos de autodeterminação de diversos povos que faziam parte da União Soviética. Alguns destes processos decorreram pacificamente, outros despoletaram graves conflitos perante a recusa por parte de Rússia de reconhecer a autonomia a determinados territórios. Foi o que se passou em 1994 com a Guerra da Tchetchénia.   

Reunificação alemã (junta de novo)


 Muro de Berlim (barreira física)


Iugoslávia (a treta)


O golpe


A visão dos golpistas




O Fim do Socialismo?


Introdução

A queda do muro de Berlim e a derrocada do ex-império soviético propiciaram um terreno fértil para que surgisse a tese de F. Fukuyama sobre “O fim da História”, da luta de classes e das contradição entre o mercado e o Estado. Decorrida pouco mais de uma década, os vaticínios de Fukuyama e seus adeptos não deixam de ser ridículos, sobretudo à luz dos permanentes confrontos internos à imensa maioria das sociedades e as guerras travadas em todos os continentes.

A derrota dos socialistas franceses nas eleições de abril de 2002 e a ascensão da extrema direita liderada por Le Pen têm provocado interrogações e interpretações das mais diversas na mídia e nos meios acadêmicos e políticos, afirmando alguns peremptoriamente “o fim do socialismo”.

Efetivamente, o fenômeno Le Pen parece ser mais um elo na cadeia de expansão da extrema direita – xenófoba, racista e ultra-nacionalista – sobretudo, no continente europeu.

As vitórias nas eleições francesas de Le Pen, de Silvio Berlusconi na Itália, Jorge Haider na Áustria, Pia Kjaersgaard na Dinamarca e de Pim Fortuyn na Holanda convidam para uma reflexão sobre a dinâmica dos movimentos políticos da “esquerda” e suas perspectivas nesta “era de incertezas”.

Na ânsia de prever e predizer o futuro, os arautos da derrota “irreversível” do socialismo se baseiam em idéias genéricas para explicar casos específicos enquanto ignoram as especificidades contextuais.

Uma análise mais correta dos fatos nos remete à dinâmica das origens e das relações históricas presentes na gênese do pensamento e dos movimentos socialistas. Longe de ter esgotado seu papel na História, o socialismo ressurge como única alternativa humanista face à irracionalidade, os desmandos e a alienação do sistema capitalista.
Das origens: do socialismo utópico ao científico e ao “real”

Dos escombros da Revolução Francesa e da Restauração posterior ao Congresso de Viena (1815) surgiram várias propostas e projetos visando a construção de relações sociais mais dignas e eqüitativas. Os assim chamados socialistas utópicos – Fourier, R. Owen e Saint Simon, seguidos pelo cooperativismo de Proudhon refletiram os esforços de seus protagonistas em corrigir as assimetrias sociais e as injustiças cometidas contra os trabalhadores e suas famílias no sistema industrial emergente. Em 1848 saiu publicado o livro de F. Engels sobre “A situação da classe operária na Inglaterra” e, no mesmo ano, o Manifesto Comunista de K. Marx e F. Engels conclamou os proletários de todos os países a unir seus esforços para romper as cadeias de exploração capitalista na luta pela conquista dos Direitos Humanos. As derrotas fragorosas das revoluções burguesas em 1848, na França, na Alemanha, na Áustria, Hungria, Polônia e Rússia, não conseguiram conter as pressões de milhões de trabalhadores arregimentados pelo processo de industrialização emergente.

Na segunda metade do século XIX, a expansão do modo de produção industrial estimulou a formação de sindicatos e, posteriormente, de partidos políticos dos trabalhadores em todos os países europeus. Embora considerados base dos partidos políticos socialistas, seus lideres julgaram a ação sindical insuficiente para induzir transformações do sistema, uma discussão apaixonada e prolongada que perpassou os movimentos em todo o continente europeu, particularmente na Rússia Czarista e na Alemanha imperial.

“Reforma ou revolução” foi o divisor de águas em todos os partidos socialistas e social democratas, sendo os defensores mais articulados da primeira opção os teóricos alemães K. Kautsky e Eduardo Bernstein e os Mensheviques, na Rússia. Os revolucionários, minoritários nos partidos, contaram entre seus porta-vozes mais brilhantes Lênin e Trotsky na Rússia e Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht (ambos assassinados em 1919) na Alemanha. Sem rejeitar a luta contínua por reformas sociais, por melhorias na situação dos trabalhadores e pela defesa das instituições democráticas, os revolucionários se orientaram por seu objetivo último – a conquista de poder político e a abolição do sistema de exploração capitalista. A luta pela reforma social seria o meio, a revolução social – o fim.

Sob a liderança da social-democracia alemã e francesa foi fundada em 1889 a Segunda Internacional Socialista (a Primeira tinha sido dissolvida em 1873, em conseqüência das intermináveis disputas entre a facção anarquista liderada por Bakunin e os grupos seguidores de Marx e Engels). Mas, apesar do crescimento numérico contínuo dos partidos filiados e sua conquista de bancadas nos respectivos parlamentos, a Segunda Internacional literalmente implodiu com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, quando os partidos socialistas votaram a favor da guerra e conclamaram a classe trabalhadora a apoiar o esforço bélico nacional. Em vez de unir-se contra o massacre que durou quatro anos ceifando dezenas de milhões de vidas, os partidos, com a honrosa exceção de Jean Jaurés, na França, Karl Liebknecht e Rosa Luxemburg, na Alemanha e os Bolsheviques na Rússia entoaram discursos patrióticos em defesa dos respectivos monarcas e pátrias.

Para manter acesa a chama do internacionalismo, reuniram se sucessivamente em duas aldeias suíças, Zimmerwald (1915) e Kienthal (1916) uma dezena de representantes das correntes revolucionárias, elaborando um manifesto que conclamava para o fim imediato das hostilidades e a instalação de governos republicanos em todos os países. A eclosão da Revolução Russa (fevereiro e outubro de 1917) e sua defesa vitoriosa contra as invasões de vários exércitos que pretendiam restaurar a monarquia pareciam inclinar a balança a favor dos movimentos revolucionários.

Mas, as repressões sangrentas dos movimentos revolucionários na Hungria (1919) e na Alemanha, bem como a derrota das tropas soviéticas frente ao exército polonês do Marechal Pilsudski fizeram refluir a onda revolucionária e levaram ao isolamento da União Soviética. Uma das conseqüências da hostilidade do mundo capitalista e suas organizações internacionais foi a instalação da sede da Terceira Internacional Comunista em Moscou e seu total controle pelo PCUS – Partido Comunista da União Soviética e, posteriormente, pela KGB, a polícia secreta de Stalin.

As barbaridades cometidas por esta durante a Guerra Civil espanhola (1936-39) contra militantes oposicionistas, particularmente os anarquistas e trotskistas pelas tropas e a polícia sob controle dos stalinistas; suas denúncias e a entrega de militantes comunistas opositores à Gestapo – a polícia secreta dos nazistas e finalmente, a assinatura do Pacto de não-agressão entre os ministros de Relações Exteriores da Alemanha (Ribbentrop) e da URSS (Molotov) em 1939 pareciam ter selado o destino da Terceira Internacional.

Eliminando brutalmente os partidos e correntes oposicionistas, a “ditadura do proletariado” passou à ditadura do partido, dirigido pelo Comitê Central que, por sua vez, estava totalmente controlado pelo secretário geral o “camarada” Stalin.

O dilema existencial causado aos militantes comunistas sobretudo na Alemanha e Europa Central em conseqüência da aliança entre Hitler e Stalin, reforçou e confirmou as criticas levantadas contra o Termidor – a decapitação da elite revolucionária de 1917, levada aos tribunais, condenada e executada nos famigerados processos de Moscou.

Na mesma época, ocorreu o exílio forçado seguido de perseguição implacável do líder da oposição Leon Trotsky (autor de “A Revolução Traída”) até o México, onde foi assassinado a mando de Stalin, em 1940. A invasão da ex-URSS pelas nazistas em 1940 e sua aliança com as democracias ocidentais (EUA e Grã-Bretanha) na guerra contra as potências do eixo, Alemanha, Itália e Japão, abafaram as críticas e restrições contra o regime de terror e seu partido, enquanto os PCs da França e Itália, alcançaram grande votação nos anos pós-guerra.

A reconstrução da Europa pelo Plano Marshall e a eclosão da Guerra Fria iniciaram um processo de perda de prestígio e de votos dos PCs e criaram condições para o ressurgimento dos partidos social democráticas e socialistas como representantes dos trabalhadores, nos países da Europa Ocidental, na luta por uma distribuição mais eqüitativa do produto dos “milagres econômicos”.

O ponto culminante desta tendência foi a ascensão ao governo de W.Brandt seguido da H.Schmidt na Alemanha, de F. Mitterand na França, de M. D’Alema e R.Prodi na Itália; governos social-democráticos nos países escandinavos, na Bélgica e Holanda e, por último, a reconquista do poder das mãos da conservadora M. Thatcher pelos trabalhistas de T. Blair.

A partir dos anos 90, com a queda do socialismo "real" no leste europeu, novamente ofereceu-se uma chance aos partidos social democratas para que cumprissem o papel histórico de apresentar uma alternativa viável aos desmandos e a irracionalidade do sistema capitalista em sua versão neoliberal.

Acreditando na possibilidade de desenvolvimento econômico nos parâmetros da dinâmica do capital financeiro, mesmo para os países de desenvolvimento "tardio" ou o chamado "terceiro mundo", os dirigentes dos partidos social democratas aliaram-se aos partidos de "centro direita" para assumir o governo.  Para justificar suas políticas de compromissos e de abandono das reivindicações dos trabalhadores ao aderir ao receituário neoliberal do FMI, foi elaborada uma esdrúxula teoria sobre a "Terceira Via" a partir de idéias seminais de Anthony Giddens, acadêmico e guru de Tony Blair, esposada pelos principais chefes de Estado europeus, reunidos num encontro, em 1999, em Florença, Itália. e ao qual compareceram também os presidentes B. Clinton dos EUA e F.H. Cardoso do Brasil. A reunião que devia oficializar a doutrina da Terceira Via, na realidade foi o início de sua decadência, com a perda sucessiva de votos, cadeiras no Parlamento e inclusive de governos, na Áustria, no Portugal, na Itália e, mais recentemente, na França de Lionel Jospin. O eleitorado, tradicionalmente de "esquerda" que dava apoio e votos aos partidos social democratas, expressou seu descontentamento e descrédito e afastou-se das lideranças tradicionais, abstendo-se de votar e  abrindo espaço para o avanço dos partidos da "direita", os conservadores xenófobos, racistas e ultra-nacionalistas.

O cenário emergente no final do século vinte criou desafios econômicos, sociais e políticos  para os quais a social democracia, mesmo vestida de seu manto de Terceira Via, não estava preparada e capacitada de responder. Com a recessão profunda que se abateu sobre a economia norte americana cujos efeitos se propagaram como em círculos concêntricos através de todo o sistema mundial, inúmeros países "emergentes" praticamente afundaram em suas dívidas e contradições sociais  internas.  O colapso da Argentina em 2001 parece assinalar que o sistema financeiro internacional estaria nos limites de poder "salvar" economias falidas, endividadas e corruptas (México, Tailândia, Indonésia, Rússia, Brasil, Turquia, Equador, Filipinas e outras). Mas, ao caos econômico segue inevitavelmente o social e político, profusamente demonstrado pelas manifestações de massas de revoltados, cidadãos empobrecidos e marginalizados.

Do outro lado da "cortina de ferro", a derrocada do sistema stalinista na ex-URSS e nos países satelites resultou de imediato numa deterioração violenta das condições de vida da maioria das populações, repentinamente expostas às turbulências do mercado, sem a proteção paternalista ( educação, saúde, habitação, emprego) do Estado.

Na década dos noventa, quarenta países estavam sendo dirigidos por governos social democratas ou por alianças domindadas pela "esquerda". Entretanto, revelaram se impotentes para induzir mudanças sociais e econômicas face à pressão avassaladora da globalização econômica e militar e, devido aos compromissos assumidos com os representantes do capital nacional e internacional.

As lideranças políticas dos partidos social democratas inclusive o nosso PSDB ficaram presas na armadilha que elas próprias construíram. Tendo pregado e defendido durante anos que não haveria futuro fora do sistema neoliberal, assumiram plenamente a responsabilidade pelas políticas econômicas, financeiras e trabalhistas decorrentes, contribuindo para o agravamento da marginalização e exclusão de milhões de pessoas em conseqüência do aumento da “divida social”, enquanto nas questões de política externa aderiram à doutrina da globalização "inevitável", aliando-se incondicionalmente à superpotência hegemônica.
Socialismo no século XXI

As políticas neoliberais e suas desastrosas conseqüências em termos da deterioração da qualidade de vida dos trabalhadores e da maioria da população estão na raiz do distanciamento das massas de seus partidos tradicionais e dos governos com os quais estes colaboraram, ou apoiaram. Para os grupos mais politizados, os partidos social democratas e socialistas  perderam o poder mobilizador, incapazes que foram para evocar uma visão alternativa da sociedade. Outra parte das vozes e votos discordantes foi para a "direita" (vide o avanço de Le Pen, J. Haider e outros) que , pregando também contra a globalização, acolheram os votos dos pobres marginalizados, da baixa classe média e dos desempregados que se sentiram abandonados pelos partidos de esquerda tradicionais.

Votos de protesto apoiando os candidatos da oposição não significam necessariamente uma tomada de posição consciente, uma adesão a uma plataforma ideológica e política alternativa. Parece, contudo, cada vez mais nitidamente que, para os partidos tradicionais da esquerda, o objetivo de construir uma sociedade alternativa mais justa foi substituído pela necessidade de manter a organização burocrática e os privilégios decorrentes de seu funcionamento e das alianças celebradas com os antigos adversários. A participação nas instituições da ordem burguesa capitalista abriu as portas para a cooptação das organizações sindicais e políticas e de seus dirigentes. Assim, os partidos socialistas e social democratas não apenas legitimaram as políticas do sistema capitalista, mas passaram também a defende-las nos fóruns nacionais e internacionais.

Sendo assim, persiste o impasse histórico de "reforma ou revolução".

Tanto os social democratas reformistas quanto os revolucionários replicaram em suas organizações e nas práticas políticas os padrões de conduta e de liderança autoritários, baseados em raciocínios cartesianos lineares e unilaterais com suas interpretações deterministas da História. Uma proposta alternativa abrangeria inevitavelmente desde uma visão do mundo diferente ("o mundo não é uma mercadoria"..) até novas formas de organização e mobilização social. A nova visão, ao rejeitar a globalização imposta "de cima para baixo", propõe a integração a ser realizada pelas populações, "de baixo para cima". Em vez de um punhado de executivos, empresários, tecnocratas e seus intelectuais orgânicos, serão as organizações populares e democráticas, baseadas na participação e o engajamento de todos, que conduzirão o processo de transformação social, econômica e política. Essa empreitada e as tarefas dela conseqüentes não podem ser atribuição de uma minoria "iluminada". A conquista dos Direitos Humanos, a plena vigência do Estado de Direito e da justiça social exigem ações coletivas nas quais os atores sociais se tornem agentes ativos e conscientes do processo histórico e gestores de seu destino.

Aos céticos e cínicos que desdenhem de uma análise crítica do contexto histórico, sob a alegação da inviabilidade e inutilidade de "utopias", deve se lembrar o que seria o mundo se não houvesse, em todas as gerações, indivíduos capazes e corajosos de pensar as alternativas, posteriormente transformadas em realidade. Baseando nos na premissa "toda a realidade é construção social" inferimos que aquilo que foi construído por seres humanos, por eles pode ser desconstruído e reconstruído.

Afinal, a História do capitalismo data de alguns séculos apenas, em que foram travadas inúmeras guerras, com dezenas de milhões de pessoas exterminadas e inestimáveis recursos naturais devastados.Impelido por uma dinâmica perversa de concentração e polarização em todas as esferas da vida social, o sistema não parece dispor de saídas para romper o círculo vicioso. Portanto, seria ilógico e injusto rejeitar o socialismo, invocando o fracasso da única experiência de sua implantação, em condições históricas extremamente adversas.

Mas, diferentemente do embate entre capital e trabalho nos séculos XIX e XX que polarizou os conflitos sociais e políticos, o socialismo em nosso século será construído pelas alianças e redes entre movimentos e organizações sociais, em nível local, nacional e internacional. Suas lutas transcendem as questões salariais para enfrentar os problemas da exclusão social, do desemprego, da destruição de pequenas empresas da precarização das relações de trabalho, da biodiversidade e da devastação ambiental, das reformas agrária e urbana e, sobretudo, da defesa intransigente dos Direitos Humanos em todas suas dimensões.

Para corresponder ao anseio generalizado por uma cidadania plena, de direitos e responsabilidades, o socialismo do século XXI será democrático, aberto à participação de todos e visceralmente comprometido com a liberdade individual e a justiça social.

Voltamos, portanto, a afirmar "um outro mundo é possível!”

    
HENRIQUE RATTNER




EXERCÍCIOS PARA ESTUDAREM!!!


1. (Cesgranrio) A URSS transformou-se, após 1945, numa das potências mundiais, tanto no campo econômico como técnico. Um dos melhores exemplos dessa transformação é o:
a) desenvolvimento da política espacial, representada pela 1ª viagem em torno da Terra por Gagarin.
b) desenvolvimento da indústria cinematográfica e das teorias em torno da fusão nuclear.
c) desenvolvimento da indústria automobilística e o incremento do sistema industrial privado.
d) crescimento do mercado interno, com o desenvolvimento de novas técnicas de cultivo agrícola e aumento de salários.
e) crescimento da produção agrícola em função do fim da intervenção do Estado no setor e de técnicas administrativas americanas.

2. (Cesgranrio) No início da década de 60, o arsenal nuclear à disposição das grandes potências era suficiente para destruir a humanidade, caso fosse utilizado em uma situação de confronto. Ao assumir o governo, o Presidente Kennedy (1961-63) defendeu a substituição da política externa norte-americana de confronto por uma de entendimento com a URSS, cujo objetivo era o desarmamento gradual das duas superpotências.  Esse programa do governo Kennedy foi conhecido como:
a) Doutrina Drago.
b) Doutrina Monroe.
c) Corolário Roosevelt
d) Nova Fronteira.
e) Política de Boa Vizinhança.

3. (Cesgranrio) Ao final da Segunda Guerra Mundial, a ruptura do acordo que unira os aliados vitoriosos gerou um ordenamento político internacional baseado na bipolaridade. Nesse contexto, crises políticas e tensões sociais desencadearam um processo de construção do socialismo em diversos países. Assinale a opção que apresenta uma afirmativa correta sobre a construção do socialismo no mundo do pós-guerra:
a) Na Iugoslávia (1944-45), o regime comunista implantado pelo Marechal Tito submeteu-se à hegemonia política e econômica soviética, o que acarretou sua expulsão do movimento dos países não alinhados.
b) Na Tchecoslováquia (1946), o socialismo reformista, baseado na descentralização e liberalização do sistema frente ao modelo stalinista, retomado na política de Brejnev, foi interrompido pela repressão russa, encerrando a "Primavera de Praga".
c) Na China (1949), a revolução comunista derrubou o regime imperial e expulsou os invasores japoneses da Manchúria, reunindo os nacionalistas, os "senhores da guerra" e os comunistas maoístas em um governo de coalizão que instituiu uma república popular no país.
d) Na Coréia (1950-53), a intervenção militar norte-americana impediu o avanço das forças revolucionárias comunistas que ocupavam o norte do país, reunificando as duas Coréias sob a tutela do Conselho de Segurança da ONU.
e) Em Cuba (1959), a vitória dos revolucionários castristas foi favorecida pela promulgação da Emenda Platt no Senado americano, que regularizou o envio de armamentos aos guerrilheiros contrários à ditadura de Fulgêncio Batista.

4. (Cesgranrio) O fim da Guerra Fria, expresso na extinção da União Soviética, em 1991, acarretou um novo equilíbrio e o ordenamento das relações internacionais, que se caracteriza por um (a):
a) enfraquecimento dos movimentos nacionalistas regionais e das tendências de globalização na Europa ocidental.
b) declínio da liderança política internacional das superpotências em virtude da transferência do controle de seus arsenais nucleares para a Assembléia Geral da ONU.
c) revitalização das alianças militares estratégico-defensivas, conforme os pactos políticos da Europa central e do leste.
d) formação de megablocos político-econômicos que favoreceram a internacionalização dos fluxos de capitais, tais como a da Comunidade Européia e a do Nafta.
e) decadência econômica dos países da bacia do Pacífico que haviam mantido uma posição de neutralidade durante a Guerra Fria, tais como Cingapura e Malásia.

5. (Cesgranrio) Após a Segunda Guerra Mundial, consolidou-se uma ordem político-econômica internacional que expressou o(a):
a) conflito político e ideológico entre a União Soviética e os Estados Unidos.
b) supremacia política e militar da Europa Ocidental.
c) subordinação neocolonial dos países árabes e da América Latina.
d) liderança política mundial da China Comunista através de sua participação na ONU.
e) hegemonia econômica mundial das ex-nações imperialistas, tais como a Inglaterra e a França.

6. (Faap) Após a Segunda Guerra Mundial, a URSS estruturou um plano de cooperação política com os países do bloco oriental, criado, em 1947:
a) o Comecom
b) o Kominform
c) o Pacto de Varsóvia
d) o Plano Marshall
e) a Otan

7. (Fatec) "É lógico que os EUA devem fazer o que lhes for possível para ajudar a promover o retorno ao poder econômico normal no mundo, sem o que não pode haver estabilidade política nem garantia de paz."
                (Plano Marshall 5. VI. 1947)
Esse plano
a) assegurava a penetração de capitais  norte-americanos no continente europeu, sobretudo em sua parte oriental.
b) garantia, aos norte-americanos, o retorno a uma política isolacionista, voltada unicamente para os seus interesses internos.
c) pretendia deter as ameaças soviéticas sobre os países do Oriente Médio, cuja produção de petróleo era vital para as economias ocidentais.
d) era um instrumento decisivo na luta contra o avanço do comunismo na Europa arrasada pelo pós-guerra.
e) representava uma tomada da tradicional política da "boa vizinhança" dos EUA em relação à América Latina.

8. (Fgv) Em junho de 1947, o governo dos EUA passou a implementar um projeto de reconstrução da Europa denominado Plano Marshall. Qual dos tópicos a seguir NÃO é uma causa desse plano:
a) o temor trazido pela criação do Mercado Comum Europeu (MCE);
b) o deslocamento do controle do capitalismo da Europa para os EUA e sua crescente influência sobre os países europeus;
c) a necessidade que a Europa tinha de reunir recursos para pagar o seu principal credor, os EUA, que lhe forneceram desde alimentos até materiais bélicos durante a II Guerra Mundial;
d) a necessidade de se reconstruírem as cidades e de recuperarem a indústria e a agropecuária européia, devastadas durante a II Grande Guerra;
e) o interesse que os Estados Unidos tinham em fortalecer a ordem capitalista na Europa Ocidental e, assim, impedir a expansão do socialismo no continente.

9. Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o fim da União Soviética, não foram um período homogêneo único na história do mundo. (...) dividem-se em duas metades, tendo como divisor de águas o início da década de 70. Apesar disso, a história deste período foi reunida sob um padrão único pela situação internacional peculiar que o dominou até a queda da URSS.    
(HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos. São Paulo: Cia das Letras,1996)

O período citado no texto e conhecido por “Guerra Fria” pode ser definido como aquele momento histórico em que houve
a) corrida armamentista entre as potências imperialistas européias ocasionando a Primeira Guerra Mundial.
b) domínio dos países socialistas do Sul do globo pelos países capitalistas do Norte.
c) choque ideológico entre a Alemanha Nazista / União Soviética Stalinista, durante os anos 30.
d) disputa pela supremacia da economia mundial entre o Ocidente e as potências orientais, como a China e o Japão.
e) constante confronto das duas superpotências que emergiram da Segunda Guerra Mundial.

10. (Mackenzie)
I- "A OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte, vai começar sua expansão para o Leste Europeu até junho de 1997.
A afirmação foi feita à Folha (...) pelo secretário-geral da entidade (...) e se refere à data na qual ele pretende que seja feito o convite oficial a novos membros para a Aliança Militar (...)
Os 'parceiros' (...) sairão da Parceria para a Paz, acordo militar entre 27 países da OTAN, Leste Europeu e Ásia, lançado em 1994. A Polônia é favorita."
                ("Folha de São Paulo")

II- "Mais de 900 militares americanos (...) foram mantidos como prisioneiros na Coréia do Norte, após o fim da Guerra da Coréia (...) muitos dos prisioneiros foram submetidos a experiências com drogas e depois executados.
As experiências, para determinar a ação das drogas em interrogatórios, foram conduzidas por agentes Tchecoslovácos e Soviéticos."
                ("O Estado de São Paulo")

III- "O Vaticano não comentou ontem, alegações de que o Papa João Paulo II e o governo dos E.U.A. (CIA), trabalhavam juntos em segredo na década de 80, para apressar o fim do comunismo na Polônia.
A aliança informal entre os E.U.A. e o Vaticano inclui corte de verbas do Governo Norte-Americano para programas de controle de natalidade no país e o silêncio do Papa quanto à instalação de mísseis na Europa Ocidental."
            ("Folha de São Paulo")

Dentre os textos anteriores, relacionam-se com a Guerra Fria:
a) somente I.
b) somente I e II.
c) I, II e III.
d) somente II e III.
e) somente I e III.

11. (Puccamp) "...inspirado por razões humanitárias e pela vontade de defender uma certa concepção de vida ameaçada pelo comunismo, constitui também o meio mais eficaz de alargar e consolidar a influência norte-americana no mundo, um dos maiores instrumentos de sua expansão (...) tem por conseqüência imediata consolidar os dois blocos e aprofundar o abismo que separava o mundo comunista e o Ocidente..."

"...as partes estão de acordo em que um ataque armado contra uma ou mais delas na Europa ou na América do Norte deve ser considerado uma agressão contra todas; e, conseqüentemente, concordam que, se tal agressão ocorrer, cada uma delas (...) auxiliará a parte ou as partes assim agredidas (...)"

Os textos identificam, respectivamente,
a) a Doutrina Monroe e a Organização da Nações Unidas (ONU).
b) o Plano Marshall e a organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
c) o Pacto de Varsóvia e a Comunidade Econômica Européia (CEE).
d) o Pacto do Rio de Janeiro e o Conselho de Assistência Econômica Mútua (COMECON).
e) a Conferência do Cairo e a Organização dos Estados Americanos (OEA).

12. (Puccamp) "A bipolarização do mundo, após a Segunda Guerra Mundial, apesar de ter se constituído na principal referência para as relações internacionais, não chegou a garantir um verdadeiro equilíbrio mundial. Nesse contexto consolidou-se a hegemonia internacional norte-americana".  A esse respeito pode-se afirmar que na presidência de
a) Truman (1945 - 52), encerrou-se a política macarthista, o que possibilitou o fim da Guerra da Coréia e sua conseqüente unificação sob um protetorado norte-americano.
b) Eisenhower (1952 - 60), completou-se o sistema de segurança norte-americano, com a formação de diversos pactos militares contra os comunistas.
c) Kennedy (1960 - 63), desenvolvendo a "Aliança para o Progresso" encerrou-se a política de confronto com o mundo comunista, permitindo a retirada americana do conflito vietnamita.
d) Johnson (1963 - 68), a discussão da Doutrina Monroe consolidou-se as alianças políticas com os movimentos nacionalistas e o fim das intervenções militares na América Latina.
e) Nixon (1968 - 1974), a aproximação com os países comunistas foi dificultada pela negação da União Soviética em assinar o Tratado de Limitação de Armas Estratégicas, Salt-1.

13. (Puccamp) "A construção de uma nova ordem mundial, após a Segunda Guerra Mundial, contou com a participação da União Soviética, cuja importância estendeu-se até sua desintegração em 1991".
Sobre o período mencionado no texto, pode-se afirmar corretamente que
a) o desaparecimento de Joseph Stálin (1953), acompanhado da ascensão de Malenkov, conduziu a um recrudescimento da Guerra Fria, instigando a participação soviética em disputas por áreas como a Letônia e o Vietnã.
b) o Governo de Kruschev (1955-64) correspondeu a uma época de críticas às práticas políticas do Stalinismo e à negação, por parte da URSS, da inevitabilidade da Guerra com os países capitalistas do Ocidente.
c) a ruptura das relações entre os Partidos Comunistas da URSS e da China (1959) consagrou a liderança política internacional russa submetendo a China a seus interesses e autoridades.
d) a chegada de Brejnev ao poder favoreceu o estouro de um movimento de reformas liberalizantes, que reestruturam o Estado Soviético extinguindo a censura interna e abrindo o país aos estrangeiros.
e) a administração de Andropov (1982-84) provocou um endurecimento do regime com a volta das perseguições políticas, prisões em massa e a revitalização das forças armadas russas.

14. (Puccamp) "... foi um período em que a guerra era improvável, mas a paz era impossível. A paz era impossível porque não havia maneira de conciliar os interesses de capitalistas e comunistas. Um sistema só poderia sobreviver à custa da destruição total do outro. E a guerra era improvável porque os dois blocos tinham acumulado tamanho poder de destruição, que se acontecesse um conflito generalizado seria, com certeza, o último..."

O texto descreve uma problemática que, na história recente da humanidade,
a) identifica as tensões internacionais durante a Revolução Russa.
b) ilustra as relações americano-soviéticas durante a Guerra Fria.
c) caracteriza o panorama mundial durante a Guerra do Golfo Pérsico.
d) revela o perigo da corrida armamentista durante a Revolução Chinesa.
e) explica os movimentos pacifistas no Leste Europeu durante a Guerra do Vietnã.

15. (Uel) As mudanças no panorama internacional representadas pela vitória socialista de Mao-Tsé-tung na China, pela eclosão da Guerra da Coréia e pelas crescentes dificuldades no relacionamento com a URSS, repercutiram na forma de tratamento dispensada pelos Estados Unidos ao Japão.  Este, de "inimigo vencido", passou a
a) atuar como o mais forte aliado da URSS naquela região.
b) ser a principal base de operações norte-americanas na Ásia.
c) competir com as forças econômicas alemãs e inglesas.
d) buscar o seu nível econômico de antes da Primeira Guerra Mundial.
e) menosprezar o "consenso" - política de participação de pessoal, que visa à integração do trabalhador no esquema da empresa capitalista.

16. (Ufes) Em agosto de 1961, na "Conferência Econômica e Social de Punta Del Este", o presidente John Kennedy apresentou aos países latino-americanos o projeto da "Aliança para o Progresso", o qual previa, em linhas gerais, o aperfeiçoamento e fortalecimento das instituições democráticas, mediante a autodeterminação dos povos, a aceleração do desenvolvimento econômico e social dos países latino-americanos, a erradicação do analfabetismo e a garantia aos trabalhadores de uma justa remuneração e adequadas condições de trabalho.  Situando a "Aliança para o Progresso" no contexto das relações internacionais vigentes no Pós-Guerra, constatamos que sua criação se deveu ao desejo do governo norte-americano de
a) bloquear a acentuada evasão de capitais latino-americanos, resultante da importação maciça de bens de consumo japoneses e das altas taxas de juros pagas aos países integrantes do "Pacto de Varsóvia" por conta dos empréstimos contraídos na década de 50.
b) conter o avanço dos movimentos revolucionários na América Latina, reafirmando assim a liderança exercida pelos EUA sobre o Continente, numa conjuntura de acirramento da Guerra Fria por conta da Revolução Cubana.
c) desviar, para a América Latina, parte dos investimentos previstos no "Plano Global de Descolonização Afro-Asiática", em virtude das revoluções socialistas de Angola e Moçambique, que tornaram a posição norte-americana na África insustentável.
d) impedir que a República Federal Alemã, país de orientação socialista, firmasse acordos com a finalidade de transplantar tecnologia nuclear para o Terceiro Mundo, a exemplo do que havia ocorrido no Brasil sob o governo JK.
e) reabilitar os acordos diplomáticos entre os EUA e os demais países latino-americanos, que haviam sido rompidos quando da invasão de Honduras e do Equador pelas tropas norte-americanas, fortalecendo assim a OEA.

17. (Ufmg) Sobre a geopolítica na conjuntura imediatamente pós Segunda Guerra, pode-se afirmar que
a) as áreas que não se envolveram, diretamente, no conflito conseguiram alcançar um amplo desenvolvimento econômico baseado em uma política de exportação.
b) as diversas formas de dominação colonial e de exploração que caracterizavam, historicamente, as relações entre o centro e a periferia foram mantidas.
c) os países aliados estabeleceram uma política de arrasamento dos países vencidos inviabilizando o crescimento mundial durante décadas.
d) os países vencidos se agruparam formando o bloco dos não-alinhados viabilizando, assim, sua recuperação uma vez que não foram levados em consideração pelos vencedores.

18. (Unirio) Assinale a opção que apresenta corretamente um evento que NÃO se relaciona com o processo de Distensão e Multipolaridade ocorrido nas relações internacionais a partir do início da década de 1970:
a) Entrada da China Comunista na ONU.
b) Assinatura dos tratados de limitação de armas estratégicas entre a União Soviética e os Estados Unidos.
c) Retirada das tropas norte-americanas do Vietnã.
d) Criação da Comunidade dos Estados Independentes.
e) Adoção da Política externa de "Coexistência Pacífica", coordenada por Henry Kissinger.

19. (Enem) Em dezembro de 1998, um dos assuntos mais veiculados nos jornais era o que tratava da moeda única européia. Leia a notícia destacada a seguir.

O nascimento do Euro, a moeda única a ser adotada por onze países europeus a partir de 1 de janeiro, é possivelmente a mais importante realização deste continente nos últimos dez anos que assistiu à derrubada do Muro de Berlim, à reunificação das Alemanha, à libertação dos países da Cortina de Ferro e ao fim da União Soviética. Enquanto todos esses eventos têm a ver com a desmontagem de estruturas do passado, o Euro é uma ousada aposta no futuro e uma prova da vitalidade da sociedade européia. A "Euroland", região abrangida por Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal, tem um PIB (Produto Interno Bruto) equivalente a quase 80% do americano, 289 milhões de consumidores e responde por cerca de 20% do comércio internacional. Com este cacife, o Euro vai disputar com o dólar a condição de moeda hegemônica.
                (Gazeta Mercantil, 30/12/1998)

A matéria refere-se 'a " desmontagem das estruturas do passado"  que pode ser entendida como
a) o fim da Guerra Fria, período de inquietação mundial que dividiu o mundo em dois blocos ideológicos opostos.
b) a inserção de alguns países do Leste Europeu em organismos supranacionais, com o intuito de exercer o controle ideológico no mundo.
c) a crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia levando à polarização ideológica da antiga URSS.
d) a confrontação dos modelos socialistas e capitalista para deter o processo de unificação das duas Alemanhas.
e) a prosperidade as economias capitalistas e socialistas, com o conseqüente fim da Guerra Fria entre EUA e a URSS.

20. (Fatec) A reconstrução econômica do Japão, acelerada após 1950, é explicada principalmente:
a) pelos progressos da agricultura, dirigida prioritariamente para a produção de matérias primas.
b) pela maciça aplicação de capitais na produção e pela mão-de-obra numerosa e barata.
c) pela facilidade de comércio com os países asiáticos graças à construção de numerosa frota.
d) pela abundância de riquezas minerais.
e) pela existência de mercado consumidor interno.

GABARITO:
1.A    
2.D    
3.B    
4.D    
5.A    
6.B    
7.D    
8.A
9.E   
10.D  
11.B  
12.B  
13.B   
14.B  
15.B  
16.B
17.B 
18.D  
19.A 
20.B

 MAIS!!!

1 - As reformas políticas e econômicas iniciadas por Mikhail Gorbatchov, em fins da década de 1980, na União Soviética, se fizeram acompanhar de muitas transformações nos países do Leste europeu, aprofundando a crise do socialismo na região. Sobre essas mudanças, estão corretas as seguintes afirmações, com EXCEÇÃO de uma. Qual?
a) As lideranças que assumiram, na Polônia, a partir de 1989, a condução do processo de reforma política já vinham fazendo firme oposição ao governo socialista desde o início dos anos 80, quando estiveram representadas pela articulação entre a Igreja Católica e o sindicato Solidariedade.
b) À frente da reorganização política da Checoslováquia, as antigas lideranças do movimento civil de 1968 não conseguiram impedir a ação de movimentos separatistas.
c) Os movimentos nacionalistas e populares, de inspiração liberal, levaram os Partidos Comunistas, na Hungria e na Iugoslávia, ao colapso, lançando esses países numa guerra civil prolongada, em que o extermínio étnico e religioso foi intenso.
d) Fechando-se, desde o fim da guerra, aos contatos regulares com os países europeus e governada a partir de uma concepção ortodoxa de socialismo, a Albânia foi o último país da região a passar pelas transformações que marcaram o período.
e) A emigração para a Alemanha Ocidental e a consequente abertura das fronteiras representou, na Alemanha Oriental, um fator importante para o colapso da autoridade do governo comunista.

2 - A Reunificação alemã converteu-se em um processo de adequação das distintas realidades dos dois países para que a Alemanha se convertesse em um único Estado, com o oferecimento dos mesmos direitos a todos. Frente a essa situação, aponte a alternativa que expõe corretamente um fato histórico sobre esse processo: 
a) Os governantes alemães orientais opuseram-se à adoção do marco alemão ocidental, utilizando sua moeda até meados da década de 1990. 
b) O Muro de Berlim caiu apenas em partes, sendo que foi utilizado como forma de controle do deslocamento dos habitantes entre as áreas ocidental e oriental ainda durante cinco anos após a reunificação. 
c) Uma das principais dificuldades da reunificação alemã foi alcançar um equilíbrio econômico e social entre as duas partes do país, principalmente no oferecimento aos orientais dos mesmos benefícios sociais que gozavam os ocidentais. 
d) A capital da Alemanha passou a ser a cidade de Munique, já que Berlim não poderia ser utilizada em virtude das lembranças da divisão existente na cidade.