quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

IDENTIFICAÇÃO COM O CURSINHO HERBERT!!

por André Camargo

Foi a terceira ocupação que visitei.
Sabe, tem muita gente — inclusive pessoas inteligentes— vomitando bosta pelas redes sociais, sem nunca ter se aproximado para conhecer essa molecada.
Sem nunca ter entrado em uma escola pública.
Gente que, em sua prepotência cínica, descompromissada, acaba legitimando o Estado em sua face mais autoritária. O Estado em guerra declarada contra a Sociedade Civil.
Justificam cinicamente a famigerada truculência covarde, descabida, da PM — uma das polícias que mais matam no mundo — contra meninos, meninas, jornalistas e quem mais estiver por perto.
Esse é um mecanismo psíquico conhecido: você culpabiliza as vítimas e se identifica com o agressor.
Foi assim, por exemplo, com os judeus recrutados pelos nazistas como guardas, nos campos de concentração. Ou os tibetanos aliciados pela ditadura comunista chinesa. Eles se tornaram ainda mais cruéis contra seu povo que os opressores estrangeiros.
Será que algo assim está acontecendo com você?
Ao invés de perceber que a luta deles é a nossa, você chama adolescentes corajosos, que aceitam tomar porrada para lutar por uma educação de qualidade, de vândalos e vagabundos?
Mas a gente precisa se informar melhor, para não embarcar na visão corporativista, vendida, da mídia de massas. Ou nas táticas de guerrilha de burocratas calculistas.
“Desqualificar, desmobilizar, desmoralizar” - nas palavras do Chefe de Gabinete de Alckmin a dirigentes de Ensino

Acredito que o que a molecada nos disse lá na ocupação precisa ser ouvido por muita gente. Pelos menos por quem ainda tem algum vestígio de coração humano batendo no peito.
(Porque para aqueles dentre nós que são tão psicopatas quanto o policial que sorri de prazer ao esganar um moleque franzino, aí não adianta nada, mesmo. Melhor nem ler.)
Bom, vou contar a história deles.

A escola estadual fica dentro do terreno de uma igreja católica (!). Para chegar até ela, precisa passar por uma portaria. A escola tem o nome de um padre.
O prédio — um galpão improvisado e dois blocos com a conhecida arquitetura penitenciária (feita de salas apertadas e corredores escuros)— foi construído por meio de doações da comunidade. A Igreja aluga o imóvel para o Estado.
Somos atendidos por uma mãe. Ela bate no portão por um tempo até que um estudante venha abrir.
Sensação de abandono. A negligência se expressa por salas sem ventiladores (que devem ficar intoleráveis no calor), poucas janelas cobertas de grades, pintura descascada, cortinas rasgadas e mobiliário quebrado. No lugar de interruptores, fios elétricos expostos, desencapados. Quadro de força sem a portinha de proteção.
(Sabe, se você tentar abrir uma escola, vai passar por uma série de vistorias meticulosas, até que atenda a todas as exigências da Secretaria de Educação. Cada detalhe é minuciosamente verificado. No entanto, ali estavam situações flagrantes de jovens submetidos a real perigo de morte, sem qualquer atenção.)
Como pode?
O Estado passou cerca de cinco anos sem pagar aluguel (de pouco mais de 20 mil reais por mês).
O padre queria o prédio de volta.
Fizeram algum tipo de acordo e o aluguel voltou a ser pago. A escola funcionando, até quadra poliesportiva nova eles ganharam.
Depois, para surpresa geral, a instituição entrou para a lista das 94 que seriam fechadas pelo governo estadual.
Os alunos não conseguiam entender.
Não fazia sentido.
Afinal, nos disseram, aquela escola era uma das mais bem avaliadas da região. Tinha notas acima da média estadual. E o prédio já estava todo adaptado, recebendo crianças e adolescentes com deficiências, que chegavam de várias cidades vizinhas.
Na verdade, a maior parte dos estudantes dali possuem deficiências. E, como enfatizou uma das mães que nos receberam, que apoiava a ocupação, a configuração incomum gerava uma integração orgânica entre quem tinha alguma deficiência e os “normais”.
Muito menos discriminação.
Aprender a conviver com a diferença, ao invés de se relacionar com o outro por meio de preconceitos e estereótipos, isso na formação de um ser humano é vital.
É o que acontecia por lá.

Se a escola fechar, nos disseram, eles não terão para onde ir. Serão remanejados para uma unidade vizinha que não está adaptada. Sem acessibilidade, portanto, para quem tem limitações como as desses meninos e meninas.
A conclusão óbvia é que, em função do plano de “reorganização”, muitas crianças e adolescentes — com ou sem deficiências — acabarão fora da escola.
Então por que fechar?
Não era pelas avaliações. Também não era por falta de relevância social.
Seria para economizar o aluguel e as despesas com pessoal?
Começaram a especular que a decisão poderia ter sido tomada porque a média de alunos por sala (de 25, naquela escola) era inferior à média estadual (40 alunos por sala).
No entanto, não cabem mais de 25 pessoas — espremidas — naquelas salas! Fora isso, nos disseram que no começo do ano a direção da escola recusou matrículas de novos alunos porque não tinham mais vagas.
Ali não havia, decididamente, espaço ocioso. Ao contrário: estavam lotados.
(Imagine que, a exemplo de várias outras escolas, a molecada descobriu, apenas durante a ocupação, que tinham um laboratório, equipamentos caros e uma piscina (!) que não podiam usar. Estavam fechados e trancados…)
Como dói ver esses meninos e meninas submetidos a tamanha violência simbólica! A tanto descaso, cinismo e hipocrisia de gente engravatada, de fala mansa, que só se move por meio de politicagens e negociatas que atendem a sua sede de poder.

Estávamos sentados em uma roda de conversa, eu, a amiga que me convidou para acompanhá-la, o motorista dela, uma mãe, um professor e cerca de doze estudantes. Alguns não eram daquela escola, vinham de outros lugares para apoiá-los.
E foi a partir de um comentário casual que as peças do quebra-cabeças começaram a se encaixar.
O terreno contíguo ao prédio escolar abrigava uma bela mata, que alguns ali disseram ser de espécies nativas.
Assim como o terreno onde foi construída a escola, a mata pertencia à igreja.
Mas a mata seria derrubada.
Aquela propriedade tinha sido vendida pelo padre para a construção de um condomínio.
(Você deve ter reparado, a essa altura, que estou evitando dar nomes. Mas vou dizer só uma coisa: aquele terreno onde vai ser construído o condomínio é vizinho da Granja Viana — uma região próxima à capital de intensa valorização imobiliária...)
Sabe, a comunidade local se revoltou contra o padre. Sentiram-se traídos. Afinal, boa parte daquele terreno era fruto de doações de moradores, sobretudo em função dos projetos sociais da igreja.
Para onde ia o dinheiro
da venda do terreno?
E que tristeza: aquele restinho de mata, trocado por concreto!
Só no final, porém, é que veio a cereja do bolo.
Já tínhamos saído da escola, a caminho do carro. Enquanto nos despedíamos, chegou um professor que, segundo nossas interlocutoras, era quem estava mais por dentro da situação.
Então ele explicou.
O acesso ao local onde ficará o condomínio é complicado. Para quem vem da rodovia, como nós, ele fica atrás da escola, cujos prédios funcionam como uma espécie de paredão para chegar lá em linha reta.
A fim de viabilizar o empreendimento, eles vão precisar construir uma estrada decente, que ligue a rodovia à entrada do condomínio.
Uma estrada que terá de passar, inevitavelmente,…
...por dentro do terreno da escola.
Aí eu olhei naquela direção e não vi espaço suficiente para estrada nenhuma. Perguntei como eles pretendiam fazer.
O professor recém-chegado apontou com o dedo o prédio de três andares que se estendia por uns 50 metros, do lado direito, próximo ao muro que separava a escola das casas do bairro.
Era o bloco de salas de aulas que a gente tinha visitado.
“Tá vendo aquela coluna? A estrada vai passar por ali. Eles vão ter que derrubar.”
Eu demorei para entender.
“Mas derrubar, como?!? O prédio inteiro?”
“É. O prédio inteiro.”


A escola não é o prédio. Não é o espaço físico. Com todos os seus defeitos, ainda assim, é a comunidade de pessoas que esteve, está e estará reunida em torno de um sonho compartilhado de formação humana.
São histórias e lembranças. Narrativas e memórias. Esperanças de um futuro melhor. É ao mesmo tempo uma presença coletiva e um organismo vivo com o potencial de humanizar bairros e cidades.
Ao derrubar o prédio, porém, essas pessoas — e suas famílias — ficam desalojadas, como quando pisamos em um formigueiro.
Fechar escolas não é apenas derrubar ou trancar prédios; é como passar com um trator de aço por sobre matas centenárias, privando-nos do oxigênio que alimenta a vida, com o objetivo único de transformar o terreno ceifado em lucros privados.

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Fazendo isso, você ajuda mais gente a ouvir o grito dos estudantes
Fonte: https://www.linkedin.com/in/andr%C3%A9-camargo-costa-b527a03a

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

“Revolta da Chibata” 105 anos

105 anos da “Revolta da Chibata”

Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do Mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como Almirante Negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
(...) Rubras cascatas
Jorravam nas costas dos negros
Pelas pontas das chibatas
(...) Salve o Almirante Negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas no cais.
                 João Bosco e Aldir Blanc

Às 22h55min do dia 22 de novembro de 1910 – há exatos 100 anos – ecoaram na Baía da Guanabara os tiros dos canhões da poderosa Armada do Brasil, recentemente renovada na Inglaterra com as mais mortíferas belonaves do mundo. Entre os navios rebelados estavam os poderosos dreadnoughtsMinas Gerais e o São Paulo, encouraçados pesados de última geração, armados com canhões de grande alcance e enorme poder destrutivo.
No elegante Clube da Tijuca, a nata da sociedade carioca participava de uma luxuosa recepção, promovida pelo recém empossado presidente da República – o marechal Hermes da Fonseca.
Os telégrafos funcionam freneticamente dando notícias desencontradas, até que os primeiros oficiais e sub-oficiais fugidos desembarcam no cais e relataram que os marinheiros – em sua imensa maioria negros – haviam se apossado pela força dos navios e assumido o seu comando. A revolta teria causado a morte de diversos oficiais e marinheiros. O chefe dos revoltosos – o marinheiro de 1ª classe João Cândido Felisberto, gaúcho de Encruzilhada do Sul –, manobrava a esquadra, com a maestria de um Almirante e ameaçava bombardear a capital da República, caso as suas reivindicações não fossem atendidas.
E quais eram, 22 anos após a abolição da escravidão, as reivindicações dos marinheiros rebelados?
Exigiam que o Presidente da República pusesse fim à chibata e aos castigos físicos na Marinha, houvesse tratamento digno aos marinheiros, soldos justos e anistia aos revoltosos: “Nós marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não podendo mais suportar a escravidão na Marinha Brasileira (...) que durante vinte anos de República ainda não foi bastante para tratar-nos como cidadãos fardados em defesa da pátria (...) que V. Excia. faça (...) reformar o Código Imoral e Vergonhoso que nos rege, a fim de que desapareça a chibata, o bolo e outros castigos semelhantes; aumentar o nosso soldo (...) Tem V. Excia o prazo de 12 horas para mandar-nos a resposta satisfatória, sob pena de ver a Pátria aniquilada.”
Antecedentes
O Brasil foi o último do mundo a abolir a escravidão, mas isso não significou uma verdadeira libertação do povo negro. Excluídos do direito à propriedade pela “Lei das Terras” de 1850, excluídos do trabalho livre pela imigração européia e por políticas racistas que pregavam o “branqueamento” da população brasileira, despossuídos dos mais elementares direitos civis, os negros sobreviveram na periferia dos centros urbanos ou em áreas rurais marginais, em condições de subemprego crônico.
Na Marinha Brasileira, a oficialidade, era toda ela branca, sem exceção, e provinha de famílias oligárquicas, até bem pouco escravocratas. Já os marujos, na imensa maioria, cerca de 90%, eram negros, mulatos ou mestiços recrutados à força entre as camadas mais pobres da sociedade, muitos retirados das prisões. Assim – apesar de terem decorrido décadas desde a abolição –, as relações entre os oficiais e os marinheiros continuavam reproduzindo as relações das senzalas e o uso da chibata para o castigo dos marinheiros era visto como algo normal.
É verdade que logo após a proclamação da República, havia sido editado o decreto nº 3, em 16 de novembro de 1889, abolindo os castigos corporais nos navios de guerra. Mas, em 12 de abril de 1890, o decreto nº 328 reintroduziu a chibata na Marinha, através da chamada Companhia Correcional, no que eram enquadrados os marinheiros considerados “indisciplinados”. Seu artigo 8º determinava: “Para as faltas leves, prisão e ferro na solitária, a pão e água; faltas leves repetidas, idem, idem por seis dias; faltas graves, 25 chibatadas.” É desnecessário dizer que esse número não era respeitado, ficando ao arbítrio do comandante a sua quantidade, que em geral excedia em muito o prescrito.
Um episódio, aparentemente trivial, espelha bem o recorte racial e de classe existente na Marinha Brasileira da época. Tão logo ingressou na Marinha, João Cândido Felisberto teve que abrir mão do nome Felisberto, pois havia um suboficial com o mesmo nome, que não aceitava ser confundido com um negro...
É essa realidade anacrônica que entra em choque, no início do século XX, com a modernização da Marinha. De fato, em 1906, em um ambicioso plano de modernização de sua Armada, o governo brasileiro encomendou da Inglaterra dois grandes encouraçados – o Minas Gerais e o São Paulo – três cruzadores, seis contratorpedeiros, seis torpedeiros, seis torpedeiros menores, três submarinos e um navio carvoeiro, tornando-se a terceira mais poderosa marinha de guerra do mundo.
Para aprender o manejo desses modernos navios, centenas de marujos brasileiros – entre eles João Cândido Felisberto, já então marinheiro de 1ª classe – foram enviados em 1908 para os estaleiros de New Castle, na Inglaterra, onde passaram a conviver com marinheiros de todo o mundo e tiveram contato com as idéias avançadas da classe operária européia. Da mesma forma, tomaram conhecimento da revolta do encouraçado Potenkim – ocorrida em 1905, na frota do Mar Negro. Todas essas experiências inspiraram a sua decisão de lutar por condições dignas de vida e de trabalho na Marinha Brasileira. O próprio João Cândido confirmou, anos depois, que a preparação da Revolta da Chibata teve início na Inglaterra.
A Revolta
De volta ao Brasil, no início de 1910, João Cândido passou a articular a revolta junto com Francisco Dias Martins, o “Mão Negra”, tendo como principais reivindicações a abolição da chibata, a melhoria da alimentação e a elevação dos soldos. O país vivia os rescaldos da campanha presidencial que dividira o país entre os partidários do Marechal Hermes da Fonseca – o vencedor – e o civilista Rui Barbosa.
Inicialmente, a revolta foi marcada para o dia 15 de novembro, mas um forte temporal nesse dia fez com a mesma fosse adiada para 24 ou 25 de novembro. Um acontecimento inesperado, porém, antecipou a deflagração do movimento.
No dia 16 de novembro, o marinheiro Marcelino Rodrigues de Menezes – do encouraçado Minas Gerais – foi retalhado por 250 chibatadas, por haver ferido levemente, com uma navalha de barbear, o cabo Valdemar de Sousa que lhe denunciara por haver tentado introduzir duas garrafas de aguardente no navio. Com requintes de selvageria e perante toda a tripulação reunida para assistir o castigo, Marcelino foi açoitado até perder os sentidos. Reanimado à força, o castigo prosseguiu, até quase a morte. Dias depois, quando o Comandante José Carlos de Carvalho visitou o encouraçado Minas Gerais, para negociar o fim da revolta, afirmou: “as costas desse marinheiro assemelhavam-se a uma tainha lanhada para ser salgada”.
Naquela noite, nos porões do encouraçado, os marinheiros juraram que isso teria fim e que Marcelino seria o último marinheiro chibatado. A revolta foi antecipada para a noite do dia 22 de novembro, quando fosse dado o toque de recolher. Como disse João Cândido, anos depois: “Naquela noite o clarim não pediria silêncio e sim combate!
E assim foi. Às 22h55min do dia 22 de novembro explodiu a insurreição a bordo do encouraçado Minas Gerais. O Comandante João Batista das Neves e dois oficiais que resistiram foram mortos, os demais aprisionados. Pouco depois, a guarnição do São Paulo também se sublevou e forçou os oficiais a abandonarem o navio. Não houve mortes. Mas, no cruzador Bahia, a luta também cobrou vítimas. Às 22h50, quando o Minas Gerais disparou um tiro de canhão para comunicar-se com os navios comprometidos com a rebelião, o São Paulo e o Bahia responderam. Pouco depois, o encouraçado Deodoro, mais antigo, também respondeu.
A revolta havia sido vitoriosa. Os rebeldes dominavam os navios mais poderosos e controlavam a baía da Guanabara, na capital da República. As tripulações dos navios menores haviam sido transferidas para esses quatro navios – onde tremulava a bandeira vermelha – para fortalecer a sua capacidade de combate. As baterias de terra e os poucos navios fiéis ao governo permaneciam silenciosos diante do poderio esmagador da frota insurreta. O Rio de Janeiro estava à mercê dos rebeldes. A esquadra rebelada manobrava – dirigida por João Cândido e seus marinheiros – com grande habilidade, sem qualquer oficial a bordo.
Surpreendido pelos acontecimentos, o Presidente Hermes da Fonseca retornou ao Palácio do Catete, tomando conhecimento da primeira mensagem dos rebeldes: “Não queremos a volta da chibata. Isso pedimos ao Presidente da República, ao Ministro da Marinha. Queremos resposta já e já. Caso não tenhamos, bombardearemos cidade e navios que não se revoltarem.” Sem meios para resistir à revolta, Hermes da Fonseca não sabia o que fazer.
O Senador Pinheiro Machado, homem forte do governo, enviou o deputado Federal pelo Rio Grande do Sul – Comandante retirado José Carlos de Carvalho – para parlamentar com os marujos. Ao voltar de sua missão, Carvalho prestou um depoimento ao Congresso que estarreceu a nação, mostrando o barbarismo com que os marinheiros eram tratados.
Em suas proclamações, os revoltosos deixam claro o motivo central da luta: “Por isto, pedimos a V.Excia. abolir o castigo da chibata e os demais bárbaros castigos pelo direito de nossa liberdade, a fim de que a Marinha Brasileira seja uma Armada de cidadãos e não uma fazenda de escravos que só têm dos seus senhores o direito de serem chicoteados.
Nesse contexto, coube ao Senador Rui Barbosa apresentar um projeto de anistia aos insurretos, à qual se somariam o compromisso do fim do castigo da chibata e a melhoria das condições de trabalho na Marinha. Depois de um intenso debate – onde alguns parlamentares questionaram sua concessão antes que os rebeldes depusessem as armas – a anistia foi aprovada com rapidez, tanto no Senado como na Câmara dos Deputados. Concluída a votação da anistia e anunciado pelo Governo o fim dos castigos físicos na Marinha, no dia 26 de novembro a bandeira vermelha foi arriada dos navios e os mesmos foram entregues em perfeita ordem aos novos comandantes.
A anistia traída e a vingança contra os revoltosos
Ainda não havia secado a tinta com que havia sido assinada a anistia e já as oligarquias dominantes começaram a tramar a repressão aos anistiados. No mesmo dia 26, o Comandante do cruzador Bahia enviou correspondência indicando 10 nomes que deveriam ser expulsos da Marinha. No dia 27, os canhões dos navios foram desativados e as munições desembarcadas. No dia 28 o decreto nº 8.400 autorizou a expulsão da Marinha de qualquer marinheiro “cuja permanência se tornar inconveniente à disciplina”.
Mas o pior ainda estava por vir. No dia 9 de dezembro, depois de ampla difusão do boato de que o exército invadiria os navios e as bases navais para massacrar os marinheiros, teve início uma revolta no Batalhão Naval da ilha das Cobras e no cruzador ligeiro Rio Grande do Sul, sem a participação de João Cândido e seus seguidores. Isolados, os revoltosos foram dizimados, apesar de hastearem a bandeira branca. Em seguida, o governo se valeu do acontecido para obter a aprovação do Estado de Sítio e deflagrar a repressão aos anistiados.
Na noite de Natal, mais de uma centena de marinheiros foi jogada no cargueiro Satélite, do Lóide Brasileiro, com destino a Santo Antônio da Madeira e Linha Telegráfica, na Amazônia. No caminho, muitos foram fuzilados. Os demais, ao chegarem na Amazônia, foram sendo entregues, ao longo do rio, a seringueiros que necessitavam de mão-de-obra. A maioria acabou morrendo de doenças tropicais ou na semi-escravidão. Referindo-se a esses fatos, Edmar Morel – o escritor que descobriu João Cândido no fim de sua vida e o livro A revolta da Chibata – denuncia: “Ganhei o original de um documento inédito. O relatório do comandante Carlos Storryu, do Satélite, cargueiro em que foram fuzilados diversos marinheiros anistiados, alguns com os pés e mãos algemados.
No início de 1911, outros 2.000 marinheiros foram expulsos da Marinha.
João Cândido e outros 17 líderes – mesmo não tendo qualquer envolvimento com essa segunda revolta – foram encerrados em uma masmorra sem ventilação e asfixiados com cal viva, lançada sobre eles. Dezesseis morreram, só João Cândido e “Pau de Lira” sobreviveram. Alquebrado, João Cândido foi internado no Hospital de Alienados e dado como louco.
Analisando essa traição, Evaristo de Moraes Filho, no prefácio à terceira edição de A Revolta da Chibata, afirma: “A verdade é que a anistia que fora concedida pelo governo num momento de pânico e de medo, nunca chegou realmente a ser aplicada. Refeito do susto, o governo prendeu, deportou, massacrou os participantes da revolta, com requintes de barbaridade e de vingança tardia.
Perseguido até a morte
Quando recebeu alta do Hospital de Alienados, João Cândido foi novamente encerrado em uma prisão, onde permaneceu por 18 meses aguardando julgamento. Sem recursos para contratar um advogado, foi defendido por Evaristo de Moraes, contratado pela Irmandade da Igreja Nossa Senhora do Rosário, o qual se negou a receber qualquer remuneração pelo seu trabalho. Só em 1912, João Cândido foi julgado e absolvido. Tão logo saiu da prisão, com os pulmões tomados pela tuberculose, foi expulso da Marinha.
Desempregado e com a saúde abalada, buscou algum trabalho para sobreviver. Inicialmente, tentou emprego no Lóide Brasileiro, mas nada conseguiu. Na Costeira, a resposta também foi negativa. Depois de muito caminhar, conseguiu trabalho no patacho Antonico. Mas pouco tempo depois foi demitido por pressão da Marinha. Conseguiu emprego no barco Ramona, depois no Ana, mas sempre acabava demitido. Vítima permanente de perseguição, o “Almirante Negro” – que conseguira a proeza de manobrar com maestria as mais modernas e poderosas belonaves – teve de desistir de ser marinheiro. Foi convidado para trabalhar como “tira”, mas recusou com altivez. Preferiu sobreviver vendendo peixe no cais do porto.
Alguns anos depois, foi descoberto pelo escritor comunista Edmar Morel, que, com base em longas conversas com ele, foi o primeiro a relatar a epopéia dos marinheiros rebelados em seu livro A Revolta da Chibata, publicado em 1963. Não por acaso, Edmar Morel será punido com a dispensa compulsória e a cassação de seus direitos políticos pelo golpe de 1964.
Durante o Governo Goulart, João Cândido recebeu uma humilde pensão, mas esta lhe foi retirada pela ditadura militar. O “Almirante Negro” veio a falecer em 1969, aos 89 anos de idade, em situação de penúria
Em 24 de julho de 2008, o Presidente Lula sancionou a Lei 11.756/08, concedendo a anistia póstuma a João Cândido Felisberto e a seus companheiros de rebelião. E, em 20 de novembro de 2008, o “Almirante Negro” teve a sua estátua inaugurada na Praça Quinze, no Rio de Janeiro, com a presença de Luís Inácio Lula da Silva.
Ainda que ignorado pela maioria dos historiadores oficiais, a sua luta mudou o Brasil e fez com que nunca mais qualquer marinheiro brasileiro sofresse a infâmia da chibata. João Cândido Felisberto viverá para todo o sempre na memória do povo brasileiro e seu exemplo germinará nas novas gerações de combatentes pela Liberdade e pelo Socialismo!

Raul Carrion - 22.11.2015

REPENSAR A DIETA É UMA QUESTÃO DE PRESERVAÇÃO DA VIDA!!

Pra quem acha que só Deus mata, vai a dica, ACORDEM!!

Excelente vídeo do Instituto ALANA (assista também AQUI)

VEJA O ESTUDO QUE PROVA QUE, OS DITOS, "SIMPLES" HABITOS ALIMENTTARES PODEM CAUSAR UMA MORTE LENTA PROGRESSIVA E EXPONENCIAL DA POPULAÇÃO, TUDO PELO LUCRO DA INDÚSTRIAS ALIMENTÍCIAS, E SAIBA TAMBÉM QUE O PILAR DOS MALEFÍCIOS A SAÚDE SÃO AS DROGAS REFINADAS MAIS ANTIGAS DO MUNDO (CAFÉ E AÇUCAR)!!


RESUMO Este estudo teve como objetivo indicar os principais agentes mutagênicos e carcinogênicos aos quais o homem pode estar exposto, a fim de alertar a população para a prevenção de sua saúde. Trata-se de artigo de revisão bibliográfica. O homem está exposto, no seu dia a dia, a inúmeras substâncias biológicas, físicas e químicas, sintéticas ou naturais. Algumas dessas substâncias podem causar alterações no material genético (DNA), resultando em mutações. A ingestão de alimentos é uma das principais vias de exposição do homem a diferentes compostos mutagênicos/carcinogênicos, visto que uma mistura complexa de agentes químicos é encontrada em sua dieta. Além da alimentação, outros fatores de risco podem resultar em mutações e/ou câncer, ligados ao estilo de vida, como o hábito de fumar, ingestão de bebidas alcoólicas, a exposição ocupacional a agentes químicos, como os medicamentos, e aos físicos, como a radiação solar. Neste sentido, conhecer os possíveis agentes mutagênicos/carcinogênicos aos quais o homem está exposto diariamente pode ajudar a alertar a população para uma mudança dos hábitos de vida e de comportamento.

Veja trabalho completo AQUI.


REPENSAR É VIVER COM QUALIDADE!

quinta-feira, 14 de maio de 2015

APOIO A EDUCAÇÃO POPULAR!! É NÓIS!! DEVO MUITO AO CURSINHO HERBERT DE SOUZA!!!

BETINHO RESISTE! l Sobre os recentes acontecimentos no Cursinho Alternativo Herbert de Souza
Resistir e como renovar um grafiti desgastado, só que deixando-o mais forte!!
Na terça-feira, dia 05 de maio, o Cursinho Alternativo Herbert de Souza foi alvo de um assalto, onde nossos alunos e professores tiveram seus pertences pessoais roubados – além do susto que passamos. Temos consciência de que isso não foi um caso isolado de violência na Vila União nos últimos tempos.  
Sabemos do arrastão que houve na escola Valentina Figueiredo, dos assaltos frequentes das pessoas a caminho do terminal, e vários ataques aos comerciantes da região. Os níveis de violência e o medo que isso nos gera são muito grandes – nos sentimos desamparados pelo poder público.
Sabemos também, no entanto, que o problema da violência está longe de ser resolvido apenas com mais policiamento. Atualmente estamos passando por diversas transformações na nossa sociedade que atingem principalmente os espaços públicos. Por exemplo, como reflexo disso podemos notar que a rua onde estamos localizados está cada vez mais deserta e o espaço da associação que antes era frequentemente ocupado e revitalizado hoje se encontra praticamente abandonado.
Essas transformações parecem procurar esvaziar cada vez mais nossos espaços de convivência social nos gerando sempre o medo e a pressa em ir embora para nossas casas, supostamente nosso único lugar seguro. Elas transformam lugares que seriam de encontro, atividades artísticas, físicas e culturais de toda a comunidade em locais abandonados, prontos para serem vendidos e transformados em lugares muitas vezes inacessíveis para uma grande parte da população: um shopping onde tudo é caro, um centro comercial, um condomínio fechado, um centro de negócios...
O Cursinho Herbert de Souza faz parte da Vila União há 17 anos. É um cursinho sem fins lucrativos que busca ajudar os jovens e as jovens a entrarem em boas universidades públicas, promover discussões e conscientização e transformar a realidade ao nosso redor. Acreditamos na força da educação popular e no papel que a população da periferia pode desempenhar dentro das universidades na luta pela democratização da educação e pelo acesso de todos e todas às universidades do nosso país.
Por isso, manifestamos nossa tristeza e indignação com esse episódio em nosso cursinho e fazemos um apelo à população da Vila União para que venham conhecer nosso espaço, nossas aulas, nossas oficinas aos finais de semana, nossos coordenadores e coordenadoras, professores e professoras. Fazemos um chamado à toda população da Vila para que, junto com a gente, seja possível construir uma discussão sobre a violência, buscando soluções coletivamente – e que se somem ao cursinho de alguma forma, permitindo que ele continue existindo!
Estamos tomando soluções para melhorar a segurança do projeto, como cobrar mais vigilância no entorno, melhorar a iluminação e restringir o acesso ao cursinho. Porém queremos mais que isso, queremos que espaço continue funcionando, e que continue vivo. Já havíamos planejado um Festival de Arte no cursinho para integrar alunas e alunos, docentes e comunidade. É importante que o choque que o ocorrido causou não abale nossas atividades e nosso potencial de mobilização, por isso decidimos por manter a atividade, e agitá-la ainda mais, para mantermos um cursinho que resiste!
Por isso fazemos um chamado a todos e a todas para o Festival de Arte do Cursinho Alternativo Herbert de Souza, no sábado, dia 23/05, no próprio projeto. Vários coletivos estarão no cursinho para dar oficinas e fazer apresentações! Também estamos com o espaço aberto para quem quiser fazer intervenções!
Extraído do site da Radio Muda

RELATO
Sou Ex-aluno, Ex-secretário, Ex-Professor, Ex-Maloca, mas sou eternamente apaixonado e grato por esse maravilhoso loca, por me proporcionar momentos inesquecíveis, amig@s fraternos e eternos, conhecimentos e debates, e o melhor de tudo uma companheira maravilhosa e uma filha adorável. Valeu Herbert, tamo junto!!!
Moacir

NOTA DE PÊSAMES

Nessa terça-feira (12/05/15), faleceu um morador da Vila União, vítima de latrocínio, e que coincidência era pai de uma de minha aluna, expresso aqui meu sincero pesar por essa perda brutal e inestimável.

Moacir

segunda-feira, 4 de maio de 2015

COMO FAZER UM EXCELENTE TRABALHO BIMESTRAL 9º e 8º (2º Bimestre 2015)

1ª Dica: Clique AQUI (Faça seu rascunho todo digitado no word, assim ele vai fazendo as correções básicas de ortografia, a gramática é com vocês mesmos), sugestão para elaborar a redação:



2ª Dica: Locais de pesquisa.

1 - Racionamento de energia*:

*A questão sobre "a quem serve?", está relacionada a reflexão, se nós consumidores racionarmos (seja água ou energia elétrica), quem serão os beneficiados com isso, a priori somos nós mesmos, mas temos responsáveis por garantir o abastecimento (União, Estados e Municípios), nesse sentido está ocorrendo a transferência de responsabilidade, pois quem acaba pagando (caro) e minimizando a crise são os consumidores (pessoa física), já as empresas (pessoa jurídica) que deveria mais contribuir não se move, o argumento é de que irá gerar desemprego se a produção baixar (clique AQUI para ler uma matéria sobre o consumo de água que esta ligado a geração de energia). Com essa e as informações que você pesquisar, creio que já dá uma boa discussão para desenvolver nesse tópico, "a quem serve?".

2 - Crise de energia:


3 - Impacto da geração de energia nuclear e termoelétrica
4 – Horário de Verão: economia ou engodo (qualquer artifício utilizado para atrair alguém)?


5 - Anexos (uma figura impressa e um desenho);

  • escolher figuras e imagens da temática, charges e outros que fazem referência crítica ou não crítica;
  • Não esquecer de colocar legenda nas imagens;


6 – Conclusão;
  • Onde se expõe o fechamento das idéias do estudo e onde são apresentados os resultados da pesquisa e, partindo da análise destes resultados, tiram-se as conclusões e, se for necessário, as sugestões relativas ao estudo;
  • Não tenha medo de escrever, mas para expor sua opinião, antes você deve ter pesquisado e feito, de fato, as leituras na pesquisa.
7 – Bibliografia;
EXEMPLO DE REFERÊNCIA:

Para Livro:
ÚLTIMO SOBRENOME, Prenome(s). Título da Obra. Cidade: Editora, ano.
Exemplo:
BAGNO, Marcos. A língua de Eulália. São Paulo: Contexto, 1997.

Para artigo de Revista:
GUIMARÃES, João L. A oficina do sabor. Superinteressante. São Paulo, ano 9, n. 12, dez. 1997, p. 34-49.
Exemplo de reportagem de jornal:

NAVES, P. Lagos andinos dão banho de beleza. Folha de São Paulo.
São Paulo, 28 jun. 1999. Folha Turismo, Caderno 8, p. 13.

Obs.: Quando não aparece o nome do autor da obra, entra-se pelo título, ou pelo nome do jornal ou revista.
Exemplo de e-mail:
ACCIOLY, F. Publicação eletrônica [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por<mtmendes@uol.com.br> em 26 de jan. 2001.

Exemplo de artigo de revista na Internet:
SILVA, M.M.L. Crimes da era digital. Net, Rio de Janeiro, nov.1998.
Seção Ponto de Vista. Disponível em:<http://.brasilnet.com.br/contexts/brasilrevistas.htm>. Aceso em: 28 jul. 2002.

Exemplo de fita de vídeo:
AZEVEDO, Maria Izabel (Coord.) Os perigos do uso de tóxicos. Produção de Jorge Ramos de Andrade. São Paulo: CERAVI, 1995. 1 fita de vídeo (30 min.), VHS, son., color.




LEIAM, REFLITAM E TIREM 10!!!!!